Precisamos aprender a ser brasileiros como eles

Autor: Juíza Luciana Corrêa Tôrres de Oliveira

Quarta, 08 Janeiro 2020
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Tive o privilégio de ser convidada pela Força Aérea Brasileira e pelo Exército Brasileiro para uma visita institucional de três dias à Amazônia, com membros do Poder Judiciário e órgãos essenciais à Justiça. Volto maravilhada!

Mas o meu deslumbramento não decorre das belezas naturais da região, incontáveis e vistas por muitos por meio de fotografias, filmagens e até mesmo visitas àquela área. O que me encantou foi a superação das dificuldades, a dedicação de homens e mulheres militares, os serviços prestados à Nação brasileira, ao povo humilde, carente e sofrido.

Chegar à região conhecida como “Cabeça do Cachorro”, próxima à divisa do Brasil com a Venezuela (se olharmos no mapa do Brasil, a divisa faz um desenho parecido com uma cabeça de cachorro), numa base militar chamada Maturacá, somente foi possível pela ajuda da Força Aérea. Lá se encontra instalado o 5º Pelotão Especial de Fronteira (PEF), isolado de tudo e de todos por causa da Floresta Amazônica. Porém, por mais distante que esteja do chamado “mundo civilizado”, o povo que lá reside, os Yanomamis, não estão esquecidos. O Exército zela por eles e lhes provê educação, saúde, cidadania e uma sensação de pertencimento.

Em contrapartida, os tuxauas (chefes de tribos) ajudam na preservação e no patrulhamento do território.

A interação e o carinho entre o Coronel no comando do 5º PEF e o Cacique Antônio, o respeito e a consideração entre os oficiais e os demais tuxauas e a preocupação em atender às necessidades da população indígena da região (cerca de 23 etnias), tudo isso traz imensa emoção, porque ilustra o verdadeiro significado da palavra “servir”.

É o que o militar faz. SERVE.

Para que as Forças Armadas estejam na fronteira, tudo se inicia com o sacrifício de deixar, por um longo período de tempo, a família e o conforto de uma vida em cidade, para ser alocado em um lugar remoto e rústico. Em seguida, vem o treinamento árduo, difícil e rigoroso e as incontáveis missões.

Mas ao olhar cada um deles, ou ouvir se expressarem, chega-se a apenas a esta conclusão: o sacrifício decorre da certeza de que o que importa é o País e suas necessidades e que vale a pena passar por todas as vicissitudes em prol da nação e de seu povo.

O orgulho de ser um cidadão, um brasileiro, se sobrepõe e sombreia as dificuldades e justifica a luta diária em prol de um bem maior: a soberania.

Não se pode esquecer, também, de mencionar o bem que as Forças Armadas trazem à população residente nas proximidades de uma base militar. É mais uma prova da aplicação do lema “servir”. Com os militares vem acesso à saúde, resgate e salvamento, educação, desenvolvimento e infraestrutura.

E então eu me deparo com a “Oração do Guerreiro da Selva”, que em seus versos pede ao Altíssimo, “a sobriedade para persistir, a paciência para emboscar, a perseverança para sobreviver, a astúcia para dissimular, a fé para resistir e vencer”.

Tenho os olhos marejados de lágrimas com o canto do guerreiro que, em face da morte e na hora da dor, se fortalece na coesão da tropa; com o desprendimento do soldado; com a prontidão de sacrificar a própria vida em benefício da pátria; e com sua sinceridade e entrega ao cantar vigorosamente o Hino Nacional, declarando o comprometimento com a luta pelo País e o destemor da morte, se assim for preciso.

Tudo isso traz a reflexão o fato de que as Forças Armadas exercem um papel primordial para o País e que seu exemplo deve ser seguido por todos nós cidadãos brasileiros, pois nas forças militares exercita-se e vivencia-se o verdadeiro patriotismo.

E, assim, com humildade e gratidão imensa pela oportunidade de testemunhar a grandiosidade do serviço militar, peço licença para honrar as Forças Armadas com o brado do guerreiro: SELVA!!!

