Duque de Caxias: o Pacificador e Patrono do Exército Brasileiro

Autores: Gen Bda André Dias 2º Ten Duarte
Segunda, 25 Agosto 2025
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Luis Alves de Lima e Silva - o Duque de Caxias - nasceu em 25 de agosto de 1803, oriundo de uma tradicional família de militares luso-brasileiros. Guerreiro, diplomata e político, foi a simbiose perfeita de estadista e soldado. Habituado aos sacrifícios silenciosos, expressou, ao longo de sua vida, o mais puro sentimento de brasilidade. Sua firmeza, ordem e dedicação à Pátria o fazem símbolo eterno de unidade e paz. É a síntese dos valores, virtudes e tradições cultuadas pelo Exército Brasileiro.

Sua brilhante trajetória militar tem início aos 5 anos de idade, conforme o costume da época, assentando praça como cadete de 1ª classe, em 22 de novembro de 1808. A ascensão ao mais alto posto da carreira no Exército, o de Marechal, se dá em 1866, resultado natural de uma existência dedicada integralmente ao serviço da Pátria e de amor incondicional ao Brasil. Ao longo de sua vida, Luis Alves também desempenhou elevados cargos no primeiro escalão da administração pública do País, havendo sido Ministro da Guerra em três diferentes ocasiões, Conselheiro de Guerra do Imperador e Presidente do Gabinete Ministerial duas vezes. Sua bravura em combate, aliada à rara inteligência e refinado senso de justiça e humanidade, contribuíram para a solução efetiva dos mais variados problemas, de ordem nacional ou internacional.

Caxias é conhecido como “O Pacificador”, sobretudo em razão do seu trabalho na manutenção da ordem interna e da unidade nacional. Em 1823, marchou para a província da Bahia, onde estreou em combate derrotando as tropas portuguesas que se opunham à Independência do Brasil. Sua habilidade militar, espírito conciliador e magnânimo sentimento para anistiar os dissidentes foram essenciais na solução de diferentes rebeliões internas. Assim ocorreu na Balaiada, no Maranhão, em 1841, e nas revoltas de São Paulo e Minas Gerais, em 1842, bem como na Revolução Farroupilha, no Rio Grande do Sul, no ano de 1845, após quase dez anos de lutas fratricidas.

No cenário internacional, defendeu os mais elevados interesses da Nação. Durante a Guerra Cisplatina, entre 1825 e 1828, deu claras evidências de coragem e determinação. Em 1851 e 1852, comandou as tropas que libertaram o Uruguai e a Argentina da opressão dos caudilhos sanguinários Oribe e Rosas, trazendo paz e estabilidade à região do Prata. Sua liderança à frente das tropas brasileiras, uruguaias e argentinas na Guerra da Tríplice Aliança, contra o governo ditatorial de Solano López, do Paraguai, foi fundamental para a vitória final, selando a paz na América do Sul que dura até os dias atuais.

Na Guerra da Tríplice Aliança, em particular, Caxias protagonizou ações do mais puro gênio militar, fazendo o impossível. Usou de forma inédita no continente sul-americano balões de observação, essenciais para o reconhecimento do campo de batalha, o que lhe permitiu planejar e conduzir a primeira manobra de flanco dos aliados. Como resultado, houve a tomada da então inexpugnável fortaleza de Humaitá, ponto-chave na estrutura defensiva paraguaia. Posteriormente, ordenou a construção da épica estrada do Chaco, com impressionantes 11 km de extensão, atravessando terreno pantanoso julgado inicialmente intransponível. Essa manobra surpreendeu estrategicamente Solano López e envolveu suas tropas, viabilizando a execução de segunda manobra de flanco dos exércitos aliados. Naquela oportunidade, as forças sob o comando de Caxias obtiveram as importantes vitórias de Avaí, Itororó, Angustura, Piquiciri e Lomas Valentinas (a chamada Dezembrada), que aniquilaram o Exército Paraguaio e destruíram sua capacidade de prosseguir combatendo como força regular.

