Na década de 1960, Marshall McLuhan, teórico da comunicação e visionário da internet, cunhou a expressão “nós moldamos nossas ferramentas e nossas ferramentas nos moldam”. Naquele momento, o filósofo e pioneiro de estudos culturais não fazia ideia da influência das mídias sociais para a comunicação na era da informação. Se McLuhan estivesse entre nós, poderia verificar que duas de suas definições se concretizaram: que a “aldeia global1” realmente está conectada pelo “meio que é a mensagem”.
Mais de meio século depois, a web 2.02 tornou-se realidade. Sua ação transformadora, por meio de intervenção direta ou indireta no cotidiano social, provoca mudanças em todos os segmentos da sociedade, influenciando nas decisões políticas, econômicas e comportamentais ao redor do planeta. Atualmente, o simples ato de apertar o botão “publicar” pode transformar um desconhecido em uma celebridade em questão de minutos; levar a reputação de uma empresa, construída por anos, a cair em descrédito, mergulhando-a em uma crise digital; ou até pior, gerar guerras entre nações.
Nesse sentido, as mídias sociais digitais são plataformas transformadoras que, no início do século XXI, ganharam protagonismo na comunicação mundial. Em 14 de janeiro de 2005, três jovens do Vale do Silício criaram uma plataforma para facilitar o compartilhamento de vídeos entre amigos. Um ano depois, o sucesso desse website atraiu a atenção do maior site de buscas da internet e, em 2006, o Google adquiriu o YouTube. Com dezesseis anos de estrada, a maior plataforma de conteúdo de áudio e vídeo do planeta acumula números impressionantes: 1,3 bilhão de usuários, 4,5 bilhões de vídeos vistos diariamente e 300 horas de vídeos sendo carregados por minuto. O site de conteúdo audiovisual e relacionamento social digital carrega o título de segundo maior motor de buscas da internet.
Sendo possuidor de um conteúdo, normalmente, rico e bem elaborado, o YouTube se diferencia de outras mídias sociais (Facebook, Instagram, Twitter e Snapchat) como uma plataforma em que a audiência busca conteúdo de forma intencional, sabendo ao que deseja assistir ao entrar no site. Inúmeras empresas, de diversos segmentos, vêm aumentando o investimento de marketing na gestão de conteúdo de seus canais na plataforma de vídeos, para falar sobre o universo da marca, usando a linguagem e a estratégia próprias do universo do YouTube e aproximando as instituições do consumidor final.
No Brasil, segundo a pesquisa “We are social” (janeiro 2021), 70,4% da população está conectada à internet e somos 150 milhões de usuários de mídias sociais. Dentre esses brasileiros conectados, 96,4% dos usuários entre 16 e 64 anos declaram o YouTube como principal plataforma de mídia social. Essa audiência não só assiste a vídeos (98,8%) e Vlogs3 (44,7%), mas também ouve música (78,5%), estações de rádio (45%) e podcasts4 (44,4%).
Nesse contexto, desde 27 de janeiro de 2009, o Exército Brasileiro opera o seu canal no YouTube. Com treze anos de estrada, nosso canal produziu mais de 2.000 vídeos com conteúdo variado. Por meio das agências do Sistema de Comunicação Social do Exército (SISCOMSEx) e com o objetivo de informar a população brasileira sobre as atividades da Força, o Exército veicula um conteúdo jornalístico e publicitário em seu canal. Ao longo dessa jornada no ciberespaço, o canal do YouTube é um dos grandes responsáveis por trazer o capital social da Instituição para o ambiente digital. A linha editorial praticada prioriza temas voltados para os valores, as raízes e as tradições mais caras ao soldado de Caxias, apresenta as entregas da Instituição e cultiva a aproximação do Exército Brasileiro com a sociedade. Assim, chegamos à marca de 1.000.000 de seguidores no dia 6 de março deste ano.
A pluralidade das ações do Braço Forte e da Mão Amiga demonstrada em nossos vídeos no YouTube angariou muitas curtidas, um expressivo alcance e fiéis seguidores, que nos posicionam entre os maiores canais de Força Armada do mundo. O Golden Play Button (Botão de Ouro em português), para canais com 1 milhão de inscritos, é um marco importante para qualquer canal, e não poderia ser diferente para o Canal do Exército Brasileiro. Para se ter ideia do tamanho do Canal do Exército Brasileiro, basta compará-lo aos canais de Forças Armadas de outros países. Os Estados Unidos da América, por exemplo, tem cerca de 223 mil seguidores; a Argentina, 121 mil seguidores; o Chile, 53,8 mil seguidores; e a Colômbia, 116 mil seguidores. No cenário nacional, somos o quarto maior canal entre as instituições de governo, perdendo apenas para o Governo de São Paulo, o Ministério da Saúde e o Governo Federal.
