Falar de fotografia é falar de história. É o passado registrado, congelado e preservado de alguém ou de um lugar importante para alguém. É esse fragmento do tempo chamado fotografia que salva a memória da morte ou do esquecimento. Uma foto é, hoje, nessa realidade hiperdimensionada da Internet, o modo de comunicação em massa mais eficiente. Há outro contexto na contemporaneidade para a reflexão sobre o estudo da Comunicação nos meios digitais: o conteúdo da informação visual, que é tão importante quanto a forma de fazê-lo chegar ao público-alvo.
Para entender o presente é preciso estudar o passado. Assim, o exemplo apresentado neste artigo é o da fotografia histórica intitulada "Raising The Flag on Iwo Jima", feita por Joe Rosenthal no dia 23 de fevereiro de 1945. Essa imagem mostra cinco fuzileiros navais norte-americanos e um paramédico da Marinha dos Estados Unidos fixando a bandeira dos EUA no topo do Monte Suribachi, no momento da conquista durante a batalha de Iwo Jima (Segunda Guerra Mundial). A foto foi feita ainda no calor da batalha, que matou três dos seis soldados que fixam a bandeira: Franlin Sousley, Harlon Block e Michael Strank.
Após o registro fotográfico, ainda no teatro da guerra, o negativo foi levado para ser revelado longe da ação e, em seguida, enviado, via radiofoto, para os Estados Unidos. Os editores dos meios impressos da época logo perceberam a força comunicativa do fragmento temporal feito por Rosenthal, em que seis soldados lutavam para marcar a posição dos Estados Unidos na Segunda Grande Guerra. Na imagem, estão homens cujos rostos não são identificados. A foto trouxe à tona o discurso de jovens anônimos, que lutavam pelo "American Way of Life" em um país distante. Era o soldado anônimo: poderia ser o filho, o pai, o irmão ou o vizinho de qualquer cidadão norte-americano que tentasse entender a cena.
Logo, essa fotografia transformou-se em produto de propaganda dos EUA para arrecadar fundos para a guerra. Os três sobreviventes (John Bradley, Rene Gagnon e Ira Hayes) voltaram para os Estados Unidos como peças-chave dessa campanha de financiamento bélico. Além de sensibilizar toda uma nação, a foto de Rosenthal transcendeu como obra de arte, ao virar referência para a estátua de bronze Marine Corps War Memorial, construída pelo artista Felix de Weldon e instalada perto do Cemitério Nacional de Arlington, no Estado de Virgínia, não por acaso onde todos os heróis de guerra são enterrados.
É fato que a fotografia tem o poder de influenciar, modular, construir e desconstruir discursos ideológicos. A foto em questão tem mais de meio século e ajudou o governo norte-americano a manter política e financeiramente a Segunda Guerra Mundial. Tudo isso em um ambiente onde os meios de comunicação mais fortes eram o rádio, os jornais impressos e a televisão.
Para transportar o raciocínio sobre a importância da fotografia para a atualidade, há de se levar em consideração as mudanças ocorridas com a popularização dos smartphones e a conexão ininterrupta deles com a Internet. O telefone celular deixou de ser apenas o aparelho que realiza ligação de voz entre as pessoas. Ele passou a ter sua função extrapolada para além das telecomunicações, uma vez que possui câmera de vídeo e foto, e programas de edição, além de se conectar a uma variedade de redes sociais.
Esse aparelho móvel é o meio de comunicação mais forte, rápido e eficiente da atualidade. Num exercício hipotético, se Joe Rosenthal tivesse feito sua famosa foto com um telefone celular, a fotografia "Raising The Flag on Iwo Jima" seria compartilhada no Facebook ou no Instagram imediatamente, com alcance mundial praticamente instantâneo. Como se diz na linguagem de hoje: a foto de Rosenthal teria "viralizado"
A intenção deste texto é abrir para a reflexão sobre a importância da fotografia. Não podemos nos esquecer de destacar que a atual conjuntura prova que não há mais controle sobre a produção e a veiculação de qualquer informação no ambiente da rede. A fotografia pode ser feita por qualquer cidadão e enviada para qualquer pessoa que tenha um telefone celular conectado à Internet.
O desafio é maior para os fotógrafos profissionais, que precisam se destacar dentro de uma realidade em que "todos são fotógrafos". Cresce, também, a preocupação das instituições, as quais, em sua luta pela solidificação e preservação da própria imagem, devem educar seus funcionários sobre o código de comportamento nas redes sociais. O invariável é que a fotografia continua a ser o meio de comunicação de massa mais eficiente inventado pelo homem. Estamos todos, de alguma forma, conectados a ela.
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