A importância da liderança no centro cirúrgico: guiando equipes rumo à excelência

Autor: Ten Amanda Ginani Antunes

Quarta, 11 Setembro 2024
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INTRODUÇÃO

O centro cirúrgico é um ambiente complexo e desafiador, no qual equipes multidisciplinares trabalham em conjunto para oferecer cuidados de saúde de alta qualidade aos pacientes.

A coordenação e a harmonia entre os membros da equipe são fundamentais para o êxito de qualquer cirurgia. O líder no centro cirúrgico deve ser capaz de unir habilidades diversas, integrando os cirurgiões, anestesiologistas, enfermeiros e técnicos em um trabalho sincronizado em prol do paciente.

A presença de uma liderança eficaz é essencial para assegurar que cada procedimento seja conduzido com segurança e eficiência. O líder deve garantir que todos os protocolos sejam rigorosamente seguidos e que a equipe esteja consciente dos seus papéis, metas e responsabilidades, promovendo um ambiente de trabalho colaborativo, seguro e eficiente.

Por isso, compreender a importância da liderança dentro desse ambiente de alta complexidade e pressão significa reconhecer que o líder é o elo que une a equipe multidisciplinar, mantendo o foco no objetivo comum que é a saúde e o bem-estar do paciente.

 

DESENVOLVIMENTO

A liderança eficaz no centro cirúrgico é fundamental para guiar equipes multidisciplinares rumo à excelência, garantir a segurança do paciente e alcançar resultados bem-sucedidos em procedimentos cirúrgicos.

A fim de compreender o real conceito do que é ser um líder eficaz, John C. Maxwell, em sua obra “As 21 irrefutáveis leis da liderança: siga-as e as pessoas o seguirão” aborda de maneira clara e didática que a capacidade de liderança é o limite que determina o grau de eficácia de uma pessoa, ou seja, quanto maior a capacidade de liderar, maior a sua eficácia.

Outra característica da liderança que predomina diariamente no ambiente do centro cirúrgico é a capacidade de influenciar. O líder deve influenciar positivamente o trabalho de toda a equipe e, consequentemente, isso proporciona cuidados de saúde de alta qualidade. Segundo o autor Symon Hill, em seu livro “A arte de influenciar pessoas”, a arte de influenciar consiste na habilidade de fazer os outros

seguirem suas orientações sem uma explicação ou motivo lógico; elas fazem isso simplesmente por gostarem da pessoa do líder.

Essa capacidade de influenciar também foi amplamente abordada pelo autor Jorge Lessa Guimarães, em sua obra literária “Mandar é fácil, difícil é liderar - O desafio do comando na nova economia”, reforçando a dimensão interpessoal da liderança e a necessidade de compreender o ato de liderar como um fenômeno sistêmico relacional e histórico, que contempla fatores individuais, psicossociais e interorganizacionais.

Mas afinal, o que faz um bom líder? Essa foi a pergunta que levou o escritor Warren Bennis a entrevistar vários líderes e escrever a obra “A essência do líder”, que aborda os mais diversos atributos dos líderes em segmentos distintos – pensadores, executivos, cientistas e artistas. Bennis dizia: “A liderança é como a beleza: difícil de definir, mas sabemos que estamos diante dela quando a vemos”.

E como é possível ver a liderança dentro de um ambiente particular como o centro cirúrgico? Ser um bom líder no centro cirúrgico requer uma combinação de habilidades técnicas, competências pessoais e interpessoais, e comprometimento com a segurança do paciente. Destacam-se a seguir alguns aspectos para se tornar um líder eficaz nesse ambiente desafiador:

  • Comunicação: A comunicação clara e precisa é fundamental, possibilitando a transmissão efetiva das informações, planos, metas e expectativas. A fim de garantir um fluxo contínuo de informações entre os membros da equipe, preconiza-se a comunicação em “alça fechada”, ou seja, o emissor transmite a mensagem ao receptor, que a confirma por meio de feedback, assegurando que a informação tenha sido entendida corretamente. O líder deve ser capaz de se comunicar efetivamente com todos os membros da equipe, estabelecendo um ambiente no qual todos os profissionais se sintam à vontade para se expressar e relatar preocupações, a fim de garantir a fluidez das informações, sem falhas na comunicação.

  • Motivação da equipe: Liderar uma equipe no centro cirúrgico requer inspirar e motivar os membros para que se dediquem ao trabalho e ao bem-estar dos pacientes. O líder deve incentivar um ambiente de trabalho positivo e encorajador, reconhecendo o trabalho bem-feito e estimulando o desenvolvimento profissional de cada membro da equipe.

  • Foco na segurança do paciente: A segurança do paciente deve ser a prioridade no centro cirúrgico. Isso envolve seguir rigorosamente os protocolos de segurança, garantir a esterilização adequada dos equipamentos, prevenir infecções e estar atento a quaisquer fatores que possam colocar o paciente em risco. O líder deve ser o responsável por assegurar que todas essas medidas estejam sendo devidamente realizadas e por garantir que todos os membros da equipe estejam cientes e engajados com a cultura de segurança.

  • Tomada de decisão: Em um ambiente cirúrgico, são necessárias decisões rápidas, assertivas, embasadas em conhecimento técnico e experiência. O líder deve ser capaz de tomar essas decisões, a fim de solucionar da melhor forma as situações inesperadas ou emergenciais.

