A Tomada de Monte Castello pela Força Expedicionária Brasileira FEB, em 21 de fevereiro de 1945

Autores: Flávio Augusto Nogueira Noronha
Sexta, 21 Fevereiro 2025
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Anos depois de sua derrota na Primeira Guerra Mundial, a nazista Alemanha viu-se em condições de retomar suas terras e de expandir o seu poder sobre outras, haja vista a ascensão do nazismo e a difusão do nacionalismo.

Reaparelhada militarmente, em 1º de setembro de 1939 invadiu a Polônia, ato prontamente repreendido pela França e pela Grã-Bretanha, que a ela declararam guerra, o que deu início à 2ª Guerra Mundial, uma calamidade de característica multinacional, tida como a maior da história da humanidade, por ter envolvido mais de setenta nações que discordavam das opressoras intenções irradiadas pela Alemanha e pelos seus apoiadores - Japão e Itália - grupo que passou a ser denominado de “Potências do Eixo” ou, simplesmente, “Eixo”.

Por outro lado, uniram-se à França e à Grã-Bretanha, a União Soviética, os Estados Unidos da América e a China, mobilizando milhões de militares e formando o que ficou conhecido como “Forças Aliadas”.

O Brasil manteve-se na neutralidade, até que, em 1942, permitiu que os Estados Unidos instalassem estratégicas bases militares em sua costa, abrangendo todo o norte e o nordeste.

O Eixo, incomodado com a ajuda prestada pelo Brasil, deu ordens a submarinos alemães para torpedearem navios civis brasileiros, como forma de intimidação ao País, para que este fosse desestimulado a continuar prestando auxílio aos americanos.

Como consequência, os navios brasileiros “Baependi”, “Araraquara”, “Aníbal Benévolo”, “Itagiba” e “Arará” foram afundados, o que provocou a morte de cerca de 600 civis.

O Brasil, até então fora do conflito, diante de tamanha afronta e agressividade, em 31 de agosto de 1942, declarou guerra às nazifascistas Alemanha e Itália, o que gerou, dentro do próprio Brasil, críticas ferrenhas por parte de personalidades e da imprensa, os quais diziam, maldosamente, com desprezo às nossas Forças Armadas, que o País não tinha condições de participar da guerra e que seria mais fácil uma cobra a um cachimbo fumar do que o Brasil enviar tropas para o solo conflagrado da Europa.

Um ano depois, em 9 de agosto de 1943, criou-se a Força Expedicionária Brasileira, comandada pelo General Mascarenhas de Morais, a qual foi exaustivamente treinada, até que, em 2 de julho de 1944, teve início o envio de mais de 25 mil homens e mulheres à Itália, sob o comando dos Generais Zenóbio da Costa, Cordeiro de Farias e Olímpio Falconière da Cunha, os quais lá desembarcaram entre os meses de setembro de 1944 e fevereiro de 1945, já no último e definitivo terço da guerra, em cinco escalões de envio.

A FEB, com sua 1ª Divisão de Infantaria Expedicionária, composta pelos Regimentos Sampaio, do Rio de Janeiro; Tiradentes, de São João Del Rey; e Caçapava, de São Paulo; integrou o IV Corpo do Exército Estadunidense, sob o comando do Gen Crittenberger - subordinado ao V Exército Norte-Americano, dirigido pelo Gen Mark Clark - inserido no XV Grupo de Exércitos Aliados, composto, precipuamente, por tropas soviéticas, inglesas, norte-americanas e chinesas.

O símbolo da FEB era a imagem de uma cobra fumando um cachimbo, usada para provocar os que duvidavam de que os brasileiros participariam da guerra e de que bem cumpririam sua missão, que era a de ajudar a evitar o acesso à Áustria pelos alemães, onde os Aliados, estrategicamente preparavam a ofensiva final, visando pôr fim à guerra.

Iniciada sua jornada nas sangrentas batalhas, a FEB avançou com determinação por entre montanhas frias e ajudou na conquista de Massarosa, Camaiore e Monte Prano, e na expulsão do exército alemão do Vale do Rio Serchio, retomando a região de Gallicano-Barga.

Após, como completa Divisão postada na localidade de Porreta Terme, na base dos Apeninos Setentrionais, sob frio intenso de até 20 graus celsius negativos; muita neve, umidade e contínuos ataques exploratórios desferidos pelas tropas do Eixo; além do esgotamento físico proporcionado por três meses ininterruptos de campanha, sem oportunidade para recuperação; os expedicionários assumiram a espinhosa missão de, de lá, ajudar a expulsar os alemães da chamada “Linha Gótica” (um sistema de defesa de mais de 280 km de extensão), formada para tentar conter o ganho de chão pelos Aliados, que visavam à conquista do complexo formado por Monte Castello e a região montanhosa aos seus arredores, composta por Belvedere, Della Torraccia e Castlnuovo di Vergato. Esta conquista era tentada há anos pelos Aliados, porém, sem sucesso.

