O G20 é o principal fórum de cooperação econômica internacional, desempenhando papel importante na arquitetura e governança mundiais nas questões econômicas internacionais.
Além do Brasil, compõem o G20 outros dezenove estados-membros e duas comunidades: a europeia e a africana. Nesse contexto, o Brasil assumiu a presidência rotativa do organismo em 1º de dezembro de 2023, responsabilizando-se por desenvolver, ao longo do corrente ano, diversas reuniões preparatórias em 14 cidades diferentes no País e organizar a Cúpula dos Chefes de Estado e de Governo dos países-membros.
Para a Cúpula do G20, foram convidados outros dezenove países e, além das Nações Unidas, outros catorze organismos internacionais, na cidade do Rio de Janeiro, nos dias 18 e 19 de novembro.
Inserido no planejamento estratégico integrado de segurança da Cúpula do G20, coube ao Comando Militar do Leste constituir, sob sua coordenação, o Comando Operacional Conjunto Corcovado e atuar sob a égide da garantia da lei e da ordem, oficializada por meio de decreto presidencial, que autorizou o emprego das Forças Armadas, no período de 14 a 21 de novembro de 2024, em locais e vias bem específicas.
O Comando Militar do Leste, conhecido pelo acrônimo CML, é parte integrante da Força Terrestre do Exército Brasileiro, responsável pelo emprego de tropas nos estados do Rio de Janeiro, Espírito Santo e substancial parcela do estado de Minas Gerais, excetuando-se o Triângulo Mineiro.
Destacado em sua sede, nas proximidades do Campo de Santana no centro da cidade do Rio de Janeiro, desde a aclamação de D. João VI, no século XIX, o CML tem um destacado histórico de emprego em operações interagências em grandes eventos, destacando a coordenação da segurança da Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente, batizada de Eco 92.
Desde aquele ano de 1992, estiveram sob a coordenação do CML, os empregos operacionais, explicitando-se somente os de maior vulto, nos grandes eventos da Cimeira (1999), do Rio + 20 (2002), dos Jogos Mundiais Militares (2011), Copa das Confederações (2013), Copa do Mundo (2014), Olimpíadas e Paraolimpíadas (2016), Intervenção na Segurança Pública (2018), além de inúmeras ocupações de grandes favelas da cidade, com foco no combate ao crime organizado, além do apoio à defesa civil na Pandemia da COVID (2019) e nas enchentes de Petrópolis (2022).
O Comando Operacional Conjunto Corcovado empregou seu Centro de Coordenação de Operações (CCOp) e o estado-maior geral do CML no planejamento das operações, contando, na execução de suas tarefas operacionais, com as Forças Componentes: Naval, Terrestre e Aérea.
A Força Terrestre Componente (FTC) esteve nucleada pelo Comando da 1º Divisão de Exército, com suas grandes unidades orgânicas (4ª Brigada de Infantaria Leve de Montanha, com sede em Juiz de Fora (MG), a 9ª Brigada de Infantaria Motorizada – Escola, sediada no Rio de Janeiro (RJ) e o Comando da Artilharia Divisionária, em Niterói), recebendo sob seu comando operacional a Brigada de Infantaria Pára-quedista, da Vila Militar.
As tarefas principais da FTC foram a segurança das principais vias terrestres, dos hotéis de hospedagem das delegações e do perímetro do Forte Copacabana (local de encontros bilaterais do Presidente da República do Brasil) e do Museu de Arte Moderna (instalação onde se desenvolveu a Cúpula do G20). Adicionalmente, protegeu as infraestruturas críticas elencadas pelo Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República.
Já à Força Naval Componente (FNC) coube a proteção das áreas marítimas e costeiras, empregando 23 meios navais, 2 helicópteros e 4 carros de lagarta anfíbios, patrulhando 1.400 milhas náuticas em sua área de responsabilidade.
A Força Aérea Componente (FAC) ficou baseada na cidade de Brasília (DF), junto ao Comando de Operações Aeroespaciais (COMAE), estrutura de emprego da Força Aérea Brasileira e que destacou para a operação 10 meios aéreos, entre F-5, A-29, E-99, KC-390 e helicóptero H-36.
Várias capacidades operativas reunidas no CML constituíram as demais Forças Componentes. Inicia-se a descrição pela Força Conjunta de Operações Especiais, que destacou equipes táticas, grupos-tarefa de defesa química, biológica, radiológica e nuclear e elementos de ligação junto aos hotéis das 55 delegações participantes da Cúpula.
Mobilizou-se, de igual maneira, uma Força Conjunta de Coordenação de Escoltas, que atuou em cooperação com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro e com a Guarda Municipal desta cidade, na proteção aproximada das 55 comitivas, nos itinerários entre o aeroporto do Galeão, hotéis e locais de eventos. Empregou, em 388 atividades, 610 motocicletas e 454 batedores, daquelas Agências e das Forças Armadas, com meios que se deslocaram, antecipadamente, dos Comandos Militares do Planalto, do Oeste, do Sul, do Sudeste e do Nordeste, além do pessoal e dos meios próprios do CML (1º Batalhão de Guardas e 1º e 11º Batalhões de Polícia do Exército).
