O Brasil, com suas dimensões continentais, possui enorme biodiversidade. Nos seis biomas terrestres e nos três ecossistemas marinhos existem mais de 124 mil de espécies de fauna, mais de 44 mil espécies de flora e 8 mil espécies de fungos. Dentre esta diversidade de biomas e ecossistemas, destacam-se dois importantes hotspots de biodiversidade com grande relevância ecossistêmica: o Cerrado e a Mata Atlântica. Apesar da inigualável beleza das florestas, da exuberância da maior planície inundável do mundo, da imensa diversidade das savanas, dos campos, das dunas e dos manguezais, o Brasil enfrenta diversos desafios na preservação e conservação destes locais.
Embora dados publicados pelo MapBiomas, em 2024, indiquem redução das áreas desmatadas com relação ao ano de 2023, o País ainda defronta gargalos na restauração de áreas degradadas, no controle de incêndios e no combate ao desmatamento ilegal. Dados publicados pela instituição mostram que as áreas de vegetação nativa sofrem grande pressão e, por consequência, apresentam sinais de degradação e fragmentação. No Cerrado, por exemplo, a forte fragmentação da paisagem é evidenciada pela formação de ilhas de vegetação nativa e a crescente cobertura de espécies exóticas de gramíneas. O Pantanal, por sua vez, sofre com a degradação decorrente do aumento da incidência de incêndios nos últimos anos. Nos Pampas, a ação antrópica vem causando pressão na vegetação campestre. Na Caatinga, os fatores de degradação adicionados à mudança de uso da terra e condições climáticas vêm acelerando os processos de desertificação. A Amazônia e a Mata Atlântica, por fim, sofrem intensamente com isolamento de fragmentos, efeito de borda, tamanho das áreas de vegetação, extração excessiva de madeira e abertura de estradas ilegais, que, em conjunto, deixam os biomas e seus ecossistemas mais vulneráveis à atuação dos vetores de degradação. Torna-se evidente, portanto, a urgência de medidas relacionadas à recuperação de áreas degradadas e à preservação dos recursos naturais.
Neste contexto, as ações de restauração de ecossistemas e de plantio de árvores assumem caráter estratégico no enfrentamento de questões ambientais, pois são capazes de contribuir com o reestabelecimento de áreas sensíveis, preservar nascentes e corpos hídricos, proteger a biodiversidade, conectar remanescentes de vegetação nativa e auxiliar o equilíbrio climático. No que se refere à arborização, rural e urbana, pode-se citar, como benefícios, a regulação climática e a melhoria da qualidade do ar e da qualidade de vida, além da criação de melhores condições para o estabelecimento e o desenvolvimento de outras espécies nessas áreas. Plantar árvores, portanto, torna-se uma medida efetiva na busca por sustentabilidade, conscientização e educação ambiental.
Adicionalmente ao cumprimento da sua missão constitucional de defesa da Pátria, o Exército Brasileiro desenvolve importantes iniciativas que contemplam a preservação e conservação ambiental. Além das ações históricas (a implantação da Floresta Nacional da Tijuca e das pesquisas desenvolvidas pelo Marechal Rondon, a título de exemplo), a Instituição atua no combate a ilícitos ambientais, como desmatamento ilegal e queimadas, e desenvolve atividades capazes de preparar militares nas condições mais adversas em equilíbrio com ações de preservação da fauna e flora, bem como dos recursos ambientais e dos serviços ecossistêmicos. Destaca-se, dessa forma, a atuação da Força Terrestre não apenas na defesa territorial, mas também na responsabilidade ambiental.
Dentre as iniciativas desenvolvidas pelo Exército Brasileiro, merece destaque o projeto “Uma árvore para cada soldado”, onde as Organizações Militares são incentivadas a realizar plantios de árvores em todo o território nacional. A iniciativa fomenta ações de recuperação de áreas degradadas ou em processo de degradação, bem como conscientização e educação ambiental. A atuação da Força Terrestre reforça a postura da Instituição diante das demandas sociais e ambientais, ao passo que promove a conscientização ambiental tanto no âmbito organizacional quanto na comunidade em que as organizações militares estão inseridas.
Visando a mitigar os efeitos das mudanças climáticas e da degradação ambiental, o Exército Brasileiro já realizou o plantio de mais de 674.000 mudas em todo o território nacional. Os plantios foram realizados em diversos locais, desde colégios militares a campos de instrução, causando significativo impacto ambiental em variados ambientes. Adicionalmente, diversos plantios contaram com a participação da sociedade civil e instituições parceiras, ampliando o alcance do projeto inovador e firmando cooperações importantes para atingimento das metas da inciativa e repercussão dos resultados no âmbito ambiental.
Os impactos de ações efetivas de plantio são extremamente positivos. Os plantios realizados nas organizações militares são capazes de promover melhoria das condições ambientais, contribuem para o conforto térmico e criam áreas mais harmônicas para a tropa e todo o aquartelamento. De forma adicional, para a sociedade, os benefícios se ampliam com a restauração da vegetação nativa, ao gerar maior conectividade entre remanescentes de vegetação, contribuem para o fluxo gênico e da fauna silvestre, fornecem proteção, abrigo e alimento para os animais, auxiliam na proteção de mananciais, promovem a melhoria da saúde e da infiltração de água no solo, assim como auxiliam na mitigação dos efeitos das mudanças climáticas. Ademais, ao utilizar espécies nativas com valor econômico, o plantio pode contribuir para fomento do mercado de produtos provenientes da sociobiodiversidade e com a geração de renda alternativa com a colheita e venda de frutos, sementes e produtos de origem nativa. Percebe-se, portanto, que os benefícios do projeto se tornam um legado que ultrapassam os limites das Organizações Militares e alcançam toda a população brasileira.
Ao comemorarmos, no dia 21 de setembro, o Dia da Árvore, o Exército Brasileiro reafirma seu compromisso com o meio ambiente e com as ações capazes de cooperar com a construção do futuro sustentável. Ao fomentar a restauração de áreas degradadas e o plantio de árvores, a Força contribui para a melhoria da qualidade de vida das gerações atuais e futuras e reafirma o posicionamento da Instituição como guardiã da soberania nacional e das riquezas naturais de todo o País.
Referências consultadas:
Ministério do Meio Ambiente. Biodiversidade e biomas. Disponível em < https://www.gov.br/mma/pt-br/assuntos/biodiversidade-e-biomas >
MapBiomas. Relatório Anual de Desmatamento no Brasil - RAD 2024. Disponível em < https://alerta.mapbiomas.org/wp-content/uploads/sites/17/2025/05/RAD-2024_Destaques_14.05.2025_FINAL.pdf >
Mapbiomas. Degradação. Disponível em < https://brasil.mapbiomas.org/metodo-degradacao/ >
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