O Hino Nacional Brasileiro

Autor: Flávio Augusto Nogueira Noronha

Quinta, 07 Setembro 2023
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Juntamente com a Bandeira, o Selo e as Armas Nacionais, o Hino Nacional Brasileiro é um dos quatro símbolos oficiais da República Federativa do Brasil, conforme previsão do Art.13, Par. 1º., da Constituição.

Quase todos, infelizmente, são ilustres desconhecidos do nosso povo. Pior do que isso: a bandeira é desrespeitada; a letra do hino não é entendida; é reinventada com frequência, e cantada de modo improvisado; e as Armas e o Selo Nacionais são ignorados. Se a vigente Lei Federal número 12.031/2009 fosse aplicada, a qual determina a execução do Hino Nacional Brasileiro uma vez por semana em todas as escolas de ensino fundamental, públicas e privadas, certamente a ignorância quanto ao seu teor e significado seria extirpada da realidade nacional.

Enquanto isso não acontece, estudemos um pouco sobre o nosso Hino, canção que representa o Brasil; exalta fatos acontecidos; simboliza todas as lutas passadas pelo País; carrega a identidade de um povo e a grande responsabilidade de ser a porta-voz da Nação brasileira para o restante do mundo 1.

O dia 22 de novembro de 1889 foi a data da abertura do concurso oficial que resultou na sua escolha. Venceu a música de autoria de Francisco Manuel da Silva, cuja oficialização do resultado deu-se em 20 de janeiro de 1890, pelo governo provisório.

Contudo, não havia letra para a nova música. Somente 19 anos depois, pelas mãos de Joaquim Osório Duque-Estrada – após passar por diversas alterações, até chegar à sua versão definitiva – é que se celebrou o “casamento” de sucesso (letra/música) que hoje conhecemos.

A letra foi vendida por cinco contos de réis para a União – equivalentes a seiscentos e quinze mil reais de hoje -, o que ocorreu em agosto de 1922. O negócio possibilitou sua apressada oficialização, em 6 de setembro, pelo Presidente Epitácio Pessoa, após aprovação do Projeto pela Câmara dos Deputados e pelo Senado, para que no dia seguinte ela pudesse ser executada nas festas de comemoração ao primeiro centenário da independência.

Hoje, orgulhamo-nos do nosso glamoroso hino. Mas, na prática, poucos entendem o seu significado, e, menos ainda, as muitas palavras e expressões nele contidas. Conhecê-lo na forma de uma história, contextualizada à realidade do tempo de sua criação, ajuda a compreender seus detalhes e essência. Então, vamos à sua história, interpretando o Hino, do início ao fim.

1ª Estrofe

No dia 7 de setembro de 1822, as calmas margens do riacho Ipiranga (cujo nome indígena, de origem tupi, significa “rio vermelho”), com nove quilômetros e meio de extensão e deságue no rio Tamanduateí), em São Paulo, “ouviram” e “viram” do príncipe-herdeiro do trono de Portugal, Dom Pedro I, um grito forte e decidido: “Independência ou morte!”

O brado do príncipe representou as vozes de todo o sofrido, mas heroico, povo brasileiro, fazendo ecoar pelos quatro cantos do País o que foi o anúncio da independência do Brasil em relação ao Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, encerrando trezentos e vinte e dois anos de domínio colonial português.

Este ato transformou a Terra Brasilis – como era denominada nossa pátria, antes da chegada dos europeus – de colônia, em nação tão iluminada quanto o sol, com seus raios brilhantes, tendo sido a liberdade que doravante se experimentaria, comparada com o astro-rei (em termos de dominância), diante do até então predominante e obscuro colonialismo.

2ª Estrofe

Se a garantia dessa conquista – alcançada mediante muito esforço, luta e firmeza dos comandantes do Brasil - que promoveu igualdade de condições entre o novo Estado e as demais nações do mundo, estava na segurança de que, para sempre, haveria liberdade no dia a dia e no coração de cada cidadão, esta deveria ser, eternamente defendida pelos brasileiros com todas as suas forças, e, até, se preciso, com as próprias vidas.

3ª Estrofe

A exclamação “Independência ou morte!”, além da óbvia demonstração da disposição patriótica de cada cidadão de morrer pelo Brasil, carrega consigo declaração de amor incondicional pela pátria venerada, reafirmada com um “Salve! Salve!”, expressado como saudação e desejo ardoroso de proteção à nossa terra.

4ª Estrofe

Nesse contexto, a conquista da libertação é comparada a um sonho intensamente desejado e transformado em realidade, e tratada como bênção advinda do nosso belíssimo céu – claro, brilhante e promissor firmamento – até a terra, de forma similar a um raio de brilho e intensidade absolutos.

A constelação do Cruzeiro do Sul, abrigada por esse lindo infinito, e visível somente no hemisfério que vivemos, assumiu a missão de nos chamar à perene lembrança, sempre que o avistarmos, da cruz do calvário, vazia; de que somos um povo cristão; de Jesus Cristo, ressurreto; do Seu Espírito Consolador; do Seu amor; e da esperança de nova vida por meio d’Ele.

5ª Estrofe e Refrão

Alterando-se o foco para a terra, ressaltamos no Hino que a geografia e a grandeza do Brasil, que o tornam o quinto maior país do mundo, são um espetáculo à parte, e simbolizam nossas riquezas naturais, beleza, força, e destemor.

