Se correr a AI pega, se ficar a AI come

Autor: Cap R1 Francisco Leonardo dos Santos Cavalcante

Segunda, 15 Julho 2024
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No período de 17 a 18 de abril, o Colégio Militar de Brasília (CMB) promoveu o 1º Seminário de Tecnologias Aplicadas à Educação tendo por viés a aplicabilidade da Artificial Intelligence (AI) – tradução livre – Inteligência Artificial (IA) no processo de ensino aprendizagem, sobretudo como arcabouço da modalidade de educação a distância (EaD). Nesses três dias de jornada, ficou evidente que a Inteligência Artificial é o “bicho-papão” da vez, ensejando, inclusive, a mudança do velho jargão: “se correr o bicho pega, se ficar o bicho come” para: “se correr a AI pega, se ficar a AI come”, visto não haver possibilidade de retrocesso no uso dessa ferramenta.

Imagem – Autor.

 

Ao longo das diversas palestras ministradas e das oficinas realizadas, pôde-se observar, por intermédio da fala dos palestrantes, o quanto a IA já faz parte das atividades laborais diárias de milhares de pessoas sem que elas se deem conta disso, incluindo os profissionais da educação e os das armas.

Por óbvio, o eixo educacional teve primazia em relação aos diferentes propósitos em que se aplicam nos dias atuais os algoritmos que fundamentam o funcionamento da AI, afinal, o evento foi pensado justamente dentro de um Estabelecimento de Ensino (EE) e voltado prioritariamente para educadores. Todavia, a organização não descurou ao dar ampla publicização ao Seminário, proporcionando a participação de diferentes segmentos, tais como o empresarial, o cultural e o acadêmico.

Na oportunidade, debateu-se não só a respeito do emprego da AI no âmbito educacional, mas, para além disso, o avanço exponencial que essa ferramenta vem provocando em todas as áreas do conhecimento. Concomitantemente, à medida que os painéis eram apresentados, ficava cada vez mais claro que há necessidade premente de o Brasil intensificar o foco no desenvolvimento de infraestrutura, na capacitação e retenção de recursos humanos e no reforço de políticas públicas, visando garantir o acesso às tecnologias de ponta, sob pena de reinaugurar o atraso centenário amargado desde o advento da era industrial.

Adicionalmente, cabe ressaltar o ambiente agradável e sinérgico proporcionado por toda a equipe responsável pela organização e condução dos trabalhos, tendo como fio condutor o fator motivacional para que os participantes aproveitassem aquele momento na busca de estreitarem laços e fazerem networking. Dentro desse contexto, a troca salutar de experiências entre civis e militares, para além do campo educacional, constituiu-se como fator de destaque.

Sem embargo, é razoável entender que a natureza mesma desse encontro produziu inferências provocativas, especialmente, aquelas cujas fronteiras do pensamento abstrato fazem a interface com o mundo concreto, deixando transparecer de certo modo como ainda é acanhada a utilização da AI, tanto no sistema de ensino militar, quanto em outros sistemas orgânicos das Forças Armadas que poderiam se beneficiar em larga escala, no tocante à otimização de rotinas e processos que permanecem sendo executados pelo humano, quando a máquina já demonstrou cabalmente possuir melhores condições de realização.

Corroborando essa ideia, enfatizou-se bastante o uso diverso do ChatGPT, talvez a principal ferramenta de AI generativa na atual conjuntura pela massa de informação que consegue processar em pouquíssimo tempo e, consequentemente, pela devolutiva que é capaz de oferecer na resolução de tarefas. Não obstante ser de longe a ferramenta-base no contexto das Novas Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (NTDICs), impactando diretamente no mundo do trabalho e, causando o alarde inicial de que seria a pá de cal sobre diversas atividades profissionais, para o bem ou para o mal, a boa notícia, segundo os especialistas do evento, é que o ChatGPT não cumprirá tal promessa pelo menos “nos próximos 45 anos”.

Por outro lado, o mesmo exercício reflexivo aponta que o caminho está aberto para novas experiências empregando a AI, e o Exército Brasileiro (EB) enquanto organização que aprende continuamente, tem capacidade para protagonizar mais esse capítulo de transição entre a cultura organizacional convencional e a disruptiva, sem comprometer seus princípios e valores historicamente basilares. Nessa direção, algumas sugestões foram deixadas como legado do seminário e precisam ser objeto de profunda reflexão, de cada componente da Força Terrestre, independentemente da posição hierárquica que ocupa dentro da Instituição, porque a AI atravessará, em algum momento, a maneira de ser e de estar no mundo para todos.

Embora não sejam uma prescrição, grosso modo, essas são as dicas de ouro que devem receber a atenção institucional e individual:

- Desenvolver competências e habilidades no idioma inglês – porque a máquina compreende e responde com muito mais assertividade às demandas nesse idioma.

- Capacitar o maior número possível de profissionais com foco no letramento digital, pressupondo ir além do domínio técnico dessas ferramentas, a fim de atingir outros níveis de interação, análise crítica e aplicabilidade de seu uso em diferentes situações.

- Fomentar cada vez mais a produção de conhecimento nessa área, de forma a incluí-la como disciplina elementar nos currículos das escolas militares, nos seus diversos graus de ensino.

- Revisar os vários sistemas existentes, visando detectar a possibilidade de embarcar a AI em suas estruturas, com o objetivo de otimizar as rotinas e processos e mitigar erros humanos que possam ser evitados.

Assim, à guisa de sugestão e para que não se fique apenas no mundo das ideias, segue um modelo de utilização real de ferramentas de AI combinadas:

Ferramenta - ChatGPT:

-passo 1 – entre no site do ChatGPT (https://chat.openai.com/).

-passo 2 – solicite a criação e um prompt (algoritmo) com as seguintes descrições (utilize preferencialmente o idioma inglês): create an algorithm in English for an image of a Brazilian soldier, special forces, camouflage helmet, camouflage uniform, IA2 rifle.

-passo 3- copie o prompt (algoritmo) gerado pelo ChatGPT.

Ferramenta - leonaro.ai :

-passo 4 – entre no site de geração de imagem por AI – leonardo.AI (https://app.leonardo.ai/?via=codus-fb&gad_source=1).

-passo 5 – clique em image generation.

-passo 6 – insira o prompt (algoritmo).

-passo 7 – pressione a tecla enter no teclado.

Veja o resultado apresentado, porém, lembre-se de que a devolutiva depende de sucessivas depurações até chegar à imagem ideal. Por fim, resta agradecer ao Colégio Militar de Brasília pela excelente iniciativa de aprendizagem e que venham outros eventos!

CATEGORIAS:
Ciência e Tecnologia

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