Liderança em tempos de mídias sociais

Autor: Coronel R1 Paulo Roberto da Silva Gomes Filho

Segunda, 23 Julho 2018
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Vivemos dias em que a onipresença dos aplicativos de comunicação instantânea provoca uma reflexão acerca da importância de um aspecto básico para o exercício da liderança: a eficiência e a eficácia do fluxo de informações entre líderes e liderados.

A tomada de decisão em momentos de crise é diretamente afetada pela maneira como as informações chegam ao decisor. E, nos dias atuais, um gigantesco fluxo de informações, dados, opiniões, reivindicações e percepções deve ser gerenciado, adequadamente, para a tomada da decisão.

Por outro lado, percebe-se a influência exercida pelas notícias e informações que chegam a todos pelas mídias sociais. Muitas dessas notícias e informações são falsas. Trata-se da chamada "pós-verdade" e das famosas fake news.

Vamos exemplificar utilizando um caso de exercício da liderança, no ambiente militar, com emprego de tropas. Mas creio que o padrão é facilmente transportável para o mundo corporativo.

Na crise gerada pela greve dos caminhoneiros, que paralisou o País por onze dias, viu-se que um vídeo produzido em uma pequena localidade do interior chegava, instantaneamente, aos centros de poder e às autoridades do nível político. Quem deve decidir qual a melhor maneira de atuar em face de uma situação de iminente emprego da tropa? O comandante tático (operacional, no modelo empresarial) no terreno ou o decisor político/estratégico a centenas ou milhares de quilômetros de distância? A resposta a essa pergunta já está dada nos manuais de operações e de liderança: cada um decide na sua esfera de atribuições. E essa é uma resposta óbvia. Acontece que, como diz o dito popular, "na prática, a teoria é outra."

Aquele vídeo não chega somente até as autoridades encarregadas diretamente pela condução das operações. Chega também à imprensa, aos grupos de pressão, ao judiciário, ao ministério público e ao público em geral. A pressão é imediata. Correntes de opinião formam-se, instantaneamente, pressionando os líderes em todos os níveis. Estes se veem tentados a interferir imediatamente, sem todos os dados e, muitas vezes, em razão das fake news influentes, com dados falsos ou incompletos.

Na paralisação dos caminhoneiros, a influência das fake news atingiu um novo patamar. Reunidos em diversos pontos do território, sem uma liderança unificada e clara, muitos foram informados dos acontecimentos quase que exclusivamente por WhatsApp. Vídeos proliferaram em progressão geométrica. Supostas lideranças davam ordens, repassavam informações, ameaçavam. Criou-se uma "realidade paralela" na beira das estradas.

Assim, o comandante tático viu-se diante da seguinte situação: os caminhoneiros acreditavam naquilo que chegava até eles pelas mídias sociais. Narrativas construídas, muitas vezes, sem qualquer amparo na realidade. Ao mesmo tempo, as lideranças políticas eram pressionadas pelas informações e dados que chegavam de forma caótica e desordenada. Um verdadeiro teste para o exercício da liderança!

Qual é a melhor maneira de atuar em uma situação assim? Parece-nos que a maneira correta é aquela há muito conhecida: liderar também é fortalecer as lideranças subordinadas. Que cada líder decida na sua esfera de atribuições, conhecendo perfeitamente a "intenção do comandante", ou seja, compreendendo exatamente aonde se quer chegar; quais riscos são admissíveis e quais não são; e qual é o estado final a ser alcançado ao término das operações.

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EM NOME DE DEUS E NOSSO SENHOR JESUS CRISTO ASSUMAM NOSSO PAIS NÃO NOS DEIXEM MORRER NAS MAOS DOS COMUNISTAS NÃO QUEREMOS ELEIÇÕES QUEREMOS FAXINA GERAL INTERVENÇÃO MILITAR URGENTE !!
Todos nós que temos um regime civil de obediência hierárquica sabemos muito bem a grande diferença no rigor entre os regimes militar e civil. No entanto, resguardadas as distantes particularidades entre a disciplina civil da militar, deparamos com um mesmo comandante final que é o chefe supremo ou simplesmente, o presidente da república. Seria as redes sociais ainda que infestadas das “fakes news” um mal necessário? -Considerando as “true news” que em tempos e tempos solapam a vida de todos nós brasileiros, as tais “fakes” são perfeitamente compatíveis com o cenário sombrio e desalentador em que o país inteiro está mergulhado. Logo se conclui que “fake” ou “true” dentro do mesmo contexto são de grandes potenciais de destruição. Nos meios de comunicações das grandes redes, vemos jornalistas de grandes nomes se pronunciarem uns a favor e outros contra um mesmo indivíduo da vida política nacional. Nesse caso quais seriam os falsos e quais seriam os verdadeiros? Difícil de apurar com certeza não é, difícil mesmo é saber quais intenções ou segundas intenções andam por trás dessa notória defesa de políticos que já provaram a sua nocividade e ainda são capazes de produzi-las em grande escala caso consigam retornar à vida pública nacional. Temos através das redes sociais, informações que deveriam ser divulgadas, mas não o são, via redes de comunicações convencionais. Qual o verdadeiro motivo uma vez que elas são relevantes para se conhecer bem os atores que incessantemente e intensamente ocupam os tempos e espaços no cotidiano nacional. Vejamos o exemplo a seguir: ex-presidente que sonha em voltar ao poder, pede salva de palmas para presidente de conduta reprovada até por seus próprios pares. https://www.youtube.com/watch?v=cN3ezmJkICA Presidente aplaudido conforme solicitado, recebe reprovação de seu próprio coligado. https://www.youtube.com/watch?v=cN3ezmJkICA O nome desse coligado que não se coaduna com alguns pares nem carece de sigilo, Pepe Mojica também fez seu desabafo sobre outro nome de seu reduto. A Nicarágua em pouquíssimo tempo conseguiu mostrar toda a ternura que só a esquerda e mais ninguém consegue produzir. Dentre os mais de trezentos e cinquenta mortos nicaraguenses agora está uma brasileira que ao término de seus estudos para salvar vidas, foi impedida de prosseguir, pois lhe negaram a própria vida. https://www.youtube.com/watch?v=cN3ezmJkICA Enquanto isso, a mãe de todas as esquerdas, aquela raposa velha lá da ilha, conhecida por dar golpes nos otários de plantão, anunciou uma reforma: a palavra “comunismo” foi abolida da nova constituição e o direito de propriedade privada foi concedido aos cidadãos cubanos Demoraram para admitir o óbvio e que tirado pelos próprios, mas agora querem voltar à civilidade. Por outro lado aqui em nossa pátria não se sabe nem se teremos eleições pois as tais “fakes” já estão de prontidão para melar o pleito eleitoral caso algum queridinho dos queridos não demonstrem antecipadamente o caminho da vitória deles.

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