A Força Componente de Defesa Antiaérea integrou a FAC, tendo desdobrado meios específicos, na área de operações, de radares e de unidades de tiro de 8 diferentes organizações militares do Comando de Defesa Antiaérea do Exército Brasileiro, sediada na cidade do Guarujá (SP).
O Comando de Defesa Cibernético, estrutura do Ministério da Defesa, uniu capacidades de proteção e controle de exploração junto ao Comando Conjunto Corcovado, realizando o levantamento do espaço cibernético de interesse na área de operações e apoiando as infraestruturas críticas.
Agregando novas capacidades, em especial àquelas relacionadas à proteção antidrone, o 1º Batalhão de Guerra Eletrônica, unidade do Exército Brasileiro desdobrada em Brasília (DF), se deslocou para a cidade do Rio de Janeiro, operando, com protocolos construídos em coordenação com a Polícia Federal e meios, que estavam, anteriormente à operação, desdobrados juntos aos Comandos Militares da Amazônia e do Oeste. Noticiou-se que, por primeira vez, organizou-se uma central de monitoramento antidrone, em proveito de um grande evento.
O Comando de Aviação do Exército, com sede em Taubaté (SP), esteve presente operando com o Comando Conjunto Corcovado, com 4 helicópteros (Esquilos, Pantera e Jaguar) e respectivas tripulações, perfazendo um esforço aéreo de cerca de 40 horas de voo. Destacou-se o emprego em proveito dos Comandos Conjuntos de Operações Especiais e de Coordenação de Escoltas, este último obtendo consciência situacional de mobilidade das comitivas com o “Olho da Águia”.
Importante ressaltar que, pela presença na cidade do Maior Mandatário do País, não só para a Cúpula do G20, no Museu de Arte Moderna (MAM), mas também em eventos paralelos, como o G20 Social e Encontros Bilaterais com diversos Chefes de Estado, no Forte de Copacabana, coube à FTC designar o Comandante da 9ª Brigada de Infantaria Motorizada (Escola) para executar a Coordenação de Segurança de Área (CSA) nesses eventos.
Foi destaque o gerenciamento da logística proporcionado pelo Comando da 1ª Região Militar, em especial em proveito das Forças Componentes, citando-se o apoio em instalações para os efetivos deslocados de suas sedes, nas Organizações Militares desdobradas no Rio de Janeiro; o apoio de saúde aos militares empregados, em especial aos motociclistas batedores da Força Conjunta de Escoltas; o fornecimento de mais de 72 mil etapas de alimentação, além da distribuição de equipamentos de proteção, como capacetes e coletes balísticos, dentre outros apoios.
Chamou a atenção do Comando Conjunto Corcovado a integração obtida, desde a fase do planejamento e, sobremaneira, na execução da segurança em conjunto do evento com as Agências Federais, em especial com as superintendências locais; com as Forças de Segurança Estaduais e Municipais e com os diversos órgãos presentes na operação, citando-se, por justiça, a Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro. Em todos os momentos, a principal preocupação reinante era a resolução de problemas que facilitassem o emprego conjunto em proveito da efetividade da entrega da segurança ao importante evento.
Foi destaque na mídia nacional, em 20 de novembro: “O plano de segurança montado para a Cúpula do G20 foi executado com eficiência, garantindo a proteção dos líderes mundiais e o funcionamento das atividades sem incidentes graves. Apesar do roubo de três carros a serviço do evento, ninguém ficou ferido. Os veículos foram recuperados. O esquema contou com o envolvimento de milhares de agentes das forças de segurança, operações integradas de monitoramento e restrições estratégicas no trânsito da cidade e no metrô. Por medida de segurança, o Aeroporto Santos Dumont permaneceu fechado nos dias 18 e 19. As medidas adotadas foram determinantes para evitar transtornos e assegurar o sucesso logístico do evento, que reuniu representantes de várias partes do mundo. (Matéria: “Erros e Acertos da Cúpula dos Líderes”, G1)
As entregas de segurança integrada proporcionadas pelo Comando Operacional Conjunto Corcovado, na Cúpula do G20, foi fruto de um acertado planejamento, detalhado e ajustado entre todos os órgãos e agências envolvidos, minucioso ensaio executado de todas as tarefas previstas e esmerada execução, aperfeiçoada, dia a dia, focada exclusivamente na eficiência da segurança a ser proporcionada.
O Comando Militar do Leste, no momento em que conclui uma sensível coordenação de segurança de mais um grande evento, em uma cidade cosmopolita como o Rio de Janeiro, para a qual os olhos do mundo voltaram-se a ela, orgulha-se dos homens e mulheres das Forças Singulares co-irmãs e dos seus Grandes Comandos, Grandes Unidades e Organizações Militares Diretamente Subordinadas. De forma semelhante, enaltece os integrantes das diversas Organizações Militares do Exército Brasileiro que se deslocaram de suas diferentes e longínquas sedes, agregando competências, meios e habilidades.
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