Imprensa Livre e Imparcial

Autor: Gen Bda Luiz Eduardo Rocha Paiva

Sexta, 17 Junho 2016
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 A mídia constrói e a mídia destrói. Por aí, percebe-se o poder da imprensa e sua possibilidade de participar, significativamente, da edificação de uma sociedade esclarecida, aberta, madura e de forte espírito democrático. Tem um importante papel social e deve ser conduzida mais como serviço do que empresa, com toda a responsabilidade daí decorrente.


A liberdade de imprensa é um dos pilares do regime democrático e os excessos porventura cometidos, contra grupos ou indivíduos, não podem servir de justificativa para limitá-la, como pretendem algumas autoridades. Que tal aperfeiçoar a justiça, tornando-a mais ágil, de modo a ressarcir quem for prejudicado por possíveis excessos?

A imprensa tem sido decisiva para desvendar o véu que encobre a falta de cidadania, a soberba onipotência, a corrupção e a impunidade, que compõem a face de grande parte da liderança nos altos escalões da República e comprometem a confiança nas instituições. Assim, contribui para a sociedade tomar consciência da necessidade de um choque de valores, para melhorar a si própria e mudar o perfil daquela liderança, o que só depende de sua vontade e de seu valor.

A imparcialidade é um dos atributos fundamentais a serem cultuados pela imprensa e se traduz na abertura de iguais oportunidades à livre expressão de ideias, independente de posições ou pensamentos legitimamente adotados por um órgão. Por outro lado, mesmo amparada em leis que a protejam da mordaça política, só é livre a imprensa que não se submete ao poder econômico ou à censura do patrulhamento ideológico de qualquer matiz. A credibilidade e o respeito, assim conquistados, asseguram-lhe a autoridade moral e, em consequência, reforçam a defesa de sua liberdade.

Ao abrir, de forma equânime, espaços para a livre expressão do pensamento, a imprensa ajudará, também, a derrubar a ditadura do “politicamente correto”, expressão cujo entendimento distorcido inibe o contraditório e empobrece o debate de ideias, condições fundamentais ao aprimoramento da democracia.

Hoje, poucos têm coragem de se declarar de direita ou conservadores, pois temem ser rotulados de radicais, injusta e incorretamente, pelo patrulhamento ideológico ainda forte no Brasil. “O conservadorismo não é contrário às mudanças, como se costuma supor, mas entende o progresso útil como proveniente do saber anterior e acumulado e, portanto, plantado nas virtudes e nos valores do passado” (O Livro das Idéias – Chris Rohmann).

Difícil, por exemplo, é ter espaço para apontar aspectos positivos do regime militar, que vão além do desenvolvimento alcançado, base da atual projeção internacional do Brasil. No regime militar, fortaleceram-se as instituições e os alicerces de nossa democracia. Os generais-presidentes sempre manifestaram o propósito de retornar à normalidade democrática, reconhecendo a excepcionalidade do regime. Tal objetivo foi paulatinamente conquistado, com retrocessos e avanços, pela ação legal e perseverante da sociedade, de seus representantes na oposição e na situação, e de sucessivos governos, superando radicalismos à esquerda e à direita.

Se o regime durou mais do que devia é tema de debate, inclusive, para caracterizar a responsabilidade da esquerda radical ao deflagrar a luta armada, a fim de implantar a “democracia” que aprendia em Cuba, China, URSS e seus satélites, “templos das liberdades democráticas e dos direitos humanos”. Orientava suas ações o Manual do Guerrilheiro Urbano, de Carlos Marighella, que preconiza: “...o guerrilheiro deve tornar-se agressivo e violento, voltando-se para a sabotagem, terrorismo, expropriações, assaltos, sequestros e execuções...”. Marighella foi líder da Ação Libertadora Nacional (ALN).

 A Nação deve compreender que a esquerda radical optou pela luta armada por perceber que seria fatal, ao processo de comunização do Brasil, o fortalecimento das instituições democráticas. Sabia ser este um objetivo do regime de 64 e que o governo tinha apoio popular, poder e força para fazê-lo. Apoio popular que a esquerda revolucionária nunca recebeu e durou enquanto a economia foi bem, isto é, até os choques do petróleo nos anos 1970 e seus desdobramentos na crise de endividamento nos anos 1980, que abalaram o mundo todo, não só o Brasil.

Na história republicana, até 1964, podem ser listadas mais de uma dezena de graves revoltas e crises político-militares. Foram conflitos em que sempre havia chefes militares, envolvidos na política partidária, que arrastavam consigo parte da tropa, em uma demonstração de que o País não amadurecera para a democracia. Vários chefes, ainda no serviço ativo, participavam da política partidária não só como candidatos a cargos eletivos. Havendo ou não honestidade de propósitos, ficavam prejudicados: o compromisso, que deveria ser exclusivamente com a Nação e o Estado; e a dedicação, que deveria estar integralmente voltada para a missão constitucional. O regime militar afastou as Forças Armadas e os militares da ativa da política partidária e, desde então, as crises políticas são resolvidas nos foros apropriados.

