“Nenhuma máquina é melhor do que um homem com uma máquina.”
Richard Bookstaber, Massachusetts Institute of Tecnology (MIT)
O mundo virtual é a extensão do mundo real. A compreensão desta premissa nos permite visualizar uma miríade de oportunidades no sistema digital, que não poderiam nem sequer ser imaginadas no sistema analógico. Capacidades intangíveis, como a ubiquidade, proporcionam resultados exponenciais, que são difíceis de serem acompanhados passo a passo pela nossa mente linear.
Quando se fala em migração para o EBAula, é comum acharmos apenas que vamos passar a ter disponíveis cursos na modalidade Educação a Distância (EaD). Contudo, a onipresença, no espaço e no tempo, proporcionada pelo ensino híbrido (EaD e em apoio ao presencial) traz desdobramentos no comportamento do corpo docente, que gera impactos em todo o Sistema de Educação e Cultura do Exército (SECEx), muito mais rápido do que podemos imaginar. Em outras palavras, pode se dizer que o “tempo digital” é mais acelerado que o “tempo real”.
Nesse sentido, o Centro de Educação a Distância do Exército (CEADEx) desenvolveu uma ferramenta para a condução de cursos regulares dentro do EBAula: o EBVirtual (Anexo1). Entendem-se como “regulares” os cursos de graduação da Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN) e os cursos do ensino médio e do ensino fundamental do Sistema Colégio Militar do Brasil (SCMB), ou seja, cursos que têm como público-alvo jovens, crianças e adolescentes, em fase de formação, na estrutura de ensino da Força Terrestre.
A principal potencialidade que o EBVirtual trouxe para o EBAula foi a sua flexibilidade. O EBAula tradicionalmente havia hospedado em sua plataforma cursos, estágios e capacitações de curto e médio prazos, voltados para os adultos, exclusivamente. Ou seja, militares da ativa, veteranos ou servidores civis.
Tal flexibilidade se dá pela possibilidade desses estabelecimentos de ensino terem autonomia de customizarem suas salas de aula virtuais também para crianças e adolescentes, por ano letivo, disciplina ou frações constituídas, por intermédio da secretaria virtual, que será formada por três integrantes da própria escola, com o objetivo de prestarem o suporte de nível um, para o corpo docente. No caso de demandas mais complexas, o suporte nível dois será prestado pelo CEADEx.
O banco de dados utilizado para cadastrar os alunos do SCMB foi o sistema integrado dos colégios militares (SINCOMIL) e, para cadastrar os cadetes da AMAN, foi empregado o cadastro do Departamento Geral de Pessoal (DGP). Os sistemas referenciados permitem a constante atualização das informações relativas aos usuários.
A descentralização proporcionada pela ferramenta EBVirtual ainda possibilita que a criatividade na produção de conteúdo digital de um determinado estabelecimento de ensino seja compartilhada, de forma mais rápida e eficaz, pela Diretoria de Educação Preparatória e Assistencial (DEPA), escalão enquadrante do SCMB, e pela Diretoria de Educação Superior Militar (DESMil), da qual a AMAN é Organização Militar Diretamente Subordinada (OMDS). Diante desse quadro, uma iniciativa que esteja agregando valor em Belém, no Pará, pode ser imediatamente absorvida pelos alunos de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul.
Entre os plugins disponíveis no EBVirtual está o H5P, que é um recurso que torna simples a criação de conteúdo interativo, fornecendo uma infinidade de tipos de material para uma imensa gama de necessidades. Outras possibilidades da ferramenta estão associadas ao uso da realidade aumentada, da realidade virtual e da gamificação.
Outro efeito positivo de segunda ordem do EBVirtual é o melhor aproveitamento do segmento feminino como criadoras de conteúdo digital, na plataforma EBaula. Segundo o escritor Walter Longo, no seu livro “Os homens são analógicos, mulheres são digitais”:
“Em um mundo pós-digital, onde os sistemas colaborativos de gestão ganham força, busca-se cada vez mais profissionais multitarefas para organizações cada vez menos compartimentadas e mais matriciais. O arquétipo feminino pós-digital é o conceito de como empresas e organizações podem adotar para abranger os sistemas colaborativos.”
Tal característica chama bastante atenção no SCMB, onde existem muitas mulheres no seu corpo docente, e na AMAN, que já possui oficiais combatentes formadas, desde 2021, potencializando a interatividade no letramento digital.
Por fim, o EBVirtual foi desenvolvido para permitir que o EBAula atenda aos nativos digitais, que vivem sob o acrônimo do “mundo BANI” (“brittle”/frágil, ansioso, não-linear e incompreensível), que foi popularizado após a perplexidade causada pela pandemia da COVID-19. Esses jovens continuam com sede de conhecimento. Contudo, eles precisam encontrar conteúdo relevante na tela do celular ou do computador, pois são nesses espaços virtuais onde eles passam a maior parte do tempo.
Anexo 1
Fontes:
1) PORTARIA Nº 900, DE 20 DE JULHO DE 2015. Cria e ativa o Centro de Educação a Distância do Exército, e dá outras providências.
2) Portaria nº 481-EME, de 23 de novembro de 2016. Aprova a Diretriz de Educação a Distância do Exército Brasileiro (EB20-D-10.046). Boletim do Exército nº 48. Brasília, DF;
3) PORTARIA Nº 1.042, DE 18 DE AGOSTO DE 2017. Aprova o Plano Estratégico do Exército 2016-2019, integrante da Sistemática de Planejamento Estratégico do Exército, e dá outras providências.
4) PORTARIA Nº 1.968, DE 03 DE DEZEMBRO DE 2019. Aprova o Plano Estratégico do Exército 2020-2023, integrante da Sistemática de Planejamento Estratégico do Exército, e dá outras providências.
5) BRASIL. Exército Brasileiro. Departamento de Educação e Cultura do Exército. Portaria DECEx/C Ex Nr 407, de 16 de setembro de 2021. Aprova a Diretriz de Orientação para o Incremento da Educação Assistida por Tecnologias Digitais no Âmbito do Sistema de Educação e Cultura do Exército (EB60-IR-05.006). Boletim do Exército Nr 38/2021, Brasília, DF, 24 Set 2021.
6) Diretriz do Comandante do Exército 2023-2026
7) Longo, walter. Livro: “Os homens são analógicos, Mulheres são digitais”.
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