A alma da farda: o que representa o uniforme para o militar brasileiro

Autores: 2º Ten Hildemar das Graças Teixeira
Sexta, 10 Outubro 2025
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A farda verde-oliva não é uma vestimenta qualquer. Para o militar brasileiro, ela representa mais que identidade visual ou padronização: é a materialização de valores que transcendem o tempo — como a coragem, a honra, a disciplina e o amor à Pátria. Vesti-la é assumir um legado de gerações que, em tempos de guerra ou paz, juraram defender a soberania nacional, mesmo com o sacrifício da própria vida.

Neste artigo, exploramos o simbolismo, a história e os sentimentos que envolvem o uso da farda no Exército Brasileiro, por meio de uma análise histórica e de relatos emocionantes de militares que viveram o impacto de vesti-la pela primeira vez.

A farda na história do Exército Brasileiro

Desde os tempos coloniais até a formação do Exército moderno, a farda sempre foi mais que uma identificação: era um símbolo de pertencimento e respeito. Ainda no período do Império, a distinção dos uniformes servia para expressar as patentes e funções, mas também para transmitir ordem, coesão e autoridade. Com o tempo, o verde-oliva se consolidou como a cor oficial do Exército, representando a sobriedade e a conexão com a terra — a Pátria que se jura proteger.

Com as reformas nos uniformes ao longo do século XX, especialmente após a Segunda Guerra Mundial, o Exército Brasileiro incorporou elementos de praticidade e eficiência, sem abrir mão da simbologia. Atualmente, cada uniforme — seja o de passeio, o de serviço ou o de campanha — carrega uma função específica, mas todos têm em comum o poder de lembrar ao militar sua missão, seus valores e sua identidade.

Relatos que marcam vidas

“Quando vesti a farda pela primeira vez, chorei escondido no alojamento. Não era tristeza, era um orgulho que não cabia no peito. Eu era neto de ex-combatente da FEB. Aquela farda tinha história”.

– 1º Sgt Maurício, 26 anos de serviço.

Esse é apenas um entre milhares de relatos emocionantes que marcam a trajetória de militares brasileiros. O primeiro contato com a farda costuma ser simbólico: é o momento em que o recruta ou aluno passa a se ver como parte de algo maior, pertencente a uma coletividade que preserva tradições e se prepara para os desafios do presente.

Para muitos, é também o resgate de uma herança familiar. Filhos e netos de militares relatam sentir, ao vestir a farda, que dão continuidade a um ciclo de dever, disciplina e sacrifício iniciado por seus antecessores.

“Na formatura de entrega da boina, meu pai me olhou com os olhos marejados. Ele havia servido na mesma unidade. Aquilo me marcou para sempre”.

– Sd Oliveira, recruta da 1ª Brigada de Infantaria.

A farda como extensão da alma militar

A farda não apenas veste o corpo — ela molda a conduta. Ao vesti-la, o militar assume um comportamento condizente com os princípios que o Exército exige: respeito à hierarquia, espírito de corpo, pontualidade, responsabilidade e abnegação. Em outras palavras, a farda é também um “espelho” que exige do seu portador dignidade e postura.

Além disso, ela desperta reconhecimento social. É comum que cidadãos civis demonstrem respeito ao ver um militar fardado, especialmente durante operações em apoio à Defesa Civil, missões de paz ou em eventos cívico-militares. Esse respeito é fruto da credibilidade que a Instituição construiu ao longo dos séculos, e que a farda ajuda a consolidar visualmente.

A farda em tempos de paz e de crise

Durante crises, como pandemias, desastres naturais e situações de instabilidade, a presença do militar fardado transmite uma mensagem clara à população: o Estado está presente, organizado e pronto para agir. O simples fato de enxergar militares fardados em ações humanitárias gera uma sensação de ordem e esperança.

Não menos importante é o papel da farda nos momentos solenes: cerimônias militares, paradas, formaturas e desfiles são ocasiões onde a farda brilha em sua máxima representação simbólica — traduzindo honra, tradição e patriotismo.

Conclusão

A farda do Exército Brasileiro é mais do que um uniforme. Ela é a alma visível do soldado. Representa gerações de brasileiros que escolheram servir ao País com integridade e coragem. Ela conta histórias sem precisar de palavras, carrega memórias de guerra, paz, saudade, dever e vitória. Para quem a veste, a farda é um compromisso diário com os valores que sustentam a Nação.

E quando, um dia, ela for dobrada pela última vez e guardada com honra, continuará viva na memória e no caráter daqueles que a vestiram com amor à Pátria.

A farda não é apenas tecido costurado com disciplina. É símbolo de honra, história e compromisso com a Pátria”. 2º Ten Hildemar

Referências:

1. Centro de Comunicação Social do Exército (CCOMSEx). História dos Uniformes Militares no Brasil. Brasília, 2019.

2. Ministério da Defesa. Manual de Campanha – Ética e Valores Militares. 3ª ed. Brasília: MD, 2020.

CATEGORIAS:
Recursos Humanos
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