Churchill, Lincoln e Visconde do Rio Branco

Autor: Maj Tiago Pedreiro de Lima

Segunda, 04 Dezembro 2017
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Winston Churchill talvez seja o mais importante político inglês do século XX. Sua atuação nas decisões políticas e militares, que influenciaram a 1ª Grande Guerra, e sua brilhante liderança, que conduziu o Reino Unido na 2ª Guerra Mundial, colocaram-no nesse status. Porém, foram os estudos de sua vida e obra, bem como as manifestações culturais a seu respeito, que o transformaram no maior personagem britânico de todos os tempos, imagem sedimentada no imaginário coletivo.

Figuras históricas como Churchill são depositárias dos valores morais mais importantes de suas nações. São a elas que seus compatriotas recorrem nos momentos de crise.
Por ser fonte inesgotável de inspiração, a vida do ex-primeiro ministro britânico foi escrita, reescrita e traduzida para diversos idiomas, sendo retratada, também, em muitos filmes. Não por acaso, ele é, novamente, o personagem principal em dois novos filmes, quase simultâneos: "Churchill", lançado em outubro deste ano; e "O destino de uma nação", previsto para estrear nos cinemas em janeiro de 2018.

Este artigo pretende trazer à tona as seguintes reflexões: Quem são os personagens brasileiros que podem inspirar o Brasil de hoje? Quais são os valores que devem nortear o País, para vencermos mais esta crise que vivemos?

É verdade que a história do Brasil é repleta de personagens grandiosos. Homens e mulheres abnegados que viveram intensamente em prol da Nação. O que nos cabe, hoje, é estudar a vida e os feitos dessas personalidades, se não pelos bancos escolares – há muito tempo ideologicamente enviesados –, pelo menos por iniciativa própria. Em tempos de Google, Amazon e e-books, a busca individual do conhecimento nunca esteve tão acessível a todos nós.

Se nos prontificarmos a buscar essas referências históricas, encontraremos, entre tantos estadistas existentes em nossa história, José Maria da Silva Paranhos - o Visconde do Rio Branco, pai do Barão do Rio Branco. Militar, professor, jornalista, redator, deputado, diplomata, ministro. Visconde do Rio Branco notabilizou-se desde cedo e, por toda a vida, dedicou-se a engrandecer o Brasil.

Já aos 25 anos, influenciava a elite intelectual do País. Suas ideias poderiam perfeitamente ser publicadas nos editoriais dos jornais de hoje. Era defensor do liberalismo econômico: "Alargai a esfera dos cidadãos que podem tomar parte nos negócios do Estado, prescrevei o exclusivismo, que manda somente dar importância a um limitado número de pessoas". Combatia a corrupção: "Estendei a espada da justiça até os lugares onde empregados dilapidadores estragam a riqueza pública". Desejava melhor representatividade política: "Que as Câmaras sejam realmente a expressão do país inteiro". Pregava a tolerância e a liberdade de expressão: "Quereis a desgraça do país? Exercei a parcialidade e a injustiça para com aqueles cujas opiniões forem diversas". E criticava a fomentação da luta de classes, o que, segundo ele, desmantelaria o Império e aniquilaria tudo que tem de mais caro à Nação.

Na função de diplomata, o Visconde foi responsável pela fixação das fronteiras entre Brasil e Uruguai; afastou a proibição, imposta pelo ditador Lopez, de o Brasil navegar no Rio Paraguai até o Mato Grosso; esteve à frente da celebração do Tratado do Paraná em 1856, importante marco fronteiriço para a questão das Missões. E, após a Guerra da Tríplice Aliança, foi designado para organizar o novo governo paraguaio, que fora totalmente desmantelado.

Mas, foi no cargo de Presidente do Conselho de Ministros, à frente da Campanha Abolicionista, que Visconde do Rio Branco elevou-se à condição de estadista. Assim diz seu biógrafo, General Affonso de Carvalho: "É aí na defesa de uma causa tão justa quão humana que a sua figura se agiganta e toma as proporções dos estadistas que as pátrias predestinam – como Lincoln". A vitória de seu trabalho foi a promulgação, em 28 de setembro de 1871, da Lei Rio Branco, assinada pela Princesa Isabel e conhecida, também, como Lei do Ventre Livre.

Se não foi possível libertar todos os escravos na época, foi graças à postura apaziguadora de Rio Branco que não sofremos cisões políticas, que poderiam descambar para uma guerra como a norte-americana. Assim como Lincoln, o povo fez justiça ao Visconde do Rio Branco: "Aí vai o nosso protetor!", gritavam as mães escravas levantando seus bebês, ao avistá-lo nas ruas cariocas.

Foi responsável, ainda, por reformas do judiciário e da magistratura; instituiu os registros civis de nascimento, casamento e óbito; autorizou a concessão de empréstimos oficiais a juros; reformou a Casa da Moeda; estabeleceu as moedas de níquel; iniciou o arrasamento do Morro do Castelo, além de muitas outras iniciativas governamentais. Foi um verdadeiro reformista.

