A Operação Acolhida é um exemplo paradigmático de cooperação interinstitucional, evidenciando a capacidade do Estado brasileiro de responder a desafios humanitários em larga escala. Desde 2018, ela atua como resposta coordenada à crise migratória de venezuelanos que ingressam no Brasil em busca de condições dignas de vida. Com base nos princípios da solidariedade, do respeito aos direitos humanos, da eficiência e com base nos valores humanitários da humildade, da educação, do senso de justiça, da honestidade, da empatia e do amor, a Operação é um esforço conjunto que envolve as Forças Armadas, agências governamentais, organizações internacionais e a sociedade civil.
Integração como alicerce do sucesso
O Exército Brasileiro desempenha um papel coadjuvante na Operação Acolhida, como parte da Força-Tarefa Logística Humanitária (FT Log Hum). Ao lado da Marinha do Brasil e da Força Aérea Brasileira, contribui para a infraestrutura dos abrigos, coordenação logística e segurança, garantindo suporte operacional às agências humanitárias. Essa integração é a chave para o êxito do programa, pois permite unir recursos, capacidades técnicas e conhecimentos de diversos atores, maximizando os resultados em um ambiente complexo e desafiador.
Apesar da magnitude de sua contribuição, o Exército não atua isoladamente. Órgãos governamentais, como o Ministério da Cidadania e a Polícia Federal, desempenham funções essenciais na integração dos migrantes e no controle de fronteiras. Já as agências da ONU, como o ACNUR e a OIM, fornecem diversos tipos de suporte, enquanto voluntários locais complementam os esforços, oferecendo seus serviços e assistência social.
Coordenação e eficiência
A Operação Acolhida é estruturada em três eixos: ordenamento da fronteira, acolhimento e integração. Cada um deles é sustentado pela colaboração interinstitucional, onde o Exército, a Marinha e a Aeronáutica assumem funções específicas, mas interdependentes. A experiência das Forças Armadas na gestão de crises e no emprego de recursos em situações adversas é um fator crítico, sobretudo no cenário de Roraima, com infraestrutura limitada e alta pressão migratória.
No eixo de abrigamento, por exemplo, o Exército, Força Aérea e Marinha trabalham em parceria com organizações locais e internacionais para garantir espaços seguros e adequados aos migrantes. Simultaneamente, a Força Tarefa contribui para a interiorização, transportando famílias para outros estados e da mesma maneira opera no apoio logístico.
A liderança conjunta e a sinergia entre as instituições têm permitido resultados expressivos. De abril de 2018 a outubro de 2024, 144.336 mil migrantes foram integrados para um total de 1068 municípios brasileiros, destacando Curitiba, Chapecó, São Paulo, Manaus e Dourados como os municípios que mais receberam venezuelanos, nessa ordem, assim, promovendo a inclusão social e econômica. Essa integração é reflexo de um planejamento estratégico eficiente e de um esforço coletivo, no qual o Exército Brasileiro divide o protagonismo com todos os parceiros envolvidos.
Conclusão
A Operação Acolhida reflete o espírito solidário do Brasil e a eficácia de uma abordagem interinstitucional. A atuação das Forças Armadas, em conjunto com as demais entidades participantes, é uma demonstração de como a integração de esforços pode responder aos desafios humanitários com eficácia e humanidade. Ao se posicionar como coautor desse esforço monumental, o Exército Brasileiro reafirma seu compromisso com os valores constitucionais e com a cooperação, destacando-se não pela busca de protagonismo, mas pelo impacto positivo de sua ação.
Operação Acolhida: "A força de um Exército não está apenas nas armas, mas na capacidade de cuidar e acolher". 2º Ten Hildemar
Referências
ACNUR Brasil. Operação Acolhida: Resposta à crise humanitária dos refugiados e migrantes venezuelanos no Brasil. Disponível em: www.acnur.org. Acesso em: novembro de 2024.
Ministério da Defesa. Relatórios Operacionais da Operação Acolhida. Disponível em: www.defesa.gov.br. Acesso em: novembro de 2024.
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