21ª CIA DE ENG CNST COMPANHIA GUILHERME CARLOS LASSANCE

Autores: Flávio Augusto Nogueira Noronha
Sexta, 03 Outubro 2025
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A Arma de Engenharia tem por missão auxiliar a mobilidade, a contramobilidade e a proteção, além de prestar o apoio geral de engenharia, constituindo-se um fator multiplicador do poder de combate das tropas.

Sua atuação permite o constante adestramento e aprimoramento dos quadros da Força. Isso porque, no planejamento, na execução e no controle de obras públicas em tempos de paz, há trabalhos muito semelhantes aos que seriam executados em um eventual conflito militar. Acrescenta-se, ainda, que os serviços de engenharia de grande complexidade técnica são entregues, em numerosos casos, com apreciável economia de recursos e, por vezes, com antecipação do cronograma inicialmente planejado.

O futuro não é um lugar onde estamos indo, mas um lugar que estamos criando. O caminho para ele não é encontrado, mas construído. E o ato de fazê-lo muda tanto o realizador quanto o destino” (Saint-Exupéry).

Na década de 1970, o Governo Brasileiro planejava ampliar a presença militar na Amazônia, com intuito de implementar solução para os problemas de integração nacional e de desenvolvimento daquela Região. Para tanto, um dos caminhos encontrados foi o da implantação da Rodovia da Perimetral Norte BR-210 e o da construção da Rodovia BR-307.

Para materializar essa ação estratégica, o dia 23 de abril de 1973 deflagrou, por força de Decreto Ministerial, jornada ilimitada no tempo, cuja origem deu-se pela transferência do 1º Batalhão de Engenharia de Construção, de Caicó, na região semiárida do Seridó, no Rio Grande do Norte, em direção à equatorial isotérmica Waupés - atual São Gabriel da Cachoeira - na região da Cabeça do Cachorro, no Amazonas, em marcha do Nordeste para o Noroeste, tendo como objetivo a construção da BR 307 e, consequentemente, de belo futuro para área de grande importância estratégica e geopolítica para o Brasil, sob o lema “construir para bem servir”.

A chegada do 1º Escalão do Destacamento Precursor a Waupés, composto por oficiais, praças e civis, e que tinha como propósito a preparação da infraestrutura para o recebimento do restante do Batalhão na cidade, deu-se exatamente às 13:00 horas do dia 18 de julho, tendo ele sido recebido com muito entusiasmo pelo Sr. Francisco Chagas, prefeito do município, à época.

Os árduos trabalhos de instalação - que abrangiam os de fixação do acantonamento, de desmatamento, de terraplenagem da área do aquartelamento, de construção de casas de taipa e de madeira para os servidores militares e civis, de instalação do Comando do Batalhão, etc - foram executados com brilhantismo, o que garantiu o necessário conforto para dar seguimento aos seus compromissos institucionais, especialmente o de coadjuvar na construção da BR-307, cujo cumprimento foi tratado como patriótica missão de integração nacional, a partir da Amazônia, obra descomunal que somente seria de possível realização por meio do invicto Exército de Caxias.

Ao embrenhar-se pelo alto rio Negro, na floresta tropical, levou consigo, primordialmente, a missão de, em tempos de paz, cooperar para o desenvolvimento e o bem-estar nacionais, sem prejuízo às demais a si inerentes, o que a tornou efetiva artífice do crescimento e da integração do povo amazonense, irradiador, como sonharam nossos antepassados, do centro para as extremidades do estado, com a firmeza necessária para enfrentar as inúmeras dificuldades que se contrapunham às obras ali necessárias, e à sua manutenção e acréscimos em solo tão inóspito.

As incertezas proporcionadas pela mudança e o receio quanto ao desconhecido, eram muitas. Mas nada disso deteve a tropa, a qual pautou sua atuação nas máximas populares que ensinam ser “a coragem a primeira das qualidades humanas, porque ela garante todas as outras”; que “o ideal é ainda a alma de todas as realizações”; e que “sem desafios, não há evolução”.

Tal mister, além de envolver os encargos de vigilância, de defesa e de contribuição para o desenvolvimento da Amazônia, conferia ao 1º B E Cnst a responsabilidade precípua pela construção e manutenção da BR-307, e de todas as demais obras que a ela eram inerentes e necessárias, em meio às infindáveis adversidades enfrentadas naquele extremo territorial brasileiro, debruçado sobre o Rio Negro, entremeado por selva fechada e magníficos rios.

Nove anos após sua chegada – em 1982 - o 1º Batalhão de Engenharia e Construção deixou São Gabriel da Cachoeira e voltou para Caicó (RN), sua cidade de origem.