Que exemplo de vida dedicada ao Brasil!

Poderia Visconde do Rio Branco inspirar nossos políticos de hoje? Seus valores deveriam guiar a todos nós no enfrentamento da crise atual? As respostas são, indubitavelmente, sim e sim!

O Brasil não teve Churchill. O Brasil não precisa de um Lincoln. Nós tivemos nossos heróis, como o Visconde do Rio Branco. E precisamos conhecê-los.




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Comentarios

Comentarios
Belo texto! Valorizando a nossa história. Parabéns!!!
Parabéns pelo texto. Precisamos resgatar nossa memória histórica. E o Brasil Paralelo e seus associados estão realizando essa heróica tarefa!
Excelente texto, camarada. Mais um lembrete de que precisamos resgatar na nossa história as figuras que fizeram a diferença no nosso País. Parabéns!
Excelente texto! Pau nos dilapidadores!!!
Capitão Lima, texto muito bom para a reflexão. Pena que nas escolas públicas de hoje não existe essa sensibilidade salutar. Brasileiros que não cultuam os nossos vultos nacionais e ainda fazem uso de vestimentas com estampas de figuras alheias às nossas tradições, são uns verdadeiros recalcados ou idiotas úteis a serviço de seus promitentes algozes. Chega a ser nauseante ver estampas do Mao Tsé-Tung, Che Guevara, Karl Marx e outros em camisas por aí afora nesse imenso Brasil. Garanto que esses personagens não seriam capazes de usar uma roupa com a estampa do Tiradentes e outros muitos heróis brasileiros. O problema de eles serem assim é uma coisa, agora eles quererem que todos tenham o mesmo gosto deles é um problema gravíssimo. Governos totalitários são sinônimos de opressão e miséria. Devemos sempre mirar naquilo que faz bem à alma de qualquer ser humano de sensibilidade fraterna. Visconde do Rio Branco “Deus e trabalho” (Deus et labor) Abraham Lincoln “A democracia é o governo do povo, pelo povo, para o povo”. Winston Churchill "Tem-se dito que a democracia é a pior forma de governo... Mas, existe outra forma de governo melhor?"
Parabéns pelas palavras que nos lembram a grandesa de nosso povo. Somos uma grande nação com figuras importantes, um tanto esquecidas pelas novas gerações. Precisamos nos erguer novamente, lembrar aos mais jovens as façanhas do povo brasileiro. Cada passo, cada palavra, cada gesto neste sentido é meritório.
Excepcional!! Belíssimo texto! Parabéns camarada! Que suas ideias possam inspirar cada vez mais nossa gente e assim combatamos impiedosamente os dilapidadores, ratos e apátridas deste nosso maravilhoso Brasil. Fé na missão! Brasil Acima de Tudo!
Parabéns Pedreiro. Excelente texto. Além dele eu acrescento o próprio filho do Visconde, o Barão, e outro grande estadista ao qual devemos a consolidação do Imperio, o Marquês do Paraná.
Parabéns! Estou imprecionada com tanta riqueza em tão poucas linhas, seu trabalho nos revela motivos de orgulho por nossa história e por personalidades que não nos foram apresentados nas escolas.
Parabéns pelo texto capitão Pedreiro. A pátria que não relembra os feitos, valorizando seus heróis do passado, dificilmente terá sucesso no futuro. Grande honra ter servido com você na MINUSTAH (BRAENGCOY 25), continue com esse espírito! Brasil, acima de tudo!
Obrigado, Major. Aprendi muito com o Sr. Xingu!
O Barão do Rio Branco foi outro grande personagem na História do Brasil. Mas meu objetivo foi realmente provocar, apresentando uma pessoa tão importante quanto desconhecida por nós, atualmente.
Obrigado pelos elogios. Um grande Brasil é possível, mas somente se cultivarmos tradições e cultuarmos os heróis certos.
Obrigado pelos elogios. Um grande Brasil é possível, mas somente se cultivarmos tradições e cultuarmos os heróis certos.
Com certeza, parabéns.
Texto bastante elucidativo e inspirador !!! parabéns !!!
Homens exemplares foram forjados no Império do Brasil: Duque de Caxias, Tamandaré, Osório, Sampaio, André Rebouças, Machado de Assis, Carlos Gomes, Visconde de Rio Branco, e muitos outros, fruto do grande exemplo que foi o imperador. A república nos tornou pobres de bons exemplos. Parabéns pelo belo texto.
Ola! Major Pedreiro, parabéns pela excelente ilustração, no melhor sentido que essa palavra possa alcançar. Outra coisa, acompanhei um trabalho acadêmico de mestrado do senhor que trata do RAE, gostaria de poder referenciá-lo no meu TCC. Sou 1º Sgt, da ativa. Há possibilidade disso ? Como faço para dialogar com o senhor a respeito do assunto ? Grande abraço!!!

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