Comentarios

Comentarios
Parabéns Dra. Luciana pelo seu amor à Pátria, demonstrado pelas suas palavras neste excelente artigo. Como militar do Exército de Caxias sinto-me lisonjeado.
Parabéns, Luciana! Como filha de militar e como servidora pública sei que é importante o registro dessa integração! Em frente!
Parabéns, Dr.Luciana todos nós devíamos um dia ter a coragem de conhecer o Brasil selvagem . Deve ser uma experiência fantástica ! Gratidão !
Magnífico!!!
Após quarenta anos servido ao Exército Brasileiro, hoje na reserva, ao ler o texto escrito pela Juiza Drª Luciana Corrêa Tôrres de Oliveira, sinto também como ela, meus olhos marejarem. Obrigado Doutora pelo verdadeiro depoimento. Que Deus a ilumine e dê-lhe sabedoria para o exercício de seu trabalho. Parabéns.
Excelente texto. Só quem por lá passou, sabe bem p valor do brado SELVA! Infelizmente muitos cidadãos perderam a essência do valor patriótico.
DRA. LUCIANA, APLAUSOS. É BEM ASSIM COMO DESCREVEU. O MILITAR SE INTEGRA A COMUNIDADE INDÍGENA E SE TORNA PARTE DELA. É UM GRANDE ELO. SERVI NA SELVA AMAZONICA EM DUAS OPORTUNIDADES: FORTE PRINCIPE DA BEIRA, RO. ONDE OS MILITARES E SUAS ESPOSAS MINISTRAM AULAS. E 17* BRIGADA DE INFANTARIA DE SELVA, NO APOIO.
Todo brasileiro deve ler e ver a história desses bravos
Parabéns Dra. Luciana! Certamente temos muitos "Brasis" que muitos brasileiros não conhecem e que as forças armadas, particularmente o Exército, atende com maestria as necessidades destes, muitas vezes esquecidos pelo povo brasileiro e por várias instituições!!
Parabéns Dra Luciana, por trazer aos brasileiros a realidade do nosso zelo pela Amazônia.
Realmente nosso Exército Brasileiro mostra durante a história que o povo brasileiro pode confiar nesta instituição que é a última e primeira fronteira de estabilidade da nação, pudemos ver numa época recente o papel extraordinário para nós desempenhado pelo Companheiro e General Vilas Boas assumindo indiretamente o País diante de um quase total falta de juízo nacional, e isso foi feito por um Comandante das Forças Armadas, Brilhante Mestre, muito obrigado.
Dra Luciana. Sou oficial de justica do TJMG. Achei a materia muito interessa te. Gostaria de conhecer um pouco mais de nosso exército. Sempre tive vontade de servir. No Judiciário tenho sempre uma postura diferenciada porque estudei no regime militar e aprendi muitas regras e posturas que hoje estão em extinçao, mas acredito que vamos recuperar os bons costumes que outrora nos fora ensinado. Parabéns pela materia.
O EXÉRCITO BRASILEIRO JUNTAMENTE COM AS DEMAIS FORÇAS ARMADAS, COMO DE SABENÇA, SÃO INSTITUIÇÕES REGULARES E PERMANENTES DE GRANDE CREDIBILIDADE DO NOSSO PAÍS. PATRIMÔNIO DO POVO BRASILEIRO. PARABÉNS A JUÍZA LUCIANA CORRÊA TÔRRES DE OLIVEIRA POR COMPARTILHAR SUA EXPERIÊNCIA E RECONHECER O VALOROSO TRABALHO DESSES CIDADÃOS BRASILEIROS QUE ENVERGAM OS UNIFORMES COM MUITO ORGULHO.
Servi em 2002 no 5°PEF- Maturacá, o sentinela do Pico da Neblina. Boas recordações da caserna e das amizades forjadas no meio da selva amazônica no extremo norte do Amazonas! Selvaaa!
Meu sincero Obrigado . Selva ! Agradeço as palavras que enobrecem todos nós brasileiros que desejam em todas as profissões o bem comum e melhoria de nossa sociedade e do nosso povo .

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