  • Gestão de recursos: O centro cirúrgico é um local com muitos recursos, como tempo, equipe, equipamentos e materiais cirúrgicos. O líder deve ser capaz de gerenciar esses recursos eficientemente para garantir a melhor utilização destes.

  • Gerenciamento de conflitos: As equipes cirúrgicas podem ser compostas por profissionais de diferentes especialidades, personalidades e perspectivas. Conflitos podem surgir, e o líder deve ser capaz de lidar com essas situações de forma diplomática e equilibrada, garantindo que a cooperação e o foco no paciente sejam mantidos.

  • Gerenciamento de riscos: A liderança no centro cirúrgico envolve a identificação e mitigação de riscos para a segurança do paciente. O líder deve promover uma cultura de segurança, garantindo que os protocolos sejam seguidos e que a equipe esteja ciente dos procedimentos para prevenir eventos adversos e complicações.

  • Capacitação e treinamento: Líderes eficazes investem no desenvolvimento e aprendizado contínuo da equipe. Isso inclui revisar constantemente os processos, identificar oportunidades de melhorias e aprimoramento, fornecer treinamento adequado, incentivar a participação em cursos e conferências relevantes e apoiar o crescimento profissional de cada membro da equipe. Ao encorajar a busca constante por aperfeiçoamento técnico-profissional, contribui-se para a evolução e o avanço da medicina, promovendo cuidados mais seguros e eficazes.

A liderança no centro cirúrgico é essencial para garantir que todas as partes envolvidas estejam trabalhando harmoniosamente em prol do melhor resultado possível para o paciente, minimizando riscos e otimizando os cuidados. Um líder habilidoso pode aumentar a eficiência operacional, melhorar a satisfação da equipe e, o mais importante, aumentar a segurança do paciente durante todo o processo cirúrgico.

CONCLUSÃO

A importância da liderança no centro cirúrgico transcende as barreiras do ambiente hospitalar. É uma responsabilidade que afeta diretamente a vida dos pacientes e a eficiência de toda a equipe envolvida. Uma liderança competente, focada na segurança do paciente, na coordenação da equipe e na busca pela excelência, é um pilar fundamental para o sucesso de qualquer procedimento cirúrgico.

Liderar no ambiente cirúrgico é uma tarefa desafiadora e complexa, mas também extremamente gratificante. Ao cultivar o compromisso com a excelência e a segurança do paciente, é possível se tornar um líder respeitado e admirado por toda a equipe, proporcionando assim os melhores cuidados possíveis aos pacientes durante os procedimentos cirúrgicos.

A liderança no centro cirúrgico é um elemento inegociável para o sucesso de qualquer procedimento. O líder é o responsável por guiar a equipe, assistindo vidas com segurança e excelência rumo à saúde.

 

REFERÊNCIAS

Bennis, Warren Gamaliel. A essência do líder. Campus: 2014. São Paulo.

Brasil (2017). Gestão de riscos e investigação de Eventos Adversos relacionados à assistência à saúde. Anvisa, 94p.

Cauduro, Fernanda Letícia, et al. "Cultura de segurança entre profissionais de centro cirúrgico." Cogitare Enfermagem 20.1 (2015).

Cruz, Letícia Lima, et al. "Avaliação da cultura de segurança do paciente no centro cirúrgico: um estudo transversal." Nursing, São Paulo, 2021: 5980-5997.

Fachola, Kamila, et al. "Proposta de Gestão de riscos: mapeamento de fluxo, riscos e estratégias de segurança em um centro cirúrgico." Research, Society and Development11.6 (2022).

Guimarães, Jorge Lessa. Mandar é fácil, difícil é liderar: o desafio do comando na nova economia. Casa da Qualidade, 2001. Salvador, BA.

Hill, Symon. A arte de influenciar pessoas. Potencialize sua habilidade de relacionamento e liderança. Apalestra Editora, 2012. São Paulo.

Hunter, James. O monge e o executivo: uma história sobre a essência da liderança. Sextante, 2004. São Paulo.

Kawamoto, Andressa Morello, et al. "Liderança e cultura de segurança do paciente: percepções de profissionais em um hospital universitário”. Revista de Pesquisa Cuidado é Fundamental Online 8.2 (2016): 4387-4398.

Maxwell, John Calvin. As 21 irrefutáveis leis da liderança: siga-as e as pessoas o seguirão. Rio de Janeiro: Thomas Nelson Brasil, 2007.

Maxwell, John Calvin. Líder 360°: como desenvolver seu poder de influência a partir de qualquer ponto da estrutura corporativa. Rio de Janeiro: Thomas Nelson Brasil, 2007.

Silva, Thaís Oliveira da. “Lean Healthcare: Gestão de qualidade em centro cirúrgico.” (2018).

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Comentarios

Comentarios

O desafio de liderar equipes multidisciplinares é grande, ainda mais quando exige habilidade técnica e lida com a vida das pessoas. 

Acrescentaria mais dois atributos: coragem e humildade, poderosos atributos que agregam pessoas em torno de quem lidera, o qual também tem o dever didático de ensinar quem o admira.

Texto interessante e muito bom que descreve algo pouco explorado na Força e no Brasil,

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