Os feitos dos nossos pracinhas têm sido objeto de pesquisa por parte de diversos estudos acadêmicos (Silva, 2017; Nunes, 2020; Michels; da Silva, Silva, Sobrinho, Gallindo & Marques, 2022). Esse legado é perpetuado na forma de nomes em logradouros públicos e escolas, que homenageiam o Marechal Mascarenhas de Moares e o 3º Sgt Max Wolff Filho. Cabe ainda ressaltar o caso das produções cinematográficas que rememoraram as vitórias brasileiras na Europa (Tomaim, 2008; Roque, 2020).
É imperioso destacar que o Brasil foi o único país sul-americano a colaborar de forma ativa com o esforço de guerra aliado no maior conflito registrado na face da Terra, no caso das patrulhas no Atlântico pela Marinha, quer seja na libertação da Itália, por atuação do Exército e da nascente Força Aérea (Donato, 1986). Essa atuação destacada no teatro de operações europeu contra o nazifascismo imortalizou lemas como o “senta a pua!” e “a cobra vai fumar”, relacionados ao 1º Grupo de Aviação de Caça e à Força Expedicionária Brasileira (FEB), respectivamente.
Dados os imensos óbices no cenário de significativa desconfiança, sugeriu-se à época ser mais fácil uma cobra “fumar” do que o país enfrentar as adversidades do conflito com emprego de força militar (Michels, da Silva, Silva, Sobrinho, Gallindo & Marques, 2022). Embora sobrassem dificuldades de ordem econômica, de mobilização, preparação e até mesmo tecnológicas, todas foram superadas com o êxito dos nossos combatentes em diversas batalhas, como Monte Castello, Montese, Collechio e Fornovo di Taro (Donato, 1986).
É sobre as frases “a cobra vai fumar” e a “cobra fumou” que se baseia a canção “smoking snakes” (cobras fumantes), do grupo escandinavo Sabaton. Em consulta na internet, a obra epigrafada tem acompanhado o repertório de várias bandas militares, nos exemplos do 19º Batalhão de Infantaria Motorizado, 25º Batalhão de Caçadores, 34º Batalhão de Infantaria Mecanizado, 63º Batalhão de Infantaria, Comando Militar da Amazônia, Comando Militar do Norte, Polícia Militar de Santa Catarina, Polícia Militar do Paraná, assim como inúmeras fanfarras pelos diversos rincões deste Brasil.
A letra narra uma excepcional atuação de três soldados do 11º Batalhão de Infantaria de Montanha (São João del Rey/ MG), que é a 3ª faixa do álbum “Heroes” (Pinheiro, Souza, Gallo, Resende, Ferreira, de Assis, da Silva, da Silva, Basílio & Brinati, 2016; Silva, 2017). Sabaton é uma banda sueca formada em 1999, conhecida no cenário internacional pelo seu vínculo com a temática militar. A música do álbum de 2014 retrata o encontro desses três brasileiros contra uma tropa alemã de aproximadamente cem combatentes em 14 de abril de 1945 (Padilha, 2014).
Essa homenagem internacional aos feitos dos nossos expedicionários, inclusive traz um refrão em português: “cobras fumantes, eterna é a sua vitória!”. Sabaton, prestigiada banda do hemisfério norte, soube bem ilustrar a importância da FEB para a História, por rememorar evento ocorrido há quase oito décadas. A despeito das imensas dificuldades enfrentadas, a cobra fumou e os feitos dos nossos heróis estão imortalizados em avenidas, praças, estabelecimentos de ensino, produções cinematográficas no Brasil, além de música de power metal no exterior.
Figura 1 – Distintivo da FEB
Fonte: Diretoria de Patrimônio Histórico e Cultural do Exército (DPHCEx).
Figura 2 – Capa do álbum “Heroes”
Fonte: Portal Defesa Aérea & Naval.
Referências
Donato, H. (1986). Dicionário das batalhas brasileiras. São Paulo: Ibrasa.
Michels, D. A.; da Silva, I. J. S. M.; Silva, J. C.; Sobrinho, J. T. S. R.; Gallindo, J. V. S.; & Marques, J. M. (2022). 77 anos da Força Expedicionária Brasileira (FEB): contexto histórico da formação da FEB e atuação em território europeu. EsIE. Rio de Janeiro. Disponível em: https://bdex.eb.mil.br/jspui/bitstream/123456789/10523/1/77%20ANOS%20DA%20FEB.pdf Acesso em 1º Nov. 2023.
Padilha, L. (2014). Smoking Snakes: uma homenagem à FEB vinda da Suécia! Defesa Aérea & Naval. Disponível em: https://www.defesaaereanaval.com.br/aviacao/smoking-snakes-uma-homenagem-a-feb-vinda-da-suecia Acesso em 1º Nov. 2023.
Pinheiro, A. A. A.; Souza, D. M. R.; Gallo, L. P. S.; Resende, R. S.; Ferreira, S. H. M.; de Assis, T. C.; da Silva, T. M.; da Silva, T. A.; Basílio, V. M. S.; & Brinati, F. A. (2016). Radiodocumentário: Heróis do Onze. XXIII Prêmio Expocom 2016 – Exposição da Pesquisa Experimental em Comunicação. São Paulo. Disponível em: https://portalintercom.org.br/anais/sudeste2016/expocom/EX53-0896-1.pdf Acesso em 1º Nov. 2023.
Roque, D. M. (2020). Os pracinhas na tela. Revista do IGHMB, 79 (107), 101-117. Disponível em: https://portaldeperiodicos.marinha.mil.br/index.php/ighmb/article/view/3383/3273 Acesso em 1º Nov. 2023.
Silva, H. F. (2017). As memórias do front: as coleções musealizadas dos veteranos da Força Expedicionária Brasileira. Dissertação (Mestrado em Museologia e Patrimônio). UNIRIO. Rio de Janeiro. Disponível em: https://www.repositorio-bc.unirio.br:8080/xmlui/bitstream/handle/unirio/10978/DISSERTA%C3%87%C3%83O%20HUMBERTO%20FERREIRA.pdf?sequence=1&isAllowed=y Acesso em 1º Nov. 2023.
Tomaim, C. S. (2008). Entrincheirados no tempo: a FEB e os ex-combatentes no cinema documentário. Tese (Doutorado em História). UNESP. Franca. Disponível em: https://www.franca.unesp.br/Home/Pos-graduacao/cassio.pdf Acesso em 1º Nov. 2023.
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