Percorrendo os caminhos da FEB

Autores: Coronel Luciano Hickert
Segunda, 01 Dezembro 2025
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A curiosidade sobre a história militar pode ser uma motivação para viagens culturais em família e amigos. Podem ser planejadas para ocorrer no território nacional, onde diversos fatos marcaram a evolução do País, ou internacional, o que exige maior planejamento financeiro e inclui desafios perfeitamente superáveis com organização prévia e informação.

No Brasil, de Norte a Sul do país, temos museus militares, fortalezas e diversas áreas marcadas por grandes batalhas, que materializam a história que construiu nossas fronteiras e cidades, além de contribuir com nossa cultura. Tais pontos podem ser uma fonte cultural importante para quem se interessa pelo passado, e muitas vezes não apresentam custos para quem integra o Exército.

Para quem tem a oportunidade de viajar para a Europa, mesmo que para conhecer as principais cidades do velho continente, uma opção interessante é conhecer os locais que foram conquistados pelos nossos pracinhas. As cidades e vilas italianas até hoje recebem os brasileiros de forma muito especial, com muita atenção e reconhecimento.

Em 2025, ao completarem-se oito décadas da participação da Força Expedicionária Brasileira no maior conflito armado do século XX, pode-se reconhecer o sacrifício e a bravura daqueles que defenderam a nossa pátria, enfrentando os desafios logísticos da época, os horrores da guerra, além do clima europeu, visitando os principais pontos percorridos pelos nossos expedicionários.

Para realizar uma viagem nas principais áreas em que os pracinhas foram empregados, existem diversas opções de passeios guiados, a maioria saindo de Pistóia, local que abriga o principal monumento dos expedicionários. Pode ser agendada excursão com guias, tradutores e obtidas diversas informações acerca de nossos Febianos.

Uma outra opção, mais trabalhosa e menos cartesiana, é a que pode ser feita de modo individual, apenas com o estudo do terreno e da história. Nessa linha de ação, o militar, da ativa ou da reserva, desbrava o terreno após um estudo dos fatos, e inicia sua navegação, quase como executando uma pista de orientação. Nessa opção, o turista pode iniciar sua aventura por Florença, local fácil de acessar pela malha ferroviária, e então alugar um carro ou moto para seguir em segurança para os pontos de interesse, que a seguir serão detalhados.

Sugere-se realizar o passeio durante o verão europeu, o que facilitará os deslocamentos e o reconhecimento na área de montanha. O início de maio é a época mais recomendada, pois seu passeio será próximo ao Dia da Vitória, com maior possibilidade de aproveitar o ambiente de festa nos locais. Reserve um veículo, e siga até o monumento do expedicionário, em Pistóia, iniciando o passeio pelo cemitério.

Siga, então, para a belíssima cidade de Lucca, em uma viagem rodoviária com diversas faixas (estude como se faz com o pedágio), e verifique onde ocorreram os primeiros combates ao norte dessa cidade, em pequenas vilas.

Como cita Santa Rosa, nos 80 anos de batismo de fogo da FEB, publicado no nosso EBlog, o destacamento FEB cumpriria, a contento, todas as missões que lhe foram confiadas, conquistando as localidades de Massarosa, escopo do primeiro tiro de artilharia da FEB, Bozzano, Camaiore, e Monte Prano, com um saldo de 31 (trinta e um) prisioneiros e um avanço de 18 km, ao preço de 5 (cinco) mortos e 17 (dezessete) feridos.

Com essa atuação, a FEB ganharia confiança, respeito e admiração das demais tropas presentes no Teatro de Operações, sendo, em seguida, direcionada para novas missões, primeiro no Vale do rio Sercchio e mais tarde no vale do Reno, junto ao primeiro escalão do V Exército, onde jornadas memoráveis se dariam.

Dos arredores de Lucca, local excelente para pernoite, siga em direção à Porretta Terme, local onde foi estabelecido o Posto de Comando de nossa divisão expedicionária para as batalhas de Monte Castelo. De lá, o militar poderá lançar patrulhas de reconhecimento sobre a Linha Gótica, sobre Monte Castelo e principais locais de combate.

Superadas as posições iniciais inimigas, explore o êxito do ataque e siga para Montese, buscando alojamento na área central da cidade, onde existem hotéis e casas para alugar que são da época das batalhas, e que estão incrivelmente restauradas.

Não deixe de conhecer os pontos fortes que foram tomados das tropas do eixo, e visite o museu que existe no ponto mais elevado da cidade. Até hoje existem diversos brasileiros vivendo na cidade serrana, que tem diversos pontos para explorar.

A viagem após Montese pode incluir diversas cidades de maior porte, como Parma, local onde os comandados do Cap Pitaluga, do Esquadrão de Reconhecimento, realizavam seu avanço, ou seguir diretamente para Collechio e Fornovo de Taro, distante menos de 3 horas de viagem. Nesse local, vá até a Prefeitura Municipal e visite o museu da pequena cidade, que busca cultura a sua história e destaca as ações brasileiras para a rendição nazista.

Em pelo menos 3 dias de viagem, pode-se constatar no terreno o esforço de nossos expedicionários, e imaginar como foi dura a luta contra um inimigo experiente e em terreno desvantajoso para a ofensiva, revivendo os feitos dos nossos antepassados militares.

Cultuar e preservar a memória dos feitos dos nossos “pracinhas” é um ato de patriotismo e deve ser propagado aos jovens brasileiros e às futuras gerações, como um ato de sacrifício e dedicação em prol dos ideais de democracia e liberdade.

 

PALAVRAS-CHAVE: Itália, FEB, Combates, MONTESE, PISTOIA, Monte Castelo.

 

 

 

BIBLIOGRAFIA

CASTRO, Therezinha de. História documental do Brasil. Rio de Janeiro: BIBLIEX, 1995.

MONTEIRO, Thiago Elias. FEB: mais que uma efeméride. EBLog, Outubro 2024

MORAES, João Batista Mascarenhas de. Memórias: Rio de Janeiro. BIBLIEx,2014.

Pereira, Durval Lourenço. O Primeiro Tiro de Artilharia da FEBMemorial da FEB. 2011.

ROSA, Carlos Mário de Souza Santos. 80 anos do Batismo de Fogo da FEB. EBlog, Outubro 2024.

W.MURRAY; R.SINNREICH. O passado como prólogo: a importância da história para a profissão militar. Rio de Janeiro: BIBLIEX, 2017.

CATEGORIAS:
História
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