Em meio ao complexo cenário que caracteriza a dimensão informacional, o Exército Brasileiro tem seu canal no YouTube como uma valiosa e importante ferramenta a ser trabalhada, considerando a relevância da plataforma no emprego das mídias digitais, tanto na vertente institucional quanto no âmbito operacional da comunicação estratégica. Com o objetivo de potencializar a comunicação estratégica, fortalecendo o espírito de corpo do público interno e vislumbrando aprimorar o contato com os diversos atores e a opinião pública, o CCOMSEx, como órgão central do sistema de comunicação social, implementou a renovação do Canal do Exército Brasileiro em 2020. A fim de implementar uma nova visão e transformar a linguagem dos vídeos, foi mudado o “tom de voz” da persona do Exército Brasileiro na plataforma com a introdução de uma linguagem mais informal na roteirização do conteúdo veiculado. A partir desse pilar, o Exército criou vários outros produtos, que serviram para dar uma nova roupagem ao canal com um conjunto de ações que trouxe a audiência para mais próximo da Instituição. Notadamente passamos a observar que seguidores ou não seguidores que assistiam ao conteúdo do canal sentiram-se mais à vontade para colaborar com ideias, pedir ajuda e orientações pelos comentários, aprender mais sobre a Força, compartilhar nossos conteúdos e estabelecer contatos com áreas antes desconhecidas da população em geral.
Em 2021, pensando na integração do Sistema Verde-Oliva de Comunicação, o Canal do Exército Brasileiro no YouTube passou a se chamar TV Verde-Oliva, recebendo, além do novo nome, uma repaginação na distribuição de conteúdo e uma nova grade de programação, ampliando a integração com as agências do SISCOMSEx como produtoras de conteúdo relevante ao público. O conteúdo passou a ter uma linguagem jovial, típica da plataforma de mídia social, mais dinâmica e que atende às pesquisas da audiência sobre a Instituição. Nossos valores, nossas raízes, nossas tradições e a tecnologia dos novos projetos em andamento, sustentados pela “Força da nossa Força", estarão, em breve, somando esforços, para continuar preservando e fortalecendo a imagem da Força e difundindo a reputação do Exército de Caxias perante a sociedade brasileira e o mundo.
De fato, as mídias sociais trouxeram um novo olhar sobre o mundo, assim, torna-se fundamental que o agente de comunicação tenha na proatividade e na inovação os faróis norteadores para levar ao público um conteúdo relevante que atraia, engaje e converta. Essa é a proposta do CCOMSEx: aplicar à TV Verde-Oliva, o Canal do Exército Brasileiro no YouTube, uma nova roupagem.
Com mais de uma década de operação nas mídias sociais, está mais que consolidada a importância do nosso canal para a atuação da Instituição na dimensão informacional. O Exército Brasileiro tem histórias, informações, valores e ideias valiosos para serem compartilhados. Soma-se a isso a infinidade de razões pelas quais a população brasileira deve ter acesso a todas as atividades desempenhadas pelas organizações militares nos mais diversos rincões do País e do mundo e essa prática, além de preservar e fortalecer a imagem da Força, representa uma forma de prestação de contas ao contribuinte. Sendo assim, é essencial que comandantes de todos os escalões explorem as ferramentas disponíveis para maximizar o potencial de suas unidades, de seus subordinados e de si próprios para fortalecer o SISCOMSEx na veiculação de produtos que serão divulgados em todos os canais e perfis de mídia social do Exército, com atenção especial para a plataforma YouTube.
Atualmente, com a velocidade da internet, podemos atingir lugares antes inimagináveis com a mensagem da Força e nos tornamos virais5, desde que sejamos pró- ativos e estejamos atentos às constantes mudanças no campo das mídias sociais. Para tal, o CCOMSEx adota uma postura de vanguarda diante das possibilidades de trabalhar sempre com o pensamento da renovação estratégica da comunicação social.
1 Termo criado pelo filósofo Herbert Marshall McLuhan, tem o objetivo de indicar que as novas tecnologias eletrônicas tendem a encurtar distâncias, e o progresso tecnológico tende a reduzir todo o planeta à mesma situação que ocorre em uma aldeia: um mundo em que todos estariam, de certa forma, interligados. A expressão foi popularizada em sua obra “A Galáxia de Gutenberg” (1962).
2 Termo cunhado por Tim O’Reilly em 2003, que retrata a mudança do comportamento comunicacional mundial. Trata-se do ambiente de relacionamento social baseado na internet como plataforma facilitadora para a construção de uma inteligência coletiva.
3 Abreviação de videoblog (vídeo + blog), um tipo de blog em que os conteúdos predominantes são os vídeos.
4 Podcast é um arquivo digital de áudio transmitido através da internet, cujo conteúdo pode ser variado normalmente com o propósito de transmitir informações.
5 Viral é um termo que surgiu com o crescimento do número de usuários de blogs e redes sociais na internet. A palavra é utilizada para designar os conteúdos que acabam sendo divulgados por muitas pessoas e ganham repercussão (muitas vezes inesperada) na web
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