Todas as sociedades são constituídas por diferentes corporações profissionais que, não raro, reúnem homens e mulheres extremamente dedicados a seus ofícios, trabalhando com competência e de forma destacada. Existe, no entanto, uma profissão diferenciada, na qual seus integrantes, ao nela ingressarem, comprometem-se voluntariamente a doar, se necessário for, seu bem jurídico tutelado mais valioso: a própria vida. Apenas por esse aspecto singular, a profissão militar revela-se diferente de todas as demais. Ao serem incorporados às fileiras do Exército Brasileiro (EB), todos os homens e mulheres – soldados, sargentos e oficiais – prestam o compromisso de defender a Pátria “com o sacrifício da própria vida”.
O Marechal Luiz Alves de Lima e Silva, o Duque de Caxias, viu sua carreira de chefe militar coroada por ocasião da Guerra da Tríplice Aliança, quando liderou a contraofensiva Aliada contra o Paraguai. No entanto, duas décadas antes, o chefe militar, recém-promovido ao generalato, já demonstrava sua capacidade de conduzir tropas em combate e seu domínio da arte da guerra ao debelar as duas revoltas deflagradas pelos liberais em 1842.
O dia era 22 de setembro de 1944; a bordo do navio “General Meigs”, 5.239 homens, a maioria integrantes do 11º Regimento de Infantaria (11º RI), se espremem na viagem de 14 dias para a travessia do Atlântico, infestado de submarinos alemães. Assim inicia a epopeia do 11º RI na 2ª Guerra Mundial, tendo seu ápice em 14 de abril de 1945, com o ataque à cidade de Montese, o combate em que a FEB mais perdeu homens em um único dia.
“Os espiões são os personagens centrais de uma guerra. Sobre eles repousa a capacidade de movimentação de um exército” (SUN TZU).
A literatura e o cinema ajudaram a cristalizar a percepção de que a boa inteligência é aquela que se baseia essencialmente na espionagem. Autores como Tom Clancy, Ian Fleming e Frederick Forsyth eternizaram personagens dotados de múltiplas qualidades, requeridas tanto para trabalhos de campo quanto para análise de informações. No mundo real, sabemos que isso raramente funciona. Bons analistas são dotados de atributos cognitivos que não têm a ver com a arriscada tarefa de garimpar dados brutos cuja qualidade é diretamente proporcional à periculosidade do ambiente em que estão diluídos. É o trabalho de análise dos dados, por sua vez, que resulta no assessoramento preciso ao tomador de decisão. Mas para que esse auxílio possa existir, é necessário que os fragmentos de informação cheguem ao analista.