A chegada da família real portuguesa ao Rio de Janeiro, em março de 1808, fugida do Bloqueio Continental imposto pelo imperador francês Napoleão Bonaparte a toda Europa, proibindo os países de comercializar com a Inglaterra, simboliza a certidão de nascimento do Real Archivo Militar.
O príncipe regente Dom João, no intuito de controlar a vasta quantidade de documentos relacionados às suas colônias e à segurança do reino português, cria, em 7 de abril do mesmo ano, através de um Decreto Real, o Real Archivo Militar, com a finalidade de reunir e conservar todos as cartas marítimas e mapas topográficos do Brasil e dos domínios ultramarinos lusitanos; uma vez que toda a corte portuguesa, aproximadamente de 10 a 15 mil pessoas, passaram a residir na então colônia portuguesa, nosso Brasil.
Instalou-se inicialmente na Casa do Trem, atual Museu Histórico Nacional e, em 1822, por ocasião da Independência do Brasil, passou a denominar Archivo Militar. Em 8 de março de 1934, o Arquivo do Exército foi transformado em uma Organização Militar e somente em 5 de setembro de 1986 recebeu a denominação de Arquivo Histórico do Exército (AHEx).
Para fins de subordinação, o Arquivo Histórico do Exército está diretamente subordinado à Diretoria do Patrimônio Histórico e Cultural do Exército (DPHCEx); esta, ao Departamento de Educação e Cultura do Exército Brasileiro (DECEx).
Atualmente, o AHEx conta com quatro divisões em sua estrutura organizacional:
- A Divisão de Gestão Documental é a responsável pelo recebimento e consolidação das Listagens de Eliminação de Documentos (LED) de todas as OM do Exército Brasileiro, além de acompanhar a evolução da legislação e das normas em consonância ao Conselho Nacional de Arquivos (CONARQ) e da doutrina arquivística.
- A Divisão de Difusão e Acesso tem como missão conduzir as atividades relacionadas com o público interno e externo ao Exército, prestando serviços de apoio ao consulente, de pesquisa institucional, de apoio à educação e à cultura; realizando ainda pesquisas para emissão de documentos probatórios das OM, com base no acesso aos acervos do patrimônio destas, efetuando sua difusão de acordo com a legislação vigente.
- Já a Divisão de Guarda do Acervo é a responsável pela segurança dos documentos e fontes do patrimônio do AHEx, bem como as atividades relacionadas ao controle e guarda dos Registros Históricos das Organizações Militares (RHOM).
- A Divisão de Processamento Técnico tem a nobre missão de amenizar os efeitos da degradação dos acervos e conta com profissionais especializados para tal, realizando a análise do estado de conservação e acondicionamento dos documentos do acervo do Arquivo Histórico, através de metodologia científica de dados para sua higienização.
Dentre as fontes históricas do acervo do AHEx, podemos destacar algumas: Relatórios dos Ministros da Guerra (1832-1954), acervos sobre a Guerra do Paraguai, documentos da Missão Militar Francesa, vasto acervo sobre a Força Expedicionária Brasileira (FEB), acervo sobre a Missão de Paz em Suez (1956), além de um vasto acervo cartográfico de mais de 4 mil mapas e plantas do Brasil e outros países latinos como Argentina, Uruguai e Paraguai.
Nesse sentido, o Arquivo Histórico do Exército, ao longo de mais de duzentos anos, tornou-se uma organização de excelência na guarda e manutenção do acervo histórico e cultural não apenas da nossa Força Terrestre, contribuindo não apenas pela preservação da memória institucional do Exército Brasileiro, mas também do nosso próprio País. O AHEx é um patrimônio não só dos militares, mas também do Brasil e do mundo, acessível a todos os interessados em desvendar os caminhos da História.
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