O artigo de opinião “A Dimensão Política e Estratégica da Participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial”, elaborado pela Divisão de Preparação e Seleção (DPS) da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (ECEME) e resumido aqui para o EBLog, tem por objetivos comemorar a importante atuação da Força Expedicionária Brasileira (FEB) nesse conflito, relembrar os 75 anos do término da Segunda Guerra Mundial (II GM) e ir ao encontro do posicionamento de historiadores de relevância, como o do professor doutor César Campiani Maximiano em seu trabalho “Sul do Norte ou Norte do Sul? – Ideologia e inflexões na cultura estratégica brasileira”, publicado na Revista Defesa Nacional, nº 824 – 2º quadrimestre de 2014, que vem reforçar o título do artigo referenciado, ao elencar o espectro das dimensões políticas e estratégicas da opção brasileira em participar, ao lado dos Aliados, no maior conflito bélico da história da humanidade.
Em uma rápida passagem sobre as causas remotas e imediatas desse conflito, pode-se constatar a frágil construção da paz após a Primeira Guerra Mundial, em que se buscaram culpados pela guerra, direcionando o mundo para um novo embate global de maiores proporções.
Na década de 1920, com suas transformações em todos os aspectos das atividades humanas, constatou-se o avanço dos regimes autoritários inflados pela Crise de 1929, que comprometeu o sistema financeiro internacional e as democracias liberais do Ocidente.
No Brasil, eram vivenciados os novos rumos da cultura, influenciados pela Semana de Arte Moderna, bem como o caos econômico no final da década, provocado pela Quebra da Bolsa de Nova Iorque em uma economia calcada basicamente em um produto único, como o café.
É, nessa década, que movimentos como o Tenentismo vão sacudir a política nacional baseada em acordos entre as elites regionais desfalcadas da visão de país, produzindo pensadores que vão participar ativamente da vida política e militar nacional.
Nesse período do Entre Guerras (1919-1939), põe-se à mostra a consolidação e expansão de soluções autoritárias, tanto na Europa como no Brasil, com a finalidade de se encontrar soluções para as crises que se seguiram à Grande Guerra de 1914-1918, adicionadas à expansão bélica de diversos países, o que pôs em risco a tênue paz existente, com a complacência de outras nações crédulas em uma solução de consenso.
Pode-se ver o dilema do Estado Novo instituído no Brasil, em meio à Era Vargas, no seu oscilante posicionamento entre o apoio aos Aliados e às potências do Eixo.
Verifica-se, ainda, que as raízes históricas, culturais e étnicas do Brasil vão alimentar a cultura estratégica brasileira na sua escolha pelos valores ocidentais e, após os torpedeamentos de navios brasileiros, o País exigiu um posicionamento contundente do governo Vargas na defesa hemisférica ocidental.
Constituída a FEB, verificou-se o seu preparo (mudança de doutrina militar), a sua concentração e o seu deslocamento para o Teatro de Operações (TO) europeu, a atuação da Marinha do Brasil e da Força Aérea Brasileira, aproximando o Brasil dos Estados Unidos da América (EUA), bem como sua vivência e experiência na Europa, cimentando o sentimento de pertença da Nação brasileira em sua identificação cultural, política e estratégica com o Ocidente, notadamente na Itália, e deixando rastros de lembranças agradecidas à participação de nossos homens e mulheres em combate.
No retorno ao País, os integrantes da FEB, fruto de sua participação na II GM, contribuíram, de forma categórica, para a consolidação dos valores democráticos e ocidentais na história do País, inserindo definitivamente o Brasil no contexto da cultura Ocidental nos momentos decisivos da história da Nação que se seguiram, notadamente durante a Guerra Fria, demonstrando a dimensão política e estratégica da participação nesse conflito.
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