Serviço Militar: escola de cidadania e patriotismo

Autor: Major Eliézer da Silva Pessanha

Segunda, 11 Dezembro 2017
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Cidadania e patriotismo são valores particulares ao brasileiro. Enganam-se alguns quando imaginam que aquele é prevalente a este. Não é. Patriotismo consiste em sentimento voluntário, unilateral, de pertencimento. O brasileiro pertence ao Brasil. A cidadania, por seu turno, revela-se como exercício de direitos – muitos deles, assegurados na Constituição federal, Lei maior – e deveres civis, políticos e sociais. Cidadania não é sentimento voluntário, unilateral. É exercício de integração com uma sociedade politicamente organizada.

Nesse mister, o serviço militar traz consigo, desde a colonização, aspectos valorosos de cidadania e patriotismo. Já naquela época, revestia-se do caráter obrigatório de defesa das capitanias hereditárias – o "Regulamento de El Rei" determinava a colonos e proprietários de engenho a posse de armas. A historia é pródiga em fatos que demarcam o serviço militar como vetor de formação de cidadãos e patriotas. E, durante os anos, à prestação do serviço militar coube lugar de representação cívico-patriótica perene e profícua junto à sociedade civil brasileira.

Desse modo, importante atribuição possui a Diretoria de Serviço Militar, órgão técnico-normativo subordinado ao Departamento-Geral do Pessoal, que, desde 1906, encarrega-se de dirigir, orientar, coordenar e controlar as atividades ligadas ao serviço militar no âmbito do Exército, em todo o território nacional e no exterior. Instituição secular e estratégica, prossegue fiel às suas tradições no trato do serviço militar em todos os processos a ele vinculados. Possui, portanto, papel nobre e eivado de imenso valor.

No entanto, ainda que o exercício do serviço militar seja instrumento que mantém vivos os valores acima, hodiernamente, assistimos, a contra gosto, ao distanciamento das virtudes do serviço militar. Patriotismo deixou de ser valor e passou a ser irrelevante; cidadania possui nova roupagem. E isto nos alarma.

Ora, patriotas constroem valores honestos e importantes para o significado de Pátria. A Nação, no que lhe concerne, é forjada por eles, não havendo nenhum país que sobreviva sem patriotas. Decorre-se, então, que enfrentamos um perigoso processo de extinção dos sentimentos patrióticos e cívicos. Caminhamos para nos tornar um país desprovido de sentimentos nobres. Uma nação iconoclasta.

Como resultado, vê-se ausência de identidade nacional e valores morais. Com isso, gestores públicos e governantes já não se incumbem mais de transmitir à população o civismo, a moral, a cidadania e o patriotismo. Aliás, educação, moral e civismo – conceitos basilares de convivência em sociedade – desapareceram dos bancos escolares há anos. Em decorrência, observa-se uma funesta qualidade nos quadros dirigentes do País. Grassa, à testa destes, a ausência da história; a escassez de valores que não prestigia o verdadeiro conceito de Nação.

Mas, resiliente a tudo, prossegue o serviço militar, um múnus público, um dever do cidadão no tocante à noção de Pátria. Verdadeira escola formadora de cidadãos e patriotas. Centelha de esperança na concretude de uma sociedade que pugna pela certeza e convicção de que valores como cidadania e patriotismo são firmamentos de uma nação. E, de fato, o são, pois, segundo as palavras reluzentes de Olavo Bilac, patrono do Serviço Militar, "O Serviço Militar é o triunfo completo da democracia; o nivelamento das classes; a escola da ordem, da disciplina, da coesão; o laboratório da dignidade própria e do patriotismo."

