Ética e Moral - um breve estudo

Autor: Cel Mario Hecksher Neto

Quinta, 14 Dezembro 2017
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Ética é uma palavra de origem grega, que pode ter dois entendimentos: o primeiro origina-se da palavra "éthos", pronunciada com o "e" curto (pronúncia fechada), traduzida para o latim com o significado de "costume"; a segunda, com grafia igual, "éthos", mas falada com o "e" longo (pronúncia aberta), significa "propriedade de caráter". O primeiro entendimento deu origem à palavra "Moral" e o segundo orienta a utilização da palavra "Ética".

A Ética, também chamada de "filosofia da moral", faz o estudo geral, nos campos econômico, político, psicossocial, científico-tecnológico e militar, sobre o que é bom ou mau, correto ou incorreto, justo ou injusto, adequado ou inadequado. O estudo ético justifica, ou não, as regras propostas pela Moral e pelo Direito. Entretanto, é diferente de ambos, porque não cria novas regras. O que caracteriza a Ética é, basicamente, a reflexão sobre as ações humanas, no que concerne aos fundamentos da vida moral, em todos os campos acima mencionados.

Por sua vez, a Moral pode ser definida como um conjunto de regras ou normas, que já passaram por um processo ético de depuração e que determinam o comportamento do indivíduo em uma dada sociedade. Estas normas – externas - geralmente antecedem o indivíduo. Este, ao nascer ou ao ingressar em uma instituição, já se encontra limitado por um conjunto de regras de comportamento que a sociedade espera que sejam respeitadas.

A Moral diz respeito aos costumes, princípios, códigos e normas que tentam regulamentar a maneira de agir das pessoas sob o ponto de vista do que é bom ou mau. Portanto, a questão básica da moralidade é saber diferenciar o bem do mal. A Moral responde à pergunta: o que posso e o que não posso fazer?

Cinco aspectos devem ser observados:

- As regras estabelecidas pela Moral podem variar no tempo e nas sociedades. Exemplos: a escravidão, aceita até um determinado momento da civilização ocidental, hoje, é considerada abominável; e a poligamia, permitida no islamismo, é reprovada no cristianismo. Entretanto, como a humanidade não pode, a cada geração, reinventar a roda, pois, se assim fosse, não haveria progresso, do mesmo modo, se a todo momento for necessário discutir e refazer normas já consagradas, o ser humano nunca conseguiria elevar seu nível moral e estaríamos regredindo a cada minuto, até voltarmos aos padrões dos homens das cavernas.

- A Moral não é um simples catálogo de proibições, porque não é negativista, mas construtiva, uma vez que orienta o homem, que tem livre arbítrio na escolha de seu próprio destino.

- A norma moral tem caráter coletivo e expressa o que está enraizado na tradição ou foi recentemente estabelecido pela sociedade, mas só tem valor real se for aceita em termos pessoais, isto é, se for internalizada e praticada pelo indivíduo. Portanto, quando se educa a juventude, não basta pregar uma relação de normas para o bom convívio social. É preciso que o educador explique, acredite e pratique o que fala, tornando-se exemplo vivo daquilo que prega. O ato moral é complexo. O ideal é que seja livre, consciente e intencional, porque diz respeito à responsabilidade do indivíduo com a sociedade.

- Para ser respeitado, aquele que exerce função de comando, chefia ou direção, em qualquer nível, terá que pautar sua vida por padrões morais aceitos pelo grupo no qual está integrado, cabendo a ele transmitir aos subordinados os princípios morais da instituição ou do grupo social a que pertence. De outro modo, não obterá a confiança do grupo, não terá credibilidade e, muito menos, virá a liderá-lo.

- É difícil estabelecer, a priori, um código de conduta para todas as situações da vida. Por isto, estando na dúvida sobre o que fazer (dúvida ética), é conveniente lembrar a Regra de Ouro - também chamada de Princípio da Reciprocidade -, que pode ser expressa da seguinte forma:

"Trate os outros como você gostaria de ser tratado e só faça aquilo que você gostaria de ver os outros fazerem."

