Vencendo o inimigo pelo coração

Autor: Coronel R1 Swami de Holanda Fontes

Segunda, 10 Dezembro 2018
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“Vencendo o inimigo pelo coração” é uma frase de efeito, uma metáfora e significa que, para se conquistar um objetivo, deve-se agir nos sentimentos, em especial, nas necessidades das pessoas. Se a leitura do texto foi iniciada por causa do título, é porque a curiosidade do leitor foi instigada, uma característica humana. Esse é um artifício empregado para explicar como a propaganda deve ser planejada e executada.

Para ganhar uma guerra, é preciso vencê-la inicialmente em casa. Exemplo: é possível que os EUA tenham perdido a guerra do Vietnã em seu próprio território, no momento em que os americanos deixaram de apoiar a ida de seus filhos para uma luta que não seria deles. Nesse caso, a propaganda dentro de casa a favor da guerra foi inadequada. O mesmo raciocínio pode ser empregado na venda de um produto ou numa campanha eleitoral. Primeiramente, conquista-se o consumidor ou o eleitor de forma afetiva. Só assim obter-se-á êxito.

Para a condução da opinião pública a uma finalidade desejada, algumas considerações devem ser feitas. A propaganda é um meio para atingir um fim, devendo ser trabalhada com habilidade, pois sua aplicação é uma arte que, se bem conduzida, produz resultados satisfatórios.

Caríssimo leitor, a partir de agora, antes de repudiar as ideias aqui escritas, tenha paciência e leia o artigo até o final. Não condene precipitadamente o que vem a seguir.

Para montar uma campanha comunicacional, é necessário profundo conhecimento da natureza humana. O planejador deve, em primeiro lugar, conhecer a psicologia popular e ser capaz de comunicar uma ideia à população.

A quem deve ser dirigida a propaganda? Aos intelectuais ou ao povo? Resposta direta: ao povo, pois a propaganda deve chamar atenção sobre fatos e necessidades, e não ensinar aos eruditos. Deve ser dirigida ao sentimento e só muito condicionalmente à chamada “razão”. O sucesso será inversamente proporcional à mensagem de conteúdo culto. O povo tem a capacidade de compreensão limitada e esquece as coisas facilmente, por isso, a propaganda deve se restringir a poucos pontos. Em suma, a grande massa é desconhecedora da realidade.

O povo não tem condições, por exemplo, de perceber a diferença entre o final da injustiça alheia e o início da sua própria justiça. A massa é de natureza feminina, deixando-se guiar, no seu modo de pensar e agir, mais pelo sentimento do que pelo racionalismo, pela razão. Esses sentimentos são simples; ou são positivos, ou são negativos, nunca havendo meio termo: ou é amor, ou é ódio; ou justiça, ou injustiça; ou verdade, ou mentira.

Para que a memória entre em funcionamento com o propósito de influir na população, sempre propensa a extremos, uma mentira, com pouca informação, deve ser repetida constantemente. Qualquer nova divagação em uma mensagem não deve jamais modificar o sentido do fim almejado pela propaganda, que deverá acabar sempre ratificando a mesma coisa. Quanto mais forte e inovadora for uma ideia, mais eficiente devem ser os seus defensores.

As ideias acima são, nada mais, nada menos, de Adolf Hitler, o homem que levou o mundo à guerra e milhões à morte. Não há pretensão de julgar os pensamentos dele sobre a propaganda ou as massas, mas de levantar como era sua visão e como considerava essa importante ferramenta na condução da população para se atingir um objetivo.

Observador atencioso da política e perspicaz no dia a dia, Hitler logo percebeu a importância da propaganda e, assim, tratou de materializar seus pensamentos para a posteridade no livro Mein Kampf  (“Minha Luta”). Organizado em dois volumes, o primeiro foi escrito em 1925, ano em que o autor estava preso; e o segundo, em 1926, quando já estava solto.

Na obra, Hitler expôs suas ideias antissemitas, racistas e nacional-socialistas adotadas pelo partido nazista. Dividido em capítulos, a “bíblia nazista” destaca duas partes interessantes para a comunicação social: “A propaganda da guerra”; e “Propaganda e organização”. Em ambas, explica erros e acertos da propaganda na Alemanha e em outros países; mostra a importância do assunto e como deve ser explorado para se obter os resultados desejados.

Hitler não foi inédito nesse pensamento sobre as necessidades humanas. Na Roma Antiga, durante a política do “pão e circo”, conhecida pelo lazer e comida fornecidos à população, os líderes romanos “administravam” as massas para mantê-las fiéis à ordem estabelecida e conquistar apoio.

Percebe-se que, para se alcançar um propósito, as massas são conduzidas pelos que detêm o poder. A inteligência trabalha para levantar as necessidades e a psicologia humana é aplicada na sociedade, sendo essa a importância do “propagandista”. Pode-se dizer que esses segmentos – a inteligência e as operações psicológicas – são vitais para a produção de uma campanha de comunicação. A fase seguinte, que seria a divulgação, está intrinsecamente ligada aos meios disponíveis. Na atualidade, a velocidade da informação, a mobilidade e a popularização do acesso às ferramentas de comunicação fazem o resto.