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Comentarios

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Muito oportuno a enfática aplicada no texto. No meu tempo do serviço militar obrigatório, anos setenta, não havia distinção de classes sociais para a seleção. Todos eram vistos com a mesma visão e responsabilidade patriótica. Hoje é comum se dizer por aí que só filho de pobre serve ao exército, filho de papai não entra nessa, é constrangedor. Não há como não presumir que existem interesses antipatrióticos a serviço desse desestímulo cívico nacional. O Brasil está clamando pelo retorno da sua verdadeira identidade. Nossas cores verde, amarelo, branco e azul de anil, parecem tímidas e tristonhas nas mãos de governantes civis por vezes insensatos e descompromissados com o amor pátrio. Chega a ser patético: ultimamente só vemos nossas bandeiras exibidas em grandes números em épocas de copas do mundo. Aquele jargão ridículo: “a seleção é a pátria de chuteiras”, mostra claramente que só se pensa em coisas banais e se lembrarmos da última copa, onde milhões foram jogados fora e ao final aquele vexame inesquecível, ai meu Deus. Enquanto na caserna se observa de forma alarmante esse estado de coisas quanto ao distanciamento das virtudes do serviço militar, aqui fora do ambiente castrense, a maioria absoluta dos brasileiros enxerga de forma desalentadora esse crescimento do mal e a sociedade patriota de maior força política parecendo estar hipnotizada à espera do golpe fatal dessa serpente traiçoeira e venenosa mortal.
O serviço militar obrigatório teve sempre uma função formadora para a juventude brasileira. É na vida castrense que aquele rapaz tímido e introvertido desponta para a vida, aprendendo a desincumbir-se melhor de suas responsabilidades e a lidar com os outros. É na caserna, igualmente, que o jovem rebelde e indomável vê-se refreado o seu ímpeto tresloucado e irresponsável, sendo obrigado a sujeitar-se às duras regras da vida militar e a obedecer a quem legitimamente lhe ministre ordens. Aquele que se porta mal é corrigido com a devida dose e medida, preparando-se para o devir. O manejo das armas, a aprendizagem das tácticas de combate, a imposição da disciplina castrense, levam a que todo o cidadão esteja apto a servir a Pátria. Muito além disso tudo, o que se aprende na caserna serve de ajuda e norte magnético para elevados valores morais e éticos ao longo da vida. Serviço militar: tempo de enraizamento e profundidade da boa moral e da melhor ética.
Acho que é necessário reduzir o numero de recrutas. só assim vamos poder investir em armamentos, segundo este artigo: https://www.fatosmilitares.com/forcas-armadas-gastam-82-com-folha-de-pagamento/, as Forças Armadas gastam 82% com folha de Pagamento isso é muito!!!
PENSO QUE É ESSENCIAL A MANUTENÇÃO DO SERVIÇO MILITAR OBRIGATÓRIO, E VOU MAIS LONGE, É NECESSÁRIO O INCREMENTO DO NÚMERO DE VAGAS, O EXÉRCITO É UMA ESCOLA, E PARA MUITOS DOS RECRUTAS, UMA FAMÍLIA E SERÁ A ÚNICA EXPERIÊNCIA DE ORDEM E DISCIPLINA EM SUAS VIDAS, NUM PAÍS CUJOS VALORES MORAIS E DOS SÍMBOLOS PÁTRIOS SE PERDERAM A TEMPO. PORÉM NÃO PODEMOS NOS ILUDIR, HÁ MUITOS QUE INGRESSAM NAS FILEIRAS DO NOSSO AMADO EXÉRCITO, JÁ COM SEU DESVIO DE CARÁTER, DETURPAM O IDEAL DA HONRA, DO RESPEITO E DA PROBIDADE, OUSO DIZER, ATÉ OFICIAIS QUE TRATAM COM DESPREZO E DESDÉM SEUS SUBORDINADOS, ESQUECENDO-SE DOS COMPROMISSOS QUE ASSUMIMOS AO INGRESSAR NAS FILEIRAS DA FORÇA, NÃO PODEMOS PERDER O NORTE, E SEGUIR CUMPRINDO NOSSA MISSÃO !
Foi por falta dos ensinamentos de OSPB, Moral e Civismo e posteriormente a introdução do método de Paulo Fracasso Freire nas escolas que lamentavelmente possibilitou a idiotização de alunos, jogando negro contra branco, pobre contra rico. O sistema educacional brasileiro foi aparelhado por personagens que começaram plantar mentiras através de jornais comunistas circulando pelo país ainda no período militar. Basta tomar como exemplo universidades federais, que são nada mais nada menos que uma fábrica de imbecis custeados pelo suor dos contribuintes. É desse local que saem jornalistas para falar besteiras. Total incoerência essa turma usufruir de graça de uma universidade e depois agir contra o próprio país.

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