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Comentarios

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Prezado, Parabéns pelo texto, muito bem escrito. O assunto tem conteúdo para ser explorado semanalmente. Aguardo outras publicações. Sucesso!
Percebo que a sociedade precisa resgatar todos os valores, princípios, crenças, normas... - Entender melhor e refletir - Qual é o sentido da vida? Resgatar a Era da Consciência! Parabéns pelo texto!
Prezado Cel Mario Hecksher Neto, parabéns pelo esmerado texto, pois nossa sociedade anda merecendo relembrar o que é ética e moral.
Bom dia! Uma correçaozinha de semântica: no segundo parágrafo vem o trecho "... bom ou mal... ". O certo é "... bom ou mau.. ", pois me parece, pelo contexto, que o autor quis colocar dois adjetivos. Adjetivos: bom e mau. Substantivos: bem e mal
Parabéns pela iniciativa do EB e do autor. Texto objetivo e pertinente na vida do brasileiro. Nossas saudações ao Cel Mário Hecksher Neto.
Senhor coronel Hecksher. Dentro da essência mais pura de civilidade, ética e moral sempre será imprescindível para uma convivência sadia e harmoniosa. Já dizia o profeta: “gentileza gera gentileza”. No entanto estamos convivendo com uma situação muito estranha às nossas tradições: “Xingue-os do que você é, acuse-os do que você faz”. Com certeza isso remete todos nós a um delongado estudo. No entanto a maioria absoluta da sociedade de maior poder e força política, parece mais se comportar como os três macaquinhos, porém não sábios e sim ineptos diante de uma situação que inegavelmente diz respeito a todos os realmente patriotas. A fábula a seguir retrata bem essa indiferença da sociedade de maior representatividade e a grave consequência se não tomar atitude de correção de rumo com celeridade. A Ratoeira Um rato, olhando pelo buraco na parede, vê o fazendeiro e sua esposa abrindo um pacote. Pensou logo em que tipo de comida poderia estar ali. Ficou aterrorizado quando descobriu que era uma ratoeira. Foi para o pátio da fazenda advertindo a todos: -Tem uma ratoeira na casa, uma ratoeira na casa! A galinha, que estava cacarejando e ciscando, levantou a cabeça e disse: -Desculpe-me Senhor Rato, eu entendo que é um grande problema para o senhor, mas não me prejudica em nada, não me incomoda. O rato então foi até o cordeiro e disse a ele: -Tem uma ratoeira na casa, uma ratoeira! -Desculpe-me Senhor Rato, mas não há nada que eu possa fazer, a não ser orar. Fique tranquilo que o senhor será lembrado nas minhas preces. O rato dirigiu-se então à vaca. Ela respondeu: -O que Senhor Rato? Uma ratoeira? Por acaso estou em perigo? Acho que não! Então o rato voltou para a casa, cabisbaixo e abatido, para encarar a ratoeira do fazendeiro. Naquela noite ouviu-se um barulho, como o de uma ratoeira pegando sua vítima. A mulher do fazendeiro correu para ver o que havia pegado. No escuro, não viu que a ratoeira pegara a cauda de uma cobra venenosa. A cobra picou a mulher. O fazendeiro a levou imediatamente ao hospital. Ela voltou com febre. Todo mundo sabe que para alimentar alguém com febre, nada melhor que uma canja. O fazendeiro pegou seu cutelo e foi providenciar o ingrediente principal: a galinha. Como a doença da mulher continuava, os amigos e vizinhos vieram visitá-la. Para alimentá-los, o fazendeiro matou o cordeiro. A mulher não melhorou e acabou morrendo. Muita gente veio para o funeral. O fazendeiro então sacrificou a vaca para alimentar todo aquele povo. Moral da história: Na próxima vez que ouvir-se dizer que uma coletividade está diante de um problema e acreditar que o problema não lhe diz respeito, lembre-se que quando existir uma ratoeira todos nós corremos risco. O problema de uns, é problema de todos, quando se vive em sociedade.
O texto traz uma questão muito cara: a diferença entre a moral e a ética. Estudei esse tema no mestrado que fiz. Em linhas gerais, a ética estaria mais próxima de uma reflexão das condutas e normas vigentes. Parabéns pelo texto, gostaria de receber mais post sobre esse tema.
A sociedade vem a muito tempo sofrendo pela interferência negativa de seus líderes, que não passam confiança, moral e ética para a nação. A educação nas escolas estão acompanhando essa degradação da moral uma vez que o MEC segue uma cartilha não condizente com o que se espera do ensino como aprimoramento de pessoas, desenvolvimento intelectual e construção da cidadania. Toda a fragilidade social causada pelas corrupções, condicionam setores da sociedade a estabelecerem conceitos próprios dentro do que conseguem compreender como sociedade, pensando primeiro em como sobreviver, afastando essas pessoas de reflexões sobre o bem coletivo e encerrando a sociedade em fragmentos que lutam por causas próprias. Falta liderança que reverta essa situação direcionando os olhares da sociedade para horizontes similares e que realmente importem para o progresso e soberania. O mais grave é que os líderes vêm dessa mesma sociedade e o círculo vicioso tende a não ser rompido. Por isso os jovens que sobrevivem a tantos golpes contra suas esperanças no futuro estão olhando tanto para a FA.
Prezado Sr ENIO, grato pela sua correção no artigo. Providenciaremos a correção. Atenciosamente,
Desculpe-me Cel Mario Hecksher Neto. Percebo a boa intenção do seu artigo, mas ele trata basicamente de regras morais. Isso pode ser visto claramente na sua frase "A Moral responde à pergunta: o que posso e o que não posso fazer?" No entanto, ele peca por uma questão básica: através de regras morais não se pode diferenciar o bem do mal, o certo do errado, o justo do injusto, o adequado do inadequado. Acima das regras morais existem os princípios morais, que não são regras, são critérios formais que embasam as regras. As regras morais podem justificar tudo. O senhor mesmo, em seu texto, coloca que "a escravidão, aceita até um determinado momento da civilização ocidental, hoje, é considerada abominável" Não, naquela época já era considerada abominável por aqueles que, guiados por princípios morais, e não por regras morais, eram anti-escravistas e abolicionistas. As regras morais nazistas permitiram que seis milhões de judeus fossem eliminados, enquanto princípios morais levaram milhares de alemães, pondo em risco seus próprios familiares, a esconderem em seus porões e sótãos milhares de judeus. As regras morais comunistas permitiram eliminar 100 milhões de pessoas, enquanto princípios morais levaram milhões aos campos de concentração por se oporem a essa matança. Aqui mesmo no Brasil, as regras morais esquerdistas, difundidas principalmente pelo PT, e que hoje dominam universidades, imprensa, o congresso, ministérios, a educação, etc. consideram que toda a corrupção e o caos social são justificáveis, se for pelo bem da causa socialista. Baseado em princípios morais, vá tentar convencer um Lula, que se diz ser o mais honesto do país, ou qualquer de seus comparsas de que eles são amorais. Nunca serão convencidos, pois suas regras morais os convenceram de que são santos, só faltando a canonização.

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