Subordinado à 4a Brigada de Infantaria Leve de Montanha (4ª Bda Inf L Mth), em 6 de agosto de 2012, o então Campo de Instrução de Juiz de Fora (CIJF) passou a ser também um Centro de Educação Ambiental e Cultura (CEAC). Com essa nova denominação, um desafio: “conciliar a instrução militar com a preservação do meio ambiente”. Esse desafio faz parte do seu lema e de sua missão precípua “apoiar a instrução militar, proteger o meio ambiente e preservar o patrimônio histórico e cultural”.
As idas e vindas do adestramento das tropas se deslocando no terreno, os estampidos das detonações de munições pesadas e as rajadas de metralhadoras .50 das viaturas Guarani que realizam testes no terreno coexistem pacificamente com atividades de educação ambiental, plantio de árvores, passeios ecológicos, gincanas ambientais e equoterapia com crianças com necessidades especiais.
Localizado em uma área urbana da cidade de Juiz de Fora, entre a Mata do Krambeck (maior reserva privada de mata atlântica em área urbana do país) e a represa Dr. João Penido (segundo maior manancial que abastece a cidade), o CIJF/CEAC prova que é possível conciliar atividades tão antagônicas de modo a minimizar os impactos negativos advindos da missão de preparo e emprego de nossos combatentes de montanha.
Com vistas a conscientizar os combatentes que atuam no ambiente operacional de montanha, o CIJF/CEAC promove diversas ações, sempre em consonância com as diretrizes do Sistema de Gestão Ambiental do Exército Brasileiro (SIGAEB), dentre elas o Programa de Assessoria em Gestão do Meio Ambiente, permitindo o assessoramento às organizações militares (OM) subordinadas à 4ª Bda Inf L Mth e à guarnição de Juiz de Fora nos assuntos relacionados à conformidade ambiental.
Desde 2019, o corpo técnico da Seção de Educação Ambiental e Cultura ministra palestras sobre temas diversos, tais como: Recursos Hídricos e Energia, Resíduos Sólidos e Coleta Seletiva, O Exército e o Meio Ambiente e Medidas de Austeridade.
O Seminário de Meio Ambiente e Biossegurança é realizado anualmente, em parceria com a Faculdade de Engenharia da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), com a finalidade de promover a difusão do conhecimento técnico-científico básico para os militares. A atividade já está em sua oitava edição e conta com palestrantes brasileiros de alto nível técnico-científico, promovendo a discussão sobre as possibilidades e viabilidades da aplicação de técnicas de proteção do meio ambiente e profilaxia de doenças nas atividades militares, bem como a interação com o meio acadêmico.
De modo a complementar as ações educacionais, são disponibilizados aos militares das guarnições de Juiz de Fora, São João Del Rei, Santos Dumont, Petrópolis e Belo Horizonte diversos cursos técnicos desenvolvidos na área do CIJF/CEAC. A maioria deles é realizada em parceria com o SENAR-MG, possibilitando a capacitação de militares e a vinculação da parte prática às demandas ambientais do próprio Campo de Instrução. Nesse contexto, são conduzidos os seguintes cursos: recuperação de nascentes, recuperação de áreas degradadas, construtores de fossa ecológica (bacia de evapotranspiração) e viveirista florestal.
No que tange à utilização do CIJF/CEAC para o preparo da tropa, a coordenação entre a equipe de instrução das OM que utiliza o campo de instrução e a equipe da seção de segurança é crucial para manter o equilíbrio dessas duas atividades tão antagônicas. Fruto dessa coordenação, podemos elencar as seguintes ações:
a) Monitoramento das condições climáticas (umidade, índice pluviométrico, temperatura, dentre outras) e das condições do terreno onde ocorrerá o exercício (elevação, característica da vegetação, existência de aceiros e vias de acesso, presença de açudes, dentre outras), com vistas a fornecer elementos para a tomada de decisão acerca da viabilidade da manutenção da atividade na data prevista e do grau de risco que a mesma possui.
b) Obrigatoriedade da presença de uma equipe de combate a incêndios, com viatura auto bomba tanque (no caso de instruções com emprego de munições e granadas, com destruições de munições etc.).
c) Orientação sobre a proibição de supressão vegetal, caça, pesca, dentre outras contidas nas Instruções Reguladoras para o Sistema de Gestão Ambiental no Âmbito do Exército (IR 50 – 20).
d) Monitoramento aéreo do campo de instrução, supervisionando a obediência às normas e buscando possíveis focos de incêndio.
e) Ao término de cada exercício no terreno, uma equipe da Seção de Segurança percorre a área em busca de possíveis irregularidades ou resíduos de diversas classes deixadas no terreno, visando comunicar o ocorrido aos responsáveis.
Por fim, temos ciência de quão desafiadora é a missão, mas, sem dúvida, as atividades podem ser conciliadas, gerando prejuízos mínimos, desde que sejam respeitadas as diretrizes estabelecidas e as legislações ambientais vigentes, em especial quanto ao uso dos campos e das áreas de instrução.
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Referências:
PORTARIA Nº 1.138, DE 22 DE NOVEMBRO DE 2010. Aprova a Política de Gestão Ambiental do Exército Brasileiro.
PORTARIA Nº 386, DE 9 DE JUNHO DE 2008. Aprova as Instruções Gerais para o Sistema de Gestão Ambiental no Âmbito do Exército (IG 20-10) e dá outras providências.
PORTARIA Nº 001-DEC, DE 26 DE SETEMBRO DE 2011. Aprova as Instruções Reguladoras para o Sistema de Gestão Ambiental no Âmbito do Exército (IR 50 - 20).
PORTARIA Nº 055-DEC, DE 31 DE AGOSTO DE 2018. Aprova a Diretriz do Programa de Conformidade Ambiental do Sistema de Gestão Ambiental do Exército Brasileiro. (EB50-D-04.007).
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