Nesse contexto, como não lembrar o seu gesto magistral na transposição da ponte de Itororó? Ao perceber que o êxito da batalha estava ameaçado, Caxias, o sexagenário comandante das forças aliadas de terra e mar, sacou sua espada invicta e bradou a antológica frase: “Sigam-me os que forem brasileiros!”. O eletrizante chamado exortou a tropa, motivou as legiões e liderou pelo exemplo os soldados de todos os postos e graduações, impelindo-os a mais uma acachapante vitória sobre os paraguaios.

Os feitos extraordinários de Luis Alves de Lima e Silva em prol da estabilidade e da integridade nacional fizeram com que D. Pedro II, então Imperador do Brasil, lhe concedesse sucessivos títulos nobiliárquicos. Assim, a pacificação da Balaiada o fez Barão de Caxias. A elevação a Conde ocorreu com o término da Revolução Farroupilha. A vitória sobre Oribe e Rosas o tornou Marquês. Por fim, seu papel determinante no desfecho da Guerra da Tríplice Aliança o conduziu à posição de Duque, o mais alto título outorgado a um cidadão não pertencente à linhagem real. Caxias foi o único a recebê-lo em toda a história do País.

Em 7 de maio de 1880, morre Luis Alves de Lima e Silva. Em 1923, com o propósito de comemorar os 120 anos do seu nascimento, foi instituída a “festa de Caxias”, a ser celebrada em cada 25 de agosto. Dois anos depois, em 1925, essa data foi oficializada como o Dia do Soldado. Por meio de Decreto Presidencial de 1962, Caxias foi escolhido o Patrono do Exército Brasileiro.

Desde o seu falecimento, a lembrança do herói é parte do cotidiano do povo brasileiro. Há praças e escolas com o seu nome, monumentos em sua homenagem, bem como selos, moedas e cédulas que carregam a sua imagem. O município de Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, foi assim batizado em sua memória. No âmbito do Exército, criou-se a Medalha do Pacificador e o espadim do cadete como réplica fiel de seu sabre invencível. A designação histórica do Batalhão da Guarda Presidencial como “Batalhão Duque de Caxias” e da icônica sede do antigo Ministério da Guerra, “Palácio Duque de Caxias”, na capital fluminense, expressam a gratidão da Instituição ao primeiro dos seus generais.

O ano de 2025 marca os 80 anos das vitórias da Força Expedicionária Brasileira (FEB) na 2ª Guerra Mundial. Nos campos de batalha da Itália, nossos pracinhas combateram o nazifascismo ao lado dos Aliados, em defesa da liberdade e da democracia, escrevendo com sangue e sacrifício páginas de glória da história nacional. Por tudo o que fizeram e representam para o País, serão heróis sempre lembrados. Se, por um lado, o exemplo dos bravos expedicionários enche de orgulho a Nação, por outro, o Exército Brasileiro deve ao Duque de Caxias a consolidação dos seus mais sólidos e perenes alicerces.

Antes de morrer, Caxias faz seu último pedido: queria ser enterrado somente com suas condecorações de combate e ter seu caixão conduzido por seis soldados dos mais destacados entre seus pares. Ao dispensar também as Honras Fúnebres, o humilde e magnânimo soldado deixa à posteridade sua derradeira lição: a força das armas, que tantas vezes lhe rendeu a vitória, agora nada poderia fazer diante da inexorável marcha da morte. Religioso e exemplo no lar, soube valorizar e dignificar a Família Militar.

Portanto, ao cultuar o Patrono do Exército, exalta-se igualmente toda a Instituição. Particularmente em 2025, ao reverenciá-lo, rememoramos também os milhares de homens e mulheres que integraram a FEB. Luis Alves de Lima e Silva foi, definitivamente, um grandioso cidadão e o maior de todos os soldados.

Salve os 222 anos do nascimento do Duque de Caxias! Viva os 80 anos das vitórias da FEB!

CATEGORIAS:
História
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#patrono,

Comentarios

Comentarios

Meus parabéns pelo Dia do Soldado e, muito especialmente, pelo maravilhoso texto que bem retrata a grandeza do Patrono Duque de Caxias.

Cumprimento os autores por citar o nosso bravo soldado pacificador e um gênio militar!

Excelente homenagem histórica ao Estadista Caxias, Luiz Alves de Lima e Silva. Patrono do Exército Brasileiro. Brasil 🇧🇷 Selva!!!

cappmanibal0512@outlook.com 

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