Após um quarto de século do final do regime de 64, não se pensa em voltar ao passado, nem se quer isso. Portanto, deve-se facultar o acesso da sociedade a versões diferentes das veiculadas, há muito tempo, apenas pela esquerda sobre aquele período. Dessa forma, ela poderá tirar conclusões isentas e aproximar-se da verdade histórica, extraindo ensinamentos em prol do fortalecimento da democracia.

A sociedade brasileira será imunizada contra radicalismos de quaisquer matizes, na medida em que lhe seja aberto o acesso equânime a todas as correntes de pensamento, pois o conhecimento abrangente permite melhores avaliações, julgamentos e decisões. Por prezar tanto a própria liberdade, ela será o baluarte de uma imprensa livre e imparcial.

(Artigo publicado no Estadão em 22 Dez 2008)

 Gen Rocha Paiva foi comandante da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (2004-2006).

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Economia de compadrio – interferência humana na lei natural do livre mercado Ronaldo Carneiro* Políticos e burocratas, algumas vezes bem intencionados, buscam estimular o comercio com exterior ou setores do mercado doméstico. Com isto criam instituições financeiras visando exportação/importação e bancos de desenvolvimento domestico. Isto significa nada mais que uma bolsa empresário, mas acima de tudo, permite empoderar políticos e burocratas para fazer beneficio com dinheiro publico. Captam recursos de muitos para destiná-los a poucos amigos do rei – prática anti democrática por excelência, sempre com a legitimidade conferida por tecnocratas de conceito distorcido/duvidoso ou mal intencionados. Esta prática não acrescenta em nada a capacidade de investimento, apenas concentra nas mãos de poucos além de empoderar políticos – isto não tem nada a ver com economia mas tudo a ver com manutenção de poder. Algum tecnocrata resiste ao telefonema do poderoso de plantão indicando empresários para serem beneficiados com esta bolsa empresário? Gráficos, planilhas, cálculos são preparados com rapidez para justificar o empréstimo – campeões nacionais amigos do rei criam um desbalanceamento na competição de mercado, pela indevida interferência humana no livre mercado. Certamente agencias de desenvolvimento, não instituições financeiras, tem um importante papel a desempenhar na organização de investimento para infraestrutura. Significa captar recursos de todos para beneficiar a todos. Porem, político prefere ser credor de favores para iniciativa privada que são financiadores de suas campanhas – captam recursos de todos para beneficiar os amigos do rei. Esta prática é tão descarada que bancos ficam conhecidos como “banco da Boeing” ou demais beneficiários. Ao interferir na iniciativa privada, cria-se uma distorção enorme na economia de mercado, tecnocratas que conferem legitimidade a estas opções definitivamente não conhecem o potencial distributivo do mercado. Desastre semelhante ocorre com legislação que obriga recolhimento compulsório de impostos sindicais, viabilizador de toda uma estrutura arcaica e lideres sindicais forjados pela compra de votos para manutenção de poder trabalhista. Outro desastre econômico são os setores que definem seus próprios salários gerando uma distorção enorme na economia. Esta prática consegue desestabilizar planos salariais, mormente com o crescimento da estrutura burocrática, tanto no executivo, como no legislativo e judiciário. Estes setores, ao invés de definirem seus próprios salários, devem buscar referenciais na economia de mercado, que, verdadeiramente, flutuam conforme a vontade coletiva e a justa contribuição de cada um para a sociedade. Empresas estatizadas constituem uma reserva de mercado para empoderar políticos. De nenhuma eficácia econômica mas de toda eficácia politica. Argumento mais comumente usado é o nacionalismo, como se economia tivesse nacionalidade, como se as leis econômicas conhecessem fronteiras geográficas – definitivamente a economia não estuda geografia!!! Defensores da estatização não são ideólogos de direita nem de esquerda, são ideólogos do atraso. Aliás, interferência do governo na economia é sempre, sem exceção, um desastre, viabilizadora do capitalismo de compadrio. Urge separar economia de politica. Economia de mercado num novo pacto social, priorizando nutrição, saúde e educação é remédio infalível para pavimentar as estradas do desenvolvimento. Mais Mises, menos Keynes, mais liberdade menos governo. Cordialmente Ronaldo Campos Carneiro – junho/2017 EGD 2008-9 – Distrito 4530 – Brasília - DF rcarneiro4@gmail.com https://ronaldocarneiro.wordpress.com https://rcarneiro4.blogspot.com.br Sobre o autor: Ronaldo Campos Carneiro é engenheiro de produção, ex professor da USP/PUC. Ex negociador de projetos do Brasil com Banco Mundial e BID. Foi executivo -CEO - de empresa privada na área de café e maquinas de café. https://www.studentsforliberty.org/2017/08/17/crony-economy-mises-less-keynes/ https://www.againstcronycapitalism.org/2017/08/crony-economy-more-mises-less-kyenes/ https://vindodospampas.blogspot.com.br/2017/08/economia-de-compadrio-interferencia.html
Não existe essa tal de "lei natural do livre mercado" Não se iluda com essas escolas que ensinam o intangível.

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