Comparamos estas características à grandiosidade de uma estátua de tamanho descomunal, inexpugnável, eterna, sendo isto o que se quer para o futuro de nossa Pátria, esta mãe amável e generosa, por nós escolhida como a melhor dentre todos os outros lugares do mundo.

6ª Estrofe

Ainda sob esse cenário de céu, mar e forças, incluindo a sua localização terrestre privilegiada, nossa natureza é mostrada como um berço esplêndido, que abriga o Brasil de forma toda especial, eis que o nosso País pode ser comparado a um bebê – dado o seu então recente nascimento como país independente – mostrando-o, também, como o florão, o ornamento mais vistoso de todo o Novo Mundo – a América – que se torna ainda mais vistoso quando é iluminado pelo astro-rei, postado no profundo cosmos.

7ª Estrofe

Como tudo no Brasil é maravilhoso, continua o poeta parnasiano nos chamando à atenção para a nossa terra, sempre enfeitada por lindos campos, os quais muito promissores em razão das tantas flores e dos bosques que esbanjam vida, o que proporciona às nossas próprias vidas, por termos nascido em lugar tão especial, prazeres e mais amores, inspiração poética pinçada da “Canção do Exílio”, de Gonçalves Dias.

8ª Estrofe

Novamente, uma declaração de amor incondicional pela pátria venerada, reafirmada com um “Salve! Salve!”, expressado como saudação e desejo ardoroso de proteção à nossa terra.

9ª Estrofe

A esse Brasil – objeto de amor eterno, comprometimento e fidelidade de seu povo – demonstramos nossos sentimentos empunhando a Bandeira Nacional, com suas 27 estrelas, indicadoras das unidades da federação, cujo verde-amarelado – tonalidade da planta chamada de “louro”, quando esta ressecada (erva utilizada nas coroas dos imperadores romanos; símbolo de poder e grandeza) – representa o desejo de paz para todo o futuro e a lembrança das lutas que promoveram as glórias do passado.

10ª Estrofe e Refrão

Para concluir este cenário histórico, formador do Hino Nacional Brasileiro, declaramos, cantando de peitos abertos e em alto e bom som, que, se for preciso, em caso de guerra, portaremos armas contra injustiças que ameacem a soberania da nação brasileira e em proteção ao nosso povo, para que todos os mal-intencionados saibam que os filhos desta terra jamais fugirão à luta. Pelo contrário: estaremos prontos até para darmos as nossas vidas pela Pátria, haja vista nossa adoração pelo País, sentimento que de nós tira o temor da morte; nos motiva a enfrentar quaisquer dificuldades; e nos impede de “abrirmos mão” de nossos direitos e da liberdade, duramente conquistados.

Ao seu final, repete-se a declaração de amor contida no seu refrão.

Que esta história e os sentimentos patrióticos que ela nos provoca sirvam como motivação para a disseminação do civismo e do patriotismo, os quais estão, infelizmente, adormecidos nos corações da maioria da brava gente brasileira.

Cantemos também, para os nossos próximos, trechos de outro hino, o da Independência, o qual nos lembra, parafraseado, de que…

Já podeis, da Pátria filhos,

Ver contente a mãe gentil!

Já raiou a liberdade No horizonte do Brasil!

Longe vá, temor servil!

 

https://brasilescola.uol.com.br/historiab/hinonacionaldobrasil.htm

 

Referencias:

https://www12.senado.leg.br/noticias/login?came_from=/noticias/especiais/arquivo-s/antes-da-versao-atual-letra-do-hino-nacional-bajulava-pedro-i               

https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/hino.htm

https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L5765.htm

https://www.camaramedianeira.pr.gov.br/noticia/1063/descomplicando-o-hino-nacional-brasileiro--entenda-a-letra

https://memoria.ebc.com.br/infantil/voce-sabia/2014/11/entenda-o-hino-nacional

https://www.biaobresil.com/significado-de-algumas-palavras-hino-nacional-brasil/

https://www.letras.mus.br/blog/historia-do-hino-nacional/

https://www.significados.com.br/significado-do-hino-do-brasil/

https://brasilescola.uol.com.br/historiab/hinonacionaldobrasil.htm

 

 

Comentarios

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Parabéns, Dr. Flávio Noronha. As informações impecáveis sobre o nosso Hino Nacional, retumba e salta aos nossos olhos, a beleza cine qua non, da Letra somente encontrada neste Hino sem igual, neste país sem igual.
Perfeita explanação! Explicação magnífica de cada estrofe! Parabéns professor!
Em 1992 nós Brasileiros ouvimos pela primeira vez a mais alta manifestação do nosso patriotismocelebrada em poesia e canção! Vamos continuar a declarar nosso amor por essa grande nação que é o nosso berço sempre que nosso Hino Nacional estrja em nossoas vozes! Obrigado Dr. Noronha.
Relembrando meus tempos de estudante em escola pública em Campinorte Goiás.
Ferreira, cerca de 30 anos atrás era comum o hasteamento da Bandeira Nacional e o cântico do Hino em todas as escolas. Bons tempos!
Um abraço, caro amigo Juscelino. Brasil!
Gratidão, meu amigo, pelo incentivo, combustível precioso para novos estudos e trabalhos. Um abraço!
Caro amigo Édio, trata-se de uma bela poesia, a qual, para ser entendida, requer estudo... Como você bem disse, sua beleza é única.

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