A importância em realizar o mapeamento do Brasil, no início do século XX, resultou na criação da Comissão da Carta Geral do Brasil em 1903. Com o início dos trabalhos, verificou-se a necessidade de manter um efetivo permanente de sargentos, especializado no trabalho de levantamento de campo Comissão, já que os oficiais, operadores topográficos, estavam envolvidos em trabalhos de campo, gabinete e administração.
Os relatórios do Tenente Coronel José Pantoja Rodrigues, Chefe da Carta Geral (antigo 1º Centro de Geoinformação), em 1915 concluíram que seria essencial para o sucesso do mapeamento do território, a criação de um quadro de topógrafos que atendessem as exigências técnicas dos trabalhos, aos moldes da França e da Argentina, que já possuíam em seu Serviço Geográfico uma Companhia de Topógrafos.
Sendo assim, surgiu a Companhia de Topógrafos Artífices, regulada pelo Aviso nº 1121, de 15/10/1918, dando organização ao Contingente, de 150 praças, criado pelo Aviso nº 361, de 02/04/1918, com a finalidade de ministrar instruções práticas de Topografia aos praças do Contingente da Carta Geral, sendo atribuída ao Tenente Tito Marques Fernandes esta missão.
Em 1921, com a publicação no Boletim do Exército nº 404, de 05 Set 1921, foi criado, a título de experiência, o “Quadro de Topógrafos da Comissão da Carta Geral da República”. Esses sargentos topógrafos eram destinados às operações de campo, sob a direção e orientação dos oficiais, todavia, excepcionalmente, o Chefe da Comissão da Carta Geral poderia incumbir alguns dentre eles do trabalho de gabinete. O recrutamento era efetuado entre os sargentos aprovados em exames feitos nos corpos de tropa, no âmbito da 3ª RM. Os candidatos aprovados eram incluídos no Quadro de Topógrafos, cujo efetivo previsto em legislação era de 32 Sargentos, onde serviam, obrigatoriamente, por cinco anos. Esses militares foram empregados nos levantamentos de campos de instrução, como a Fazenda Nacional de Saycan, em trabalhos técnicos no Rio Grande do Sul e também apoiando a Comissão de Limites com o Uruguai. Foram empregados também no efetivo do Batalhão de Caçadores, constituído pela Carta Geral, na Revolução de 1930, em São Paulo.
Em 1932, com a extinção da Carta Geral, o Regulamento do Serviço Geográfico previu a extinção dos Sargentos Topógrafos, e os auxiliares técnicos seriam civis contratados. Os sargentos remanescentes da Carta Geral foram empregados na 1ª DL ou transferidos para o Serviço Geográfico do Exército, no então Distrito Federal.
Em 1938, o Cel Tito Marques Fernandes, que havia sido instrutor do 1º Curso de Sargentos Topógrafos da Carta Geral, em 1922, e diretor do Curso, em 1926, elaborou o anteprojeto do Regulamento do Serviço Geográfico, sugerindo restabelecer o antigo Quadro de Topógrafos com a criação do " Núcleo de Topógrafos Práticos", constituído por 60 topógrafos, e os remanescentes do antigo Quadro seriam imediatamente incluídos no Núcleo.
Porém, a solução encontrada pelo Serviço Geográfico para resolver o problema da necessidade de auxiliares técnicos, foi aproveitar o pessoal civil para os trabalhos de gabinete e sugerir, mediante anteprojeto, a criação do Quadro de Topógrafos para as tarefas de campo. O Decreto sofreu pequenas alterações, e finalmente foi criado o Quadro de Topógrafos do Serviço Geográfico do Exército, através do Decreto Lei 8445, de 26 Dezembro de 1945.
Destaca-se a participação do então Ten Cel Djalma Polli Coelho na criação do Quadro de Topógrafos do Exército, pelo seu trabalho no Destacamento Especial do Nordeste, do qual foi Chefe, no início da década de 40, onde relatou a necessidade de contar com pessoal técnico na organização e levantamento dos trabalhos de campo. Ressaltamos que o DEN contou com Tenentes e Sargentos Ajudantes, oriundos da 1ª DL, remanescentes do "Quadro de Topógrafos" da Carta Geral.
