A importância da memória
Em junho do corrente ano, completar-se-á oitenta anos de um dos maiores feitos das nossas Forças Armadas, em particular o Exército Brasileiro, tendo em vista o maior efetivo empregado: a participação heroica na II Guerra Mundial através da Força Expedicionária Brasileira (FEB).
Tal fato há que ser lembrado não apenas como uma efeméride, levando-se em consideração a importância do estudo da história para os líderes militares (MURRAY e SINNREICH, 2017), mas principalmente, para se refletir sobre a grandiosidade dos feitos em solo estrangeiro e o patriotismo pelo qual milhares de brasileiros lutaram por um ideal de liberdade e democracia contra os regimes totalitários dos países do Eixo.
A glória eterna
A Força Expedicionária Brasileira foi estruturada em 9 de agosto de 1943, através da Portaria Ministerial nº 4.744, constituída pela 1ª Divisão de Infantaria Expedicionária (1ª DIE) e por órgãos não-divisionários. Ao General João Batista Mascarenhas de Morais, incumbiu-se a nobre missão de comandar o único país latino-americano na II Guerra Mundial, enviando para o Teatro de Operações mais de 25 mil homens, dezenas de enfermeiras, um Grupo de Aviação de Caça e a Marinha, atuando na defesa do litoral.
A FEB foi enviada em cinco escalões para a Europa. O embarque do 1º Escalão para a Itália ocorreu na noite de 30 de junho para 1º de julho de 1944 no navio norte-americano General Mann, sob o comando do General Euclides Zenóbio da Costa, em uma leva de aproximadamente 5 mil homens, constituído de um regimento de infantaria (6º Regimento de Infantaria), um grupo de artilharia, uma companhia de engenharia e homens ligados aos setores de manutenção, saúde, polícia, Banco do Brasil e correio.
O 2º e o 3º Escalões embarcaram em 22 de setembro do mesmo ano. O 2º Escalão embarcou no navio General Mann, sob o comando do General Osvaldo Cordeiro de Farias e o 3º Escalão embarcou no navio General Meigs, sendo comandado pelo General Olímpio Falconière da Cunha. O 4º Escalão partiu em 23 de novembro no navio General Meigs, sendo chefiado pelo Coronel Mário Travassos e com um efetivo de aproximadamente 4.700 combatentes. O último Escalão atravessou o Atlântico em 8 de fevereiro de 1945, sob o comando do Tenente-Coronel Ibá Jobim Meireles, levando um efetivo de 5.082 homens.
A Força Aérea Brasileira (FAB) foi para a Itália no início de outubro, com um contingente de mais de 400 militares sob a chefia do Major Nero Moura, além de transportarem os médicos e enfermeiras para o front. Assim, a Força Expedicionária Brasileira foi constituída por uma única divisão, com um efetivo de 25.334 militares.
Já em solo italiano, o General Mascarenhas de Morais dirigiu a seguinte proclamação aos soldados brasileiros:
“Soldados do Brasil!
(...) Avante, pois! É o último esforço que o Brasil exige de nós. Tenhamos certeza do êxito, que depende exclusivamente de cada um dos soldados da FEB. A vitória decisiva já se faz anunciar. Ela, mais uma vez vô-lo digo, depende de cada um. Saibamos cumprir o nosso dever, único meio de podermos, cabeça alçada, chegada a Paz, retornar ao nosso País, tão querido, com a convicção firme e indiscutível de o haver servido com amor e desinteresse”. (CASTRO, 1995, p. 344)
Ao fim da guerra, em 8 de maio de 1945, com a vitória dos Aliados em todo o solo europeu, o Brasil deixou sepultados no cemitério de Pistóia, na Itália, 454 militares da nossa Força Expedicionária; e em 5 de outubro de 1960, as cinzas dos combatentes brasileiros, nossos “pracinhas”, foram transladadas para o Monumento Nacional dos Mortos da Segunda Guerra Mundial, localizado no aterro da Glória, na cidade do Rio de Janeiro.
Considerações finais
Dessa forma, prestes a completar-se oito décadas da participação da Força Expedicionária Brasileira no maior conflito armado do século XX, há que se lembrar do sacrifício e bravura daqueles que defenderam a nossa pátria, enfrentando os desafios logísticos da época, além do frio europeu e da saudade dos entes queridos. Cultuar e preservar a memória dos feitos dos nossos “pracinhas” é um ato de patriotismo e deve ser propagado aos jovens brasileiros e às futuras gerações.
Referências:
W.MURRAY; R.SINNREICH. O passado como prólogo: a importância da história para a profissão militar. Rio de Janeiro: BIBLIEX, 2017.
CASTRO, Therezinha de. História documental do Brasil. Rio de Janeiro: BIBLIEX, 1995.
ABREU, Alzira Alves de. Atlas Histórico do Brasil – FGV. 2023. Disponível em: https: //atlas.fgv.br/verbete/7792. Acesso em: 22 de fevereiro de 2024.
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