1. INTRODUÇÃO
11 meses depois do bem sucedido atentado perpetrado contra o Jornal CHARLIE HEBDO, o Estado Islâmico (Islamic State of Iraq and Syria - ISIS), organização sunita fundamentalista islâmica, assumiu, por meio de um pronunciamento escrito, enviado 48 horas após a execução do atentado, ao Jornal francês Le Monde, a inteira responsabilidade pelos contundentes e, mais uma vez, muito bem sucedidos ataques perpetrados na noite de sexta-feira, 13 de novembro próximo passado.
O ISIS, já vinha se consagrando, desde 2013, como o condutor de uma Campanha inédita de Guerra Irregular (uma verdadeira Revolução de Táticas, Técnicas e Procedimentos – TTP, jamais presenciada), ao aplicar com significativas eficiência e eficácia os seus originais e inéditos fundamentos de MANOBRA E TERROR, desdobrando seus meios, ao longo dos corredores de mobilidade – balizados pelos Rios Eufrates e Tigre - na conquista e manutenção de acidentes capitais (incluindo cidades estrategicamente posicionadas como Mossul, Tikrit e outras) que estão lhe propiciando controlar efetivamente uma parcela significativa dos territórios do Iraque e Síria. Destaque-se que, apesar de toda essa capacitação extremamente original e inédita de poder de combate convencional, não abre mão de permanecer como a mais poderosa FORÇA IRREGULAR de todos os tempos.
O ISIS, liderado por Abou Bakr– al -- Baghdadi, que tem como seu grande objetivo o estabelecimento do CALIFADO ISLÂMICO (cuja base seriam os territórios nacionais do Iraque e da Síria), indubitavelmente, caracteriza suas ações por uma violência tremendamente exacerbada, materializada por demonstrações de barbarismo, verdadeiros mises en scéne, de grande repercussão estratégica, que vão desde decapitações públicas isoladas até assassinatos coletivos, verdadeiros genocídios de grandes massas humanas totalmente indefesas e submissas.
O presente ataque a Paris foi perpetrado por um grupo de 9 FOREIGN FIGHTERS, excepcionalmente adestrados e criteriosamente liderados que, portando fuzis russos AK-47 Kalashnikov 7.62 mm e granadas de mão, numa ação ofensiva coordenada, controlada e sincronizada, nos mínimos detalhes, fracionaram-se em pequenos efetivos de 1, 2, 3 e 4 irregulares, atacando 7 objetivos em diferentes sítios, quase que simultaneamente, caracterizando de modo inequívoco, no espaço de 3 horas, uma muito bem executada CAMPANHA DE TERROR SUICIDA. Foreign Fighters que conforme reportes da Inteligência de diversificados países, seguindo diretrizes da cúpula do movimento, estão, desde há muito, infiltrando-se nos seus países alvos.
O Objetivo Estratégico a ser atingido, segundo o pronunciamento enviado à imprensa francesa era punir o Governo Francês pela sua “infame” participação na coalizão liderada pelos EUA para destruir, nos territórios da Síria e do Iraque, o poder de combate do ISIS, com base em ações do Poder Aeroespacial. O referido comunicado ainda ressalta que o presente atentado deve servir como um alerta a todas os países “infiéis” que, no seu devido tempo, também sofrerão retaliações dessa natureza.
O resultado final em termos de baixas letais e não letais não deixa nenhuma dúvida sobre o êxito obtido: até o dia 19 Nov - 129 mortos e 352 feridos, ainda internados na rede hospitalar parisiense, 99 dos quais em condições críticas.
Indubitavelmente, o traumático impacto psicológico que atropelou não apenas a França, mas também toda a União Europeia e o Mundo Ocidental, em função da disseminação intensiva do choque, do horror e da sensação de impotência, constituiu-se numa catástrofe de grande vulto, comparável à desencadeada pela AlQaeda no território continental dos EUA, em 11 de setembro de 2001 – o trágico, contundente e inesquecível NINE/ELEVEN (3000 mortos).
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