AS PRIMEIRAS AÇÕES DA FORÇA EXPEDICIONÁRIA BRASILEIRA (FEB) NO VALE DO RENO – NOVEMBRO DE 1944

Autores: Cel André Dias
Sexta, 04 Abril 2025
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A obstinada resistência do Eixo no Teatro de Operações do Mediterrâneo, o terreno montanhoso, as más condições climáticas, a escassez de recursos e o acentuado desgaste das tropas fizeram com que o estribilho aliado “Natal em Bolonha” fosse completamente esquecido. Tornavam-se imperativos a pausa nas operações ofensivas e o reajustamento do dispositivo, conforme tratado na Reunião do Passo de Futa, em 30 de outubro de 1944.

Ao XV Grupo de Exércitos, constituído pelos V e VIII Exércitos de Campanha (Ex Camp), cabia, naquele momento, manter a pressão sobre as forças nazifascistas na Itália, evitando eventuais deslocamentos de tropas daquela região para a Europa, onde as ofensivas por oeste e leste se desenvolviam com particular sucesso. O V Ex Camp1, atuando a oeste na península itálica, empregava o II Corpo de Exército em seu esforço principal, orientando-o pela estrada 65 (Florença-Bolonha), com o propósito de atravessar os Apeninos e alcançar, o quanto antes, as planícies do vale do Pó. A proteção do flanco oeste desse movimento estava a cargo do IV Corpo de Exército (IV C Ex), desdobrado em uma impressionante frente de 88 km (Figura 1).

 

 

Na Zona de Ação (Z Aç) do IV C Ex, a estrada 64 era de vital importância. Para mantê-la livre dos fogos observados inimigos, as tropas da FEB foram rocadas do vale do Serchio para o vale do Reno, substituindo o Grupamento Tático “B” (GT 2)2, bastante desgastado. O Destacamento FEB, extinto em 1º de novembro, dá lugar à 1ª Divisão de Infantaria Expedicionária (1ª DIE), comandada pelo General de Divisão Mascarenhas de Moraes e subordinada ao IV C Ex (Figura 2).

 

 

Dessa forma, o 6º Regimento de Infantaria (6º RI) ocupou a linha Torre di Nerone-Turziano-Fornaci, com o II Batalhão/6º RI (II Btl), e Volpara-Africo, com o III Batalhão/6º RI (III Btl), respectivamente, nas noites de 3 para 4 e de 5 para 6 de novembro. O I Batalhão/6º RI (I Btl) passou à reserva da 1ª DIE e o Destacamento Nelson de Melo (Dst NM)3 substituiu a Força-Tarefa Gardner, norte-americana, em La Serra-Il Querceto-Riola Vecchia, em 15 de novembro (Figura 3).

 


A Torre di Nerone, em particular, era um importante observatório que dominava as posições inimigas circunvizinhas e o corte do rio Aneva. Com elevado valor tático, constituía um saliente no centro do dispositivo febiano, igualmente vulnerável e bastante cobiçado pelos alemães. Nesse contexto, cabe salientar que a Zona de Ação (Z Aç) da 1ª DIE ainda contava com integrantes do GT B. Pendências relacionadas à entrega do material e ao treinamento das tropas dos 1º e 11º RI impediam a completa substituição dos efetivos norte-americanos (Figura 4).

 

 

Além da ocupação do setor a cavaleiro da estrada 64, a 1ª DIE teve também como missão preparar um ataque à altura de Castelnuovo, com a finalidade de retificar a linha defensiva. Assim, as ações se iniciaram em 17 de novembro, com o II Btl conquistando a cota 702 e o Dst NM, as alturas de Monzone e Lissano. Em 18 de novembro, o Dst NM conquistou as alturas de Boscaccio-Monte Cavalloro-Il Sasso e, a despeito de contra-ataques alemães e da retomada da cota 702 pelo inimigo, uma nova linha mais avançada foi estabelecida (Figura 5).

Após esse primeiro êxito para a conquista Castelnuovo, a 1ª DIE recebeu ordem para interromper suas ações. O IV C Ex necessitava reforçar, com parte do efetivo brasileiro, a Força-Tarefa 45, encarregada de planejar e conduzir um ataque à linha de alturas composta pelos montes Belvedere-Castelo-Della Torraccia. Como consequência, integrantes dos 1º e 11º RI seriam trazidos para compor aquela grande unidade norte-americana sem haver concluído adequadamente o seu preparo.

O ótimo desempenho no vale do Serchio e nas ações iniciais no Reno, somados à flagrante falta de meios do V Ex Camp, fizeram com que os altos escalões aliados atribuíssem missões mais ousadas aos pracinhas. Descortinavam-se, pois, as primeiras ações direcionadas ao famoso Monte Castelo e a lapidação final do adestramento dos febianos se daria à base de muita determinação, suor e sangue nas encostas geladas dos Apeninos.

1 Integravam o V Ex Camp, naquele momento, os II, IV e XIII Corpos de Exército (C Ex).

2 Da 1ª Divisão Blindada norte-americana.

3 Dst NM: I Btl/6º RI; 1ª Cia/13º Batalhão de Carros de Combate (EUA); Cia Obuses e Cia Anticarro do 6º RI.

 

 

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História
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Excelente!! Esperando a continuação...

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