A América do Sul, frequentemente marcada por desafios sociais e econômicos, testemunha, em meio às adversidades, exemplos notáveis de solidariedade e cooperação. Um desses exemplos é a Operação Acolhida, a resposta brasileira à crise migratória venezuelana, que já se consolidou como referência regional em acolhimento e integração humanitária. Estruturada em bases sólidas de coordenação interinstitucional, eficiência operacional e respeito aos direitos humanos, a operação demonstra como a união de esforços pode transformar uma crise em oportunidade para reafirmar os valores universais de humanidade e dignidade.
O contexto da crise venezuelana
Nos últimos sete anos, a Venezuela vivenciou um agravamento de sua crise política e econômica, levando 7,7 milhões de cidadãos venezuelanos a migrarem para países vizinhos e desse total de migrantes, 6,6 milhões foram para a América Latina e deste montante 1,1 milhão foram para o Brasil, que devido à proximidade geográfica, tornou-se terceira rota mais importante para os venezuelanos em busca de segurança e melhores condições de vida. Desde 2018, a Operação Acolhida tem sido a principal resposta brasileira a essa situação, oferecendo suporte imediato na fronteira e promovendo a interiorização ou integração dos migrantes no território nacional.
Modelo de integração interinstitucional
O sucesso da Operação Acolhida reside em seu modelo de excelência em governança, que une Forças Armadas, agências governamentais, organizações internacionais, agências e a sociedade civil. Essa abordagem integrada permite que as necessidades mais urgentes dos migrantes sejam atendidas de forma rápida e coordenada, desde o ordenamento da fronteira em Pacaraima até o processo de integração.
O papel das Forças Armadas, através da Força-Tarefa Logística Humanitária, é destacado pela sua expertise em logística, segurança e organização de operações em larga escala. O Exército Brasileiro, Marinha do Brasil e a Força Aérea Brasileira desempenham juntos funções de logística, infraestrutura e segurança, enquanto o Exército mantém o compromisso de atuar como coautor desse esforço conjunto.
Paralelamente, agências como o ACNUR (Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados) e a OIM (Organização Internacional para as Migrações) trazem know-how técnico e apoio financeiro. As agências locais complementam esses esforços, oferecendo serviços como assistência médica, suporte psicológico e ensino de idiomas, essenciais para a adaptação dos migrantes ao novo ambiente.
Impacto regional e inspiração para outros países
A Operação Acolhida vai além de uma resposta nacional, servindo como modelo de boa prática para outras nações sul-americanas. Seu enfoque no ordenamento, abrigamento e interiorização é exemplo de como lidar com crises migratórias de maneira integrada, eficiente e humanitária. Com mais de 144 mil venezuelanos interiorizados desde o início da operação, ela demonstra a capacidade do Brasil de promover a inclusão social e econômica, mesmo em face de desafios internos.
Essa iniciativa inspirou debates e cooperações regionais sobre como lidar com crises humanitárias, promovendo a troca de experiências entre países. Em foros internacionais, como a Conferência Regional sobre Migração, a Operação Acolhida tem sido reconhecida e elogiada pela sua inovação e resultados, reafirmando o papel do Brasil como líder regional em questões humanitárias.
Conclusão
A Operação Acolhida não apenas responde a uma crise migratória sem precedentes, mas também reafirma valores que transcendem fronteiras: solidariedade, cooperação e respeito à dignidade humana. Ao combinar a expertise das Forças Armadas com o engajamento de diversas entidades, ela se destaca como um exemplo de gestão humanitária eficaz na América do Sul. Mais do que uma operação, é uma lição de como transformar desafios em oportunidades para construir um futuro mais inclusivo e humano.
"Onde há crise, estendemos a mão; onde há sofrimento, levamos esperança — essa é a Operação Acolhida". 2º Ten Hildemar
Referências
ACNUR Brasil. Operação Acolhida: Resposta à crise humanitária dos refugiados e migrantes venezuelanos no Brasil. Disponível em: www.acnur.org. Acesso em: novembro de 2024.
Ministério da Defesa. Relatórios Operacionais da Operação Acolhida. Disponível em: www.defesa.gov.br. Acesso em: novembro de 2024.
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