BRICS 2025: Planejamento Integrado para Proteger, Integrar e Projetar o Brasil no Cenário Internacional

Autores: TC Afonso
Sexta, 11 Julho 2025
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Antes da mobilização das tropas, do patrulhamento das principais vias e da orla da cidade do Rio de Janeiro ou da ativação de áreas de exclusão aérea, um processo decisivo já está em curso: o planejamento estratégico da segurança para a Reunião de Cúpula dos Líderes do BRICS 2025. O que está sendo construído é muito mais que um plano operacional. Trata-se de uma demonstração clara de capacidade institucional do Estado Brasileiro para coordenar, integrar e proteger, projetando sua imagem de país seguro e organizado no cenário internacional.

O Plano Estratégico Integrado de Segurança da Presidência Brasileira do BRICS (PEIS-BRICS), aprovado por portaria interministerial em junho de 2025, é o documento que serve de norte para todas as ações de segurança pública, inteligência e defesa nacional relacionadas ao evento. Elaborado com base em princípios como cooperação, integração, interoperabilidade e complementaridade, o PEIS-BRICS estabelece as diretrizes que orientam os esforços das Forças Armadas, dos órgãos de segurança pública, das agências de fiscalização e dos entes federativos envolvidos.

O Rio de Janeiro, escolhido como sede da cúpula, apresenta desafios logísticos e sociais que foram cuidadosamente analisados durante as fases iniciais do planejamento. A geografia complexa da cidade, a diversidade de pontos sensíveis e a necessidade de garantir a mobilidade urbana exigiram um mapeamento minucioso de riscos, vulnerabilidades e capacidades disponíveis. As experiências acumuladas em eventos como a Rio+20, a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) Rio2013, a Copa do Mundo de 2014, os Jogos Olímpicos de 2016 e o G20, em 2024, serviram de referência prática, orientando decisões técnicas e operacionais.

O planejamento levou em consideração diferentes tipos de fatores adversos, que vão desde ações criminosas e distúrbios sociais até ameaças cinéticas e não-cinéticas. O trabalho de integração entre as áreas de inteligência, segurança pública e defesa permitiu a construção de cenários preventivos e a definição de estratégias de respostas proporcionais, legais e respeitosas aos direitos fundamentais da população.

Do ponto de vista dos meios, o planejamento prevê a atuação coordenada das Forças Armadas. O Exército Brasileiro, responsável pela liderança operacional terrestre e pelo comando do Comando Operacional Conjunto Redentor, estrutura a coordenação geral das ações em solo. A Marinha do Brasil projeta sua presença no litoral fluminense, com patrulhamento marítimo, segurança de instalações portuárias e emprego de tropas de Fuzileiros Navais em áreas de interesse. Já a Força Aérea Brasileira atua no controle e defesa aeroespacial, impondo áreas de exclusão, realizando o monitoramento radar e garantindo a vigilância de aproximação aérea.

Figura 1 - Emissão da Ordem de Operações Redentor ao Comando Operacional Conjunto no Centro de Coordenação de Operações do Comando Militar do Leste.


 

Um aspecto técnico de destaque no planejamento é a integração da capacidade de Defesa Química, Biológica, Radiológica e Nuclear (DQBRN) das três Forças Armadas. Diante da possibilidade de ameaças não convencionais, o emprego de tropas especializadas e de sistemas de detecção foi incluído como camada adicional de proteção, aumentando a capacidade de resposta rápida a situações críticas.

A gestão do tempo também foi um elemento central do processo. Desde a publicação oficial do PEIS-BRICS, foram estabelecidos marcos temporais para revisões periódicas dos cenários, adaptação de protocolos, execução de exercícios simulados e realização de ensaios táticos. O objetivo é garantir que o sistema de segurança funcione de forma sincronizada, em alinhamento com os objetivos estratégicos estabelecidos.

Figura 2 - Simulação do Comando Operacional Conjunto Redentor de resposta a ameaças químicas, abrangendo a identificação e o atendimento às autoridades e à população.

 

Fonte: Seção de Comunicação Social do CML

 

A integração das instituições, agências e das estruturas governamentais nos níveis municipal, estadual e federal é outro pilar fundamental do planejamento. A Prefeitura do Rio de Janeiro, o Governo do Estado, as polícias estaduais, a Guarda Municipal, a CET-Rio, a Defesa Civil e os órgãos de fiscalização urbana têm participação ativa na construção e na implementação das medidas previstas. Esse modelo de trabalho reforça o conceito de gestão compartilhada da segurança pública, um dos legados previstos pelo PEIS-BRICS.

O envolvimento com a sociedade fluminense também foi considerado desde as primeiras fases. A comunicação pública será transparente, com informações claras sobre eventuais impactos na mobilidade, orientações à população e medidas de contingência para os serviços essenciais.

 

Figura 3 - Visita Institucional do Comando do CML ao Centro de Operações e Resiliência da Prefeitura da cidade do Rio de Janeiro.

Fonte: Seção de Comunicação Social do CML

Mais do que uma obrigação operacional, o planejamento da segurança para a Cúpula dos BRICS 2025 representa um marco institucional. É uma oportunidade de projetar o Brasil, mais uma vez, como um país capaz de organizar e proteger eventos internacionais com alto padrão técnico, respeitando os direitos individuais, a soberania nacional e as normas internacionais de segurança.

Ao conduzir esse processo, o Ministério da Defesa e as Forças Armadas reafirmam seu compromisso com a proteção e o bem-estar da população, sempre em alinhamento ao lema que norteia essa missão: “Ministério da Defesa e Forças Armadas no BRICS 2025: Comprometimento e Cooperação para segurança e bem-estar de todos”.

 

Referências Bibliográficas

BRASIL. Ministério da Defesa. Doutrina de Operações Conjuntas – Conceitos Doutrinários. 2. ed. Brasília: Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas, 2020. (MD30-M-01, Volume 1).

BRASIL. Ministério da Defesa. Doutrina de Operações Conjuntas – Planejamento. 2. ed. Brasília: Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas, 2020. (MD30-M-01, Volume 2).

BRASIL. Ministério da Defesa. Processo de Planejamento e Condução das Operações Terrestres – PPCOT. 2. ed. Brasília: Estado-Maior do Exército, 2020. (EB70-MC-10.211).

BRASIL. Ministério das Relações Exteriores. Portaria MRE nº 605, de 16 de junho de 2025. Aprova o Plano Estratégico Integrado de Segurança da Presidência Brasileira do BRICS (PEIS-BRICS). Diário Oficial da União, Brasília, DF, 18 jun. 2025. Seção 1, p. 102. Disponível em: https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-mre-n-605-de-16-de-junho-de-2025-636864552. Acesso em: 22 jun. 2025.

 

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