Tudo indica que os pensamentos de Hitler estão sendo empregados diariamente em várias situações, pois a psicologia humana não se modifica em tão pouco tempo. Isso é nitidamente notado quando vemos as promessas em campanhas políticas. Normalmente, candidatos asseguram atender às necessidades da população, pois consideram que seus alvos não possuem acesso à informação, não são esclarecidos e têm memória curta. Alguém lembra em qual candidato votou nas eleições de 2014 e 2016?

Por fim, se o leitor leu este texto até aqui, é porque se enquadra num pequeno percentual da população descrito por Hitler. De acordo com ele, apenas mínima parcela tem capacidade de absorver mais de uma informação por vez e de receber informações complexas, o que se chamaria “elite intelectual”. Assim, o senhor ou a senhora teria esse perfil.

Para reflexão: o pensamento de Adolf Hitler sobre as massas estava correto? O leitor ou a leitora lembra-se do país que sediou a penúltima Copa do Mundo e os últimos Jogos Olímpicos? Há algo novo na condução da nossa sociedade?

A mensagem foi dada. Obrigado pela paciência!

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Geral Defesa

Comentarios

Comentarios
Prezado Fontes! Renovo minha opinião sobre essa excelente abordagem! Atenção especial pela relação que guarda com os conflitos de 4a geração! Bem pertinente! Leitura recomendada! Cel Bittencourt
Aplausos para a equipe de comunicação e ao EB se posiciona cada vez mais de maneira sábia na era digital ... Selva!! GS 893 COSAC
Mais um excelente texto do autor. Parabéns!!!!
Muito bom o artigo.Os temas que tratam sobre psicologia, emoção e inteligência são importantes para uma boa estratégia de como atingir o objetivo com o público alvo. Excelente abordagem!
As redes sociais são uma importante ferramenta para Comunicação Social e Operações. É uma "novidade" sem volta e cada vez mais abrangente.
Se o texto admite resposta, então vamos nessa. O conceito de massas humanas de manobra sempre foi e será o mesmo, o povo em sua maioria desprovido de conhecimento básico facilita as coisas. Hitler não inventou nada a história é testemunha ocular dos fatos. Aqueles 1x7 que deixou uma mancha de vergonha nacional em todos os aspectos e os superfaturamentos que deixaram a cidade maravilhosa em estado de penúria e políticos hoje encarcerados, já dizem por si só qual foi o país sede desses dois eventos danosos. Hoje com o advento da internet e das redes sociais a condução da sociedade será mais contundente seja para as “fakes” ou “true news”. A condição de se deixar ser manobrado ou não depende de cada um. Na primeira guerra mundial na visão de uns, Hitler era um soldado que tinha importância secundária no campo de batalha e era ridicularizado por companheiros de batalhão. Para outros, um rapaz tão corajoso e abnegado que acabou recebendo mais de uma condecoração por bravura. Já na segunda guerra mundial esse mesmo soldado reaparece com uma condição natural ou sobrenatural daquilo que um famoso filósofo grego já havia se pronunciado: a coragem. “A coragem é a primeira das qualidades humanas porque garante todas as outras”. (Aristóteles)
Bem que eu gostaria que esse comentário fosse lido por alguém de bom coração e bem próximo do eleito e já diplomado senhor presidente da república. Só se vence o inimigo pelo coração quando o desafeto tem esse importante órgão do corpo humano. Alertas várias já foram dadas ao senhor presidente, agora chegou o momento dele se revestir de toda proteção presidencial para o seu próprio bem e dos milhões de votos nele depositados. Talvez seja a última chance da nossa bandeira voltar a tremular altiva e soberana em terras de Santa Cruz. Fracasso é palavra proibida de agora para frente. O inimigo perdedor não joga o jogo da civilidade e lealdade. Mesmo com pronúncia aproximada, o nome do candidato perdedor, nem de perto se assemelha com a virtuosa palavra lealdade. Senhor J. Messias vossa excelência carrega em seus ombros simbolicamente nesse momento, algo que se assemelha àquilo que o nosso senhor Jesus Messias carregou para nos salvar. Toda esperança que o povo de bem alcança agora está em suas mãos. A força do nome do excelentíssimo senhor presidente traduz com fidelidade a sua personalidade que se revela aos olhos daqueles de sensibilidade diferenciada e bom coração. O novo canal de comunicação para condução de propostas de massificação irracional, já entrou no ar e para espanto geral, desqualificando o futuro presidente de fato e de direito e exaltando e afirmando que o povo quer o ex-presidente apenado e aprisionado no mais alto posto da nossa república. Chegou a hora do juízo final. Os maus perdedores têm de se colocar em seus devidos lugares e nem se deve dar importância aos tantos outros que porventura virarem-se de costas para a execução do nosso glorioso hino nacional no dia primeiro de janeiro. Somos mais fortes, somos BRASIL! https://www.youtube.com/watch?v=At5Lh_2kqH0

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