Comandantes e adjuntos de comando: uma relação baseada na lealdade

Autor: 1º Sgt Luiz Gustavo da Silva Siston

Segunda, 01 Outubro 2018
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A estrutura dos cargos e das funções no Exército permite que oficiais e sargentos executem atribuições de forma conjunta. A constituição das pequenas frações é um excelente exemplo, pois constituem as unidades em que aqueles militares, no início de carreira, exercem funções de comando, de acordo com níveis de responsabilidade, e trabalham em equipe para a conquista dos objetivos comuns do grupo.

Nas pequenas frações, o sargento, por meio da liderança direta sobre seu grupo, executa ordens de seu Comandante imediato no cumprimento de diferentes missões. Além disso, destaca-se a atuação do sargento adjunto, que possui as missões de assessorar seu Comandante e certificar-se de que todas as ordens foram compreendidas e estão sendo corretamente executadas. Esse trabalho conjunto, observados os diferentes níveis de responsabilidade, é sempre pautado na hierarquia e disciplina. Ele é um importante fator a ser considerado nas diversas vertentes de emprego da Força Terrestre, uma vez que as características dos recentes teatros de operações têm demonstrado o emprego cada vez mais descentralizado das frações.

No prosseguimento da carreira dos sargentos, a missão de assessoramento torna-se mais acentuada devido à experiência adquirida ao longo dos anos. Sendo exercido nos diferentes níveis de comando, o assessoramento torna-se uma importante ferramenta de apoio à tomada de decisão dos Comandantes. Hoje, com a criação do cargo de Adjunto de Comando, essa experiência, aliada à capacidade de trabalho dos subtenentes e sargentos, tem sido considerada em apoio ao Comando e em proveito das Organizações Militares (OM).

Os graduados nomeados para o cargo integram o Estado-Maior de suas OM, assessoram o Comandante nos assuntos relativos às praças e executam suas atribuições  alinhados com a intenção daquele. Nessa relação, respeitam os atributos e valores mais significativos da profissão militar, entre os quais se destaca a lealdade. Por ser o valor moral mais relevante da Instituição, manifesta-se pela verdade no falar, sinceridade no agir e fidelidade no cumprimento dos deveres e das responsabilidades assumidas.

A lealdade é um atributo que deve estar sempre presente no ambiente militar. Porém, no relacionamento entre subordinados e comandantes, deve ser obrigatoriamente ser observada, pois ambos assumem responsabilidades e têm deveres que estão estritamente relacionados aos interesses institucionais. Assim, as relações entre Adjuntos de Comando e Comandantes, bem como com os demais integrantes do Estado-Maior, são sempre baseadas na lealdade, possibilitando a construção de um vínculo de confiança que tem demonstrado excelentes resultados. A existência desse importante atributo nessas relações serve de exemplo aos sargentos mais jovens, contribuindo para o amadurecimento e fortalecimento de seus valores morais.

O respeito e a observância aos valores morais contribuem para o aumento da coesão e do espírito de grupo e permitem que o Exército esteja, cada vez mais, preparado para a execução de suas missões constitucionais. Além disso, possibilitam a manutenção da imagem da Força perante à sociedade brasileira como uma das instituições de maior credibilidade do País.

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Excelente artigo que retrata os imutáveis valores dos melhores exércitos em todos os tempos. Não há dúvida de que as ferramentas utilizadas por esses exercitos para a vitória foram a estratégia e a coesão. A coesão no EB, por sua vez, vem sendo precipuamente amalgamada pela implementação do cargo de Adjunto de Comando, por meio de um assessoramento baseado no conhecimento técnico, profunda experiência e absoluta isenção.
Caro Siston, Muito bem colocado o conceito de lealdade que deve existir entre Adjuntos de Comando e Comandantes. Ressalto que o exemplo, vivido e demonstrado por estas partes, deste valor imprescindível a nós militares, arrasta toda uma tropa a fazer o mesmo, não apenas entre superior e subordinado, mas também entre seus pares, o que, por si só, já terá compensado o advento do nobre cargo de Adjunto de Comando. Siston, obrigado pelas palavras de reforço e apoio a esta recente função de nosso EB, que com pouco investimento de recursos financeiros tem trazido bons frutos no que diz respeito a cumprimento de missão e favorecimento de um ambiente agradável nas OM entre seus integrantes
Parabéns pelo artigo! Li este e também o seu outro artigo sobre a referida função. Muito bom ver esta evolução nas relações em nosso Exército! O exemplo dos meus primeiros Adjuntos de pelotão, que são excepcionais militares, com muito mais experiência profissional e de vida do que eu, foi fundamental para o meu amadurecimento profissional e até pessoal. Mesmo você comentando sobre a não comparação com a função em outros Exércitos, me perguntava porquê não tínhamos esta figura do Sgt junto às demais funções de comando dos oficiais, notadamente a Subunidade e a Unidade. Sgts estes dedicados exclusivamente ao assessoramento do Cmdo nos diversos assuntos. Bom saber que estamos dando passos sólidos nesta direção! Se possível, seria interessante saber mais como funcionam estas funções de assessoramento dos "Sargentos de Comando" nos níveis SU e U no US Army. Muito obrigado!
Liderança, responsabilidade, respeito e lealdade mútua são conteúdos atitudinais imprescindíveis para uma relação produtiva entre Comandante e Adjunto de Comando. Obrigado por nos brindar com este excelente artigo!
Prezado Sgt Siston (perdoa-me caso já tenha sido promovido), acabei de ler seus dois artigos, Comandantes e adjuntos de comando: uma relação baseada na lealdade e O Adjunto de Comando no Exército Brasileiro, muito me acrescentou com suas exposições. É um interesse pessoal em ascender a esse cargo, portanto, suas aclarações foram totalmente pertinentes.

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