O adjunto de comando e o desenvolvimento de competências para o assessoramento

Autores: S Ten Murilo Bulsing
Sexta, 21 Novembro 2025
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Focado em temas fundamentais para o papel do adjunto de comando e sua contribuição essencial no assessoramento ao comandante, este artigo aborda aspectos e competências vitais, não apenas para o desenvolvimento pessoal e profissional, mas também para o fortalecimento dessa nobre função. Salienta-se que o graduado investido na função possui plena capacidade para cumprir sua missão maior, que é assessorar o comando nos assuntos atinentes às praças, haja vista seu itinerário formativo ao longo da carreira como líder de pequenas frações, seu contato permanente com a tropa, sua identificação com a instrução e formação de militares e, principalmente, sua experiência consolidada. Esses fatores servem de base e o tornam uma ferramenta importante em apoio ao comando e em benefício das Organizações Militares.

Com base na experiência consolidada, e com o intuito de melhor cumprir sua missão, o adjunto de comando deve capacitar-se, explorando e aprimorando competências já conhecidas, mas que podem ser essenciais no momento do assessoramento. A preparação adequada para essa função é uma responsabilidade que exige não apenas competência técnica, mas também uma compreensão profunda dos desafios e responsabilidades inerentes à tomada de decisão. Espera-se que o adjunto de comando, além de estar alinhado com as diretrizes do comandante e ser profundo conhecedor de sua intenção, prepare-se desenvolvendo competências que lhe permitam compreender a forma de pensar de seu comandante.

Neste contexto, é importante salientar domínios nos quais o graduado na função deverá aprofundar-se, como forma de melhor cumprir sua missão de assessoramento. Dentre eles, destacam-se: conhecimento das origens do sargento, conhecimento institucional, conhecimento da nossa profissão, pensamento sistêmico, inteligência emocional e domínio do processo decisório.

Ser conhecedor da “nossa história”, ou seja, compreender a origem do sargento, proporciona ao adjunto de comando uma visão mais profunda das raízes e dos desafios enfrentados ao longo do tempo. Conhecer as histórias de Antônio Dias Cardoso, Rafael Pinto Bandeira, Antônio João Ribeiro e Max Wolf Filho — sargentos que, com seus exemplos de heroísmo, patriotismo e abnegação, tornaram-se referências eternas — demonstra a evolução da formação do graduado. Essa compreensão oferece percepções valiosas para orientar o futuro, garantindo que a preparação atual esteja à altura dos desafios presentes e dos cenários futuros imprevisíveis.

O conhecimento institucional fornece uma base sólida para a tomada de decisões em todos os níveis hierárquicos — desde aquelas de natureza estratégica até as realizadas em situações de crise —, em que o conhecimento prévio e a experiência são fundamentais. Trata-se de um recurso valioso que potencializa o desempenho da função com eficácia, liderança e resiliência frente a desafios variados e em constante transformação.

Conhecer a profissão militar é crucial por diversas razões, que vão desde o entendimento da defesa nacional até o reconhecimento dos sacrifícios e desafios enfrentados pelos militares. Trata-se de uma profissão com características singulares, marcada pelo comprometimento com valores, deveres e ética. Ressalta-se que as exigências da profissão não se restringem à pessoa do militar, mas afetam também a vida familiar. O adjunto de comando deve estar atento a esses fatores, a fim de melhor assessorar o comando e apoiar os demais militares e suas famílias.

Entender o Exército Brasileiro como um sistema integrado, dada a complexidade de sua estrutura organizacional, é outro domínio de extrema importância. Esse aprimoramento profissional permite ao adjunto de comando cumprir, de forma correta e oportuna, suas atribuições, contribuindo significativamente para a melhoria da gestão e da operacionalidade da Organização Militar. Com o desenvolvimento desse domínio, torna-se possível exercer com eficácia a função de assessor, oferecendo percepções e recomendações fundamentadas que contribuem diretamente para o sucesso das missões.

Outra competência essencial é a inteligência emocional, habilidade que complementa as capacidades técnicas e táticas tradicionais, capacitando o militar a enfrentar os desafios complexos e dinâmicos do campo de batalha moderno. A inteligência emocional desempenha papel crucial em contextos nos quais decisões rápidas, liderança eficaz e gestão do estresse são fundamentais para o desempenho operacional e para o bem-estar da tropa.

Por fim, mas com importância ímpar, dominar e estudar o processo decisório é uma habilidade que, aliada ao pensamento crítico e criativo, contribui para que as decisões sejam tomadas com base nas melhores opções possíveis, sendo adaptáveis e eficazes, mesmo em condições desafiadoras e imprevisíveis. Considerando os desafios do ambiente operacional moderno, torna-se cada vez mais valiosa a capacidade de quebrar paradigmas e abrir espaço para a construção de soluções militares inovadoras para problemas cada vez mais complexos.

Esta reflexão sobre as competências desejáveis ao adjunto de comando não esgota o tema. A ampliação para outros domínios é extremamente recomendada, podendo-se destacar também: gestão de conflitos, comunicação, legislação militar e, quem sabe, o domínio de uma linguagem moderna que se adeqúe às novas tecnologias. O domínio dessas competências pode ser o caminho para que o adjunto de comando, por meio de seu assessoramento, influencie positivamente as tomadas de decisão, contribuindo sobremaneira para o clima organizacional.

Referências

BRASIL. Ministério da Defesa. Exército Brasileiro. Escola de Aperfeiçoamento de Sargentos das Armas. Guia do Adjunto de Comando. 1a Edição, 2019.

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