Projetos estratégicos das Forças Armadas e a atual conjuntura econômica brasileira

Autor: Cel Maurício José Lopes de Oliveira

Terça, 24 Setembro 2019
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A publicação Cenário de Defesa 2020-2039 – Sumário Executivo, do Ministério da Defesa – apresenta estudos sobre situações de ameaças e características dos conflitos do futuro que reforçam que as Forças Armadas do Brasil estão no caminho certo para o desenvolvimento de seus projetos estratégicos. O propósito é capacitar o País na defesa de sua soberania – palavra tão cara e de grande relevância para a sociedade brasileira nos dias atuais.

Cabe ressaltar que o Ministério da Defesa, há algum tempo, vem promovendo seminários com o intuito de incentivar a discussão sobre a temática defesa, aproveitando não só as ideias apresentadas pela esfera Acadêmica e pelas organizações ligadas ao Ministério da Defesa (como a Escola Superior de Guerra e o Instituto Pandiá Calógeras), mas também pesquisas e esforços realizados pelos Centros de Estudos da Escola de Guerra Naval e da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército e pelos Centros Estratégicos da Força Aérea Brasileira. O incentivo ao estudo de temas ligados à defesa do Brasil, tanto no meio militar como no civil, é fator relevante para um país emergente da América do Sul, que tem um papel primordial de liderança regional e hemisférica e que defende seus interesses nos cenários que poderão ser apresentados no futuro.

Nesse contexto, as Forças Armadas brasileiras vêm realizando um esforço contínuo no sentido de desenvolver e produzir produtos de defesa de primeira linha, baseado no desenvolvimento de sua Indústria Nacional de Defesa (IND). Para tanto, o desenvolvimento de Projetos Estratégicos, por parte das três Forças Singulares, tem papel fundamental para a garantia da soberania de nosso extenso litoral, representado pela nossa Amazônia Azul, pelo nosso território e pelo imenso espaço aéreo.

A Estratégia Nacional de Defesa (END) foi a norteadora para assegurar uma adequada preparação e capacitação das Forças Armadas por meio do desenvolvimento de tecnologias nacionais e de emprego dual (produto empregado em prol do meio militar ou civil). O Plano de Articulação e Equipamento de Defesa (PAED) representa a continuidade de investimento de recursos na capacidade operativa da Marinha do Brasil, do Exército Brasileiro e da Força Aérea Brasileira. Ele assegura benefícios ímpares para o Brasil: incentivo à indústria nacional, geração de empregos de alta qualificação, estímulo à ciência e tecnologia, capacitação de recursos humanos, fortalecimento das ações de Estado no território nacional, domínio de tecnologia sensível, transferência de tecnologia de outros países para o Brasil, acordos de offset, aumento da possibilidade de exportar mais produtos de defesa no futuro e fomento da IND, dentre outros.

No entanto, nota-se que devido à dificuldade orçamentária pela qual passa o País na atualidade, é natural que os Projetos Estratégicos gerenciados pelas Forças Armadas sofram com o impacto da diminuição de recursos financeiros planejados e impostos pela Lei Orçamentária Anual para os próximos anos.Sobre essa assertiva, cabe a reflexão: quando as Forças Armadas tiveram recursos fartos para investimentos (aquisição/desenvolvimento) em seus produtos de defesa? Esse obstáculo requer um estudo de planejamento constante por parte de nossas Forças Armadas (alteração de prazos e mudança de escopo de projetos). Contudo, nunca poderá ser um fator desestimulador ou impeditivo para os nossos gerentes de projetos em todos os níveis. Enfrentar a dificuldade faz parte da capacidade de resiliência de nossos militares, que será fundamental para a concretização de nossos projetos estratégicos. Como exemplos positivos, podemos citar: o Programa de Desenvolvimento do Submarino Nuclear da Marinha do Brasil (Prosub); os projetos Defesa Antiaérea, Guarani e Astros 2020 do Exército Brasileiro; o KC-390 e o projeto F-X2 da Força Aérea Brasileira,todos já consolidados e em passos avançados, mesmo com os obstáculos impostos por cortes em orçamentos ocorridos no passado.

Notícias veiculadas nas mídias nacional e internacional, que abordam declarações e interesses de nações estrangeiras pela Amazônia brasileira, nos fazem refletir e acendem “a luz amarela” na consciência da sociedade brasileira sobre como será importante a concretização dos projetos estratégicos das Forças Armadas para garantir nossa soberania no futuro.  

Mesmo que haja cortes orçamentários, conclui-se que o momento de incentivo ao desenvolvimento desses projetos é atual, urgente e necessário. A integridade de nossos mares, nosso território e espaço aéreo nos custa caro. Ela depende de nossas ações no presente aliadas às respostas inteligentes aos questionamentos feitos pela mídia, por sofrer interferências de Organizações Não-Governamentais (ONGs) manipuladas ou não por nações estrangeiras com interesses em nossos incalculáveis recursos. 

Por fim, sugere-se que continuemos a almejar por Forças Armadas mais preparadas e capacitadas em seus quadros e meios militares, com o intuito de estarmos mais aptos a repelir qualquer investida em nosso território. Devemos, também, continuar promovendo fomentos à economia brasileira, cientes de que os projetos estratégicos não são um “problema” a ser administrado, mas uma possível solução na medida em que geram benesses para a economia brasileira.

Comentarios

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Parabéns pelo texto. Os projetos estratégicos do país são um projeto de Estado e não de governo. Dentre os inúmeros benefícios alcançados, destacam-se a geração de empregos, o desenvolvimento de massa crítica, geração de dividendos para o país e dissuasão.
as nossas forças armadas sempre estarão prontas para defender nossa soberania, mesmo com tanta dificuldade orçamentaria. AVANTE BRASIL.
TC Maurício José, parabéns pela exatidão do texto.
Parabéns pelo texto. Curso Relações Internacionais e me identifico especialmente com as áreas de Segurança Internacional/ Defesa Nacional. Tenho lido muitos textos do eblog.
Parabéns
O problema é que estas ONGs são financiadas pelos americanos e europeus, e eles querem nos tomar a nossa soberania. Temos que pressionar o congresso para aumentar o orçamento das nossas FAAs, para que diminua mais a porcentagem com gastos de pessoal, para que assim nós possamos injetar recursos suficientes para fortalecer o nosso poder bélico, além é claro de fortalecer a nossa indústria nacional que deve ser priorizada. Um excelente artigo, parabéns!!!

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