Apesar de nos últimos anos o Brasil ter apresentado um crescimento econômico pouco expressivo, a abundância de recursos como energia, alimentos e matérias-primas é fator que contribui para um crescimento sustentado. Entretanto, nos anos de 2007 e 2008, a capacidade militar brasileira para defesa de suas riquezas estava em níveis muito baixos. Com um efetivo de cerca de 300.000 militares, as Forças Armadas eram praticamente estáticas e apresentavam dificuldades de manutenção do material obsoleto e de falta de treinamento adequado de seus quadros1.
A publicação Cenário de Defesa 2020-2039 – Sumário Executivo, do Ministério da Defesa – apresenta estudos sobre situações de ameaças e características dos conflitos do futuro que reforçam que as Forças Armadas do Brasil estão no caminho certo para o desenvolvimento de seus projetos estratégicos. O propósito é capacitar o País na defesa de sua soberania – palavra tão cara e de grande relevância para a sociedade brasileira nos dias atuais.
A transformação do Exército tem sido, ao longo da presente década, um importante norte para pensar, planejar e realizar o futuro da Força. A expressão tem sido utilizada em documentos nacionais orientadores de política, estratégia e doutrina. Contudo, ao longo de quase uma década, desde o início do processo de transformação, o que podemos aprender com a nossa experiência em perspectiva comparada?
Há quase duas décadas, o então Ministro da Defesa, Geraldo Quintão, declarou que a comunidade civil brasileira tinha perdido contato com a agenda de Defesa, em função da anestesia de 130 anos sem conflito armado com países vizinhos, da falta de inimigos evidentes e do fato de que o assunto tinha ficado restrito ao setor castrense nos governos militares.