Comando Militar da Amazônia e as Tríplices Fronteiras: Defesa e Integração na Amazônia Ocidental

Autores: Ten Geise
Sexta, 26 Setembro 2025
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A Amazônia Ocidental representa não apenas uma das regiões de maior biodiversidade do planeta, mas também um espaço estratégico para a soberania e o desenvolvimento do Brasil. Nesse vasto e desafiador território, o Comando Militar da Amazônia (CMA) assume um papel crucial na consolidação da presença do Estado brasileiro. Com jurisdição sobre os estados de Roraima, Amazonas, Rondônia e Acre, o CMA responde pela defesa de aproximadamente 25% do território nacional.

Para cumprir essa missão de proporções continentais, o CMA dispõe de 64 Organizações Militares, 23 Pelotões Especiais de Fronteira e um Destacamento Especial de Fronteira, que operam em localidades de difícil acesso. Mais de 19 mil militares, treinados sob condições extremas, integram essa força que atua incansavelmente defendendo a Pátria, combatendo delitos transfronteiriços e ambientais, protegendo o meio ambiente, apoiando os amazônidas e povos originários, além de cooperar com o desenvolvimento sustentável regional.

Uma das prioridades do CMA é a proteção das fronteiras, onde cerca de 9.000 militares atuam guarnecendo mais de 9.900 km — aproximadamente 59% das fronteiras terrestres do País. Nessa área, estão localizadas quatro das nove tríplices fronteiras brasileiras. O Exército entende a fronteira, não apenas como um limite físico, mas um espaço dinâmico e estratégico, que precisa ser ocupado, integrado e protegido. Desta forma, especialmente na Amazônia, é fundamental a cooperação entre as Forças Armadas dos países lindeiros.

Na faixa de fronteira sob responsabilidade do CMA, destacamos as tríplices fronteiras. A confluência entre Brasil, Peru e Bolívia forma um espaço geopolítico singular, onde cidades como Assis Brasil (BR), Iñapari (PE) e Bolpebra (BO) compartilham vínculos históricos, culturais e econômicos. A atuação do 2º Pelotão Especial de Fronteira de Assis Brasil é essencial nesse contexto, proporcionando presença permanente do Estado brasileiro, patrulhamento da faixa de fronteira e ações cívico-sociais junto à população local.

Outro ponto estratégico é a tríplice fronteira entre Brasil, Peru e Colômbia, na região do Alto Solimões e do Trapézio Amazônico. Tabatinga, Leticia e Santa Rosa compartilham intensa integração socioeconômica e cultural, cortadas por rios imponentes como o Solimões e o Içá. Lá, a presença do 8º Batalhão de Infantaria de Selva, sediado em Tabatinga, é determinante para assegurar a defesa da soberania e o apoio às comunidades locais.

No extremo norte do Brasil, a tríplice fronteira entre Brasil, Venezuela e Guiana, próxima à Serra do Pacaraima, é de alto valor estratégico. A região é caracterizada por floresta densa, relevo acidentado e limitado acesso terrestre, exigindo vigilância permanente. O CMA, por meio do 3º Pelotão Especial de Fronteira de Pacaraima, assegura a soberania nacional diante de fluxos migratórios, interesses ambientais e desafios de segurança.

Outra tríplice fronteira de grande relevância sob responsabilidade do CMA é a que une Brasil, Colômbia e Venezuela, na região do extremo norte do estado do Amazonas. Nesse ponto estratégico, o Rio Negro delimita as fronteiras entre os três países e abriga a comunidade de Cucuí, onde está instalado o 4º Pelotão Especial de Fronteira, o primeiro PEF da Amazônia. A presença do PEF de Cucuí é fundamental para garantir a soberania nacional em uma região de difícil acesso, marcada pela exuberância da floresta e pela diversidade étnica, com comunidades indígenas como os Baniwa, Tukano e Piratapuya.

A presença do CMA nessas áreas fronteiriças vai além da lógica militar convencional. Suas ações se articulam com os esforços de cooperação internacional, inteligência integrada e missões humanitárias, fortalecendo a presença do Estado, promovendo o desenvolvimento sustentável e assegurando a paz em uma região de extrema sensibilidade geopolítica.

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