Houve quatro tentativas de tomada de Monte Castello pela FEB. As duas primeiras ocorreram em 24 e 25 de novembro de 1944, com a participação da Esquadrilha de Reconhecimento; do 3º Batalhão do Regimento Caçapava; e da Força-Tarefa 45 dos Estados Unidos. Por pouco a conquista não se concretizou, sendo frustrada por forte contraofensiva alemã, que recuperou as posições perdidas, o que incluía o cume do Monte Castello, obrigando a FEB e os americanos a abandonarem suas posições.

A terceira tentativa deu-se em 29 de novembro, com a participação de 3 batalhões brasileiros e apenas 3 pelotões de tanques americanos auxiliares. A intensa chuva e o céu encoberto impediram a ajuda aérea, e a lama inviabilizou a efetiva participação dos tanques estadunidenses. Soldados alemães dos Regimentos 1.043, 1.044 e 1.045 contra-atacaram fortemente as tropas brasileiras, impedindo o seu avanço e, mais uma vez, impedindo a conquista.

A quarta incursão mal-sucedida em busca da tomada de Monte Castello foi promovida em 12 de dezembro, com a participação do 2º e do 3º Batalhões do Regimento Sampaio, tendo sido marcada pela violência enfrentada pelas tropas e pela morte de 150 soldados aliados, dentre os quais eram 20 brasileiros.

Após amplos estudos estratégicos e aprendizado com os insucessos anteriores, uma quinta tentativa de conquista teve início no amanhecer do dia 21 de fevereiro de 1945, às 5h30, ordenada pelo 5º Exército Americano. A investida foi denominada de “Operação Encore”, a qual contou com a utilização das tropas da 10ª Divisão de Montanha dos Estados Unidos e da 1ª Divisão Expedicionária Brasileira.

Foram cerca de 12 horas do que seria uma das mais sangrentas, violentas e mortais batalhas enfrentadas pela FEB, que participou com os Batalhões Uzeda, Franklin e Siseno Sarmento. Às 17h30, o Batalhão Franklin conquistou o cume de Monte Castello, abrindo caminho para a concretização da vitória naquela missão, que era a tomada daquele que ficou conhecido como o “Monte Maldito”.

O sucesso da FEB foi decisivo para a ofensiva dos Aliados no Teatro de Guerra rumo à vitória sobre o Eixo, e mostrou ao mundo o grande valor do soldado brasileiro, que fez a “cobra fumar” no solo conflagrado europeu.

Desde então e até hoje, 79 anos após a tomada de Monte Castello e a subsequente vitória dos Aliados na Segunda Guerra Mundial, o Exército Brasileiro brada com toda a força de quem venceu: A cobra fumou! Brasil Acima de Tudo!

Fontes de Consulta:

https://fatosmilitares.com/heroica-tomada-do-monte-castello/

https://www.gov.br/defesa/pt-br/centrais-de-conteudo/noticias/vitoria-da-feb-com-a-tomada-de-monte-castello-completa-76-anos

https://3de.eb.mil.br/index.php/todas-as-noticias/2304-tomada-de-monte-castello-uma-saga-de-heroismo

https://militares.estrategia.com/portal/materias-e-dicas/historia/batalha-de-monte-castelo/

https://www.defesanet.com.br/terrestre/celebracao-dos-77-anos-da-vitoria-do-brasil-na-tomada-de-monte-castello-reafirma-soberania-brasileira/

https://pt.wikipedia.org/wiki/Batalha_de_Monte_Castello

https://segundaguerra.org/monte-castello-uma-pagina-da-historia-brasileira/

 

CATEGORIAS:
História

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Comentarios

Reverenciar os Pracinhas, jovens heróis distantes na linha do tempo, serve como exemplo aos Soldados atuais, para lembrá-los que o Exército de hoje ´é o mesmo de ontem e de amanhã, porque, aconteça o que aconter, o Soldado sempre será o guardião da nossa soberania, liberdade e integridade territorial.

Muito bom artigo, Noronha. Parabéns e muito obrigado.

Excelente dissertação....

Relato pontual e esclarecedor dos acontecimentos!  Parabéns ao proficiente autor!

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