O Curso de Topógrafos, inicialmente denominado PAQ TOPO (Período de Adaptação ao Quadro de Topógrafos) teve início em 1946, com praças de diversas graduações, funcionando de forma simultânea na 1ª DL (Porto Alegre) e no Serviço Geográfico do Exército (RJ) atual 5º CGEO, formando Topógrafos para o Exército, Marinha e Aeronáutica.
Em 1959, foi alterada a denominação do PAQ Topo para Curso de Formação de Topógrafos, pois os candidatos eram oriundos da ESA.
Em 1969, o Curso foi transferido para a ESIE e, a partir de 1970, foi alterada a documentação curricular para Curso de Formação de Sargentos Topógrafos, através da Portaria 116-EME, de 15 de dezembro de 1969.
Em 2010, com a transformação da EsMB em Escola de Sargentos de Logística, através da Portaria do Comandante do Exército nº 126, de 10 de março de 2010, o Curso de Formação e o Curso de Aperfeiçoamento de Sgt de Topografia passaram a funcionar na EsSLog, a partir do ano de 2011. Em 2018, formou-se a primeira turma de Sgt Topo do segmento feminino.
De acordo a Portaria Nº 098-EME, DE 05 DE ABRIL DE 2019, o Sgt Topo, formado a partir de 2020, passa a receber o titulo de Tecnólogo em Agrimensura, em acordo com o Catálogo Nacional de Cursos Superiores de Tecnologia.
O Sgt Topo do século XXI, Era da Informação, utiliza em suas tarefas diárias, equipamentos e programas de tecnologia de ponta e emprego dual, que necessitam de constante atualização, e exigem o domínio de idioma estrangeiro e conhecimento em tecnologia da informação.
De acordo com Plano Estratégico do Exército 2020/2023, o Sgt Topógrafo está empregado no SubPrograma EBCART, com o objetivo de prover o mapeamento do território nacional por intermédio da disponibilização da geoinformação às partes interessadas, do Programa Estratégico de Gestão de Tecnologia da Informação e Comunicações, atuando nos Centros de Geoinformação.
Também é notável o emprego do Sgt Topógrafo no Projeto Estruturante Novo Sistema de Engenharia, ao realizar levantamentos topográficos de apoio aos projetos de engenharia e nas atividades técnicas das obras de infraestrutura rodoviária, no âmbito do Departamento de Engenharia e Construção.
Em 17 de outubro, data do nascimento do Gen Djalma Polli Coelho, um dos principais idealizadores do Quadro, comemora-se o Dia do Topógrafo.
Referências bibliográficas
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Anuário Estatístico da DSG, 1955 Anuário Estatístico da DSG, 1958-1959 Anuário Estatístico da DSG, 1960 Anuário Estatístico da DSG, 1968-1969 Anuário Estatístico da DSG, 1970
BOLETIM DO EXÉRCITO N° 404, 05 setembro 1921
Decreto nº 20.754, de 4 de Dezembro de 1931. Plano de Uniformes do Exército 1931. Disponível em http://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1930-1939/decreto-20754-4- dezembro-1931-506847-publicacaooriginal-1-pe.html. Acessado em
Decreto nº 21.883, de 29 de Setembro de1932. Disponível em http://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1930-1939/decreto-21883-29-setembro- 1932-503680-publicacaooriginal-1-pe.html. Acessado em
DECRETO-LEI N. 1.484 - DE 3 DE AGOSTO DE 1939 – QUADRO DE TÉCNICOS DO EXERCITO . DISPONÍVEL EM HTTP://WWW2.CAMARA.LEG.BR/LEGIN/FED/DECLEI/1930-1939/DECRETO- LEI-1484-3-AGOSTO-1939-411799-PUBLICACAOORIGINAL-1-PE.HTML. ACESSADO EM
Decreto Lei nº 8445, de 26 dezembro 1945 – quadro de topógrafos do Serviço Geográfico do Exercito. Disponível em https://www.diariodasleis.com.br/legislacao/federal/124855-cria-o-quadro-de- topografos-do-servico-geografico-do-exercito.html. Acessado em
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