Entretanto, o Exército Brasileiro cuidou por manter no município a 1ª Cia de Eng de Cnst, a qual passou a ter a responsabilidade exclusiva de dar continuidade a todos os trabalhos que originalmente levaram o Batalhão à selva amazônica, bem como a assumir inúmeros outros.

Em 1989, a Rodovia BR-307 foi inaugurada, contando com a presença do então Presidente da República José Sarney, fato que refletiu a sua importância como elo propiciador de desenvolvimento entre a cidade de São Gabriel da Cachoeira e um dos seus mais importantes distritos, Cucuí, na tríplice fronteira Brasil-Venezuela-Colômbia, onde está localizada a Base de Operações do 4º Pelotão Especial de Fronteira.

A excelência presente em todos os detalhes dos trabalhos realizados na selva pela Engenharia do Exército Brasileiro retrata cada um de seus partícipes, gente de fibra, homens e mulheres, militares e civis, que efetivamente colaboraram para a construção do Brasil, no seu sentido mais amplo, plenamente cônscios de que eram transformadores de sonhos em realidade.

O ano de 1996 marcou o recebimento, pela 1ª Cia, da denominação histórica de “Companhia Guilherme Carlos Lassance”, em homenagem ao célebre tenente-engenheiro do Exército Brasileiro, partícipe efetivo da Guerra do Paraguai, cuja expertise profissional e feitos emblemáticos o destacaram e o fizeram amplamente reconhecido pelos seus pares na Campanha da Tríplice Aliança.

Convolada de 1ª para 21ª Cia de Eng de Cnst no ano de 2003, manteve-se firme no labor pela proteção ao território nacional, além de embrenhar-se em diversas frentes de trabalho, capitaneadas pelos serviços de engenharia, de forma a proporcionar importantes melhorias nas condições de vida do povo amazonense, honrando o seu lema “Combater e construir” e buscando a perfeição em tudo o que faz, de modo que mesmo após a morte de seu realizador, permanece.

Os últimos 52 anos lapidaram esse “construtor do progresso e para a vitória”; consolidaram sua reputação de superioridade no labor; confirmando, por tudo o que fez, sua perene prontidão para atuar interna e externamente, em tempos de paz e de guerra, sob fogo inimigo, em apoio à tropa amiga na missão, para a glória do Brasil, enquadrando-se perfeitamente nas sábias palavras do General Rodrigo Octávio, para quem "Árdua é a missão de desenvolver e defender a Amazônia. Muito mais difícil, porém, foi a de nossos antepassados em conquistá-la e mantê-la"!

Atualmente, com seu requinte em construir, consolidada e reconhecida, continua com obstinação a lutar e a trabalhar, sem cessar, como autêntica pioneira que é de um Brasil mais forte, firme no ensinamento filosófico de que “de longe, o maior prêmio que a vida oferece é a chance de trabalhar muito e de se dedicar a algo que vale a pena”.

Existe uma imensidão à espera da valorosa atuação da Engenharia do Exército, e muito dela, para doar-se ao Amazonas e ao País. Há, especialmente, variados motivos para comemorar-se, fruto de todo um passado de exemplar dedicação à Pátria e à Amazônia Brasileira, pilares sólidos que mantêm vivas e patentes as esperanças por um Brasil sempre e cada vez melhor, as quais devem ser tratadas como missões a serem cumpridas; como sonhos a serem realizados.

Aristóteles e Augusto dos Anjos, ora parafraseadas, ensinam que a esperança é o sonho do homem acordado. Um sonho feito de despertares. Ela não murcha; ela não cansa. Também, como ela não sucumbe à crença, vão-se sonhos nas asas da descrença, voltam sonhos nas asas da Esperança.

Certamente, este pouco mais de meio século de história é apenas um pedaço da eternidade que a espera.

Parabéns, Engenharia do Exército Brasileiro!

Fontes de consulta:

https://cma.eb.mil.br/index.php/missao-e-valores

https://2gpte.eb.mil.br/index.php/general-rodrigo-octavio

https://21ciaecnst.eb.mil.br/index.php/historico

http://www.dec.eb.mil.br/index.php/en/exercito-constroi/700-engenharia-de-construcao-faz-50-anos-na-regiao-amazonica-da-cabeca-do-cachorro

https://6bec.eb.mil.br/index.php?option=com_content&view=article&id=248&Itemid=317

https://cpdoc.fgv.br/sites/default/files/militares-amazonia/txt_AdrianaMarques.pdf

https://www